O candidato Murilo Flores (PSB) abriu ontem a série de entrevistas promovida pelo Grupo RIC com os postulantes à Prefeitura de Florianópolis. Licenciado da Secretaria de Estado do Planejamento, Murilo apontou soluções para temas como saneamento, lixo, sistema previdenciário, mobilidade urbana e transporte coletivo.
Sobre a privatização da Comcap (Companhia de Melhoramentos da Capital), disse ser contra, e defendeu modernizar o serviço com mais tecnologia e logística. O candidato também é a favor de manter o contrato com a Casan (Companhia de Águas Catarinense) e a tomada das rédeas por parte do prefeito na gestão do serviço na cidade. “O equívoco é deixar com que a Casan decida o que deve ou não ser feito. A primeira coisa a fazer é exigir da Casan o cumprimento de um plano de metas claro com toda a sociedade sabendo”, argumentou.
O candidato ainda reforçou que o pedestre e o ciclista devem ser prioridade no planejamento urbano e disse ser contra a construção de uma quarta ponte na Capital, neste momento. Para Flores, o BRT, sistema de transporte coletivo de passageiros que inclui corredores exclusivos para os ônibus, “é a peça-chave na equação da mobilidade”. “Vai ser uma opção moderna, rápida, ágil, com qualidade para fazer a opção de deixar o carro em casa e optar pelo transporte público e eficiente”, afirmou.
Se eleito, qual será o grande desafio enquanto administrador público?
O primeiro grande problema de Florianópolis é essa crise acumulada, que resultou no deficit financeiro terrível. A primeira medida que deve ser tomada é a de apresentar essa situação para a sociedade. Os números são complicados e isso precisa estar claro, para não criar uma desilusão imediata por causa das dificuldades. As dificuldades precisam ser escalonadas num tempo e fazer o pagamento de passivos acumulados, principalmente na Comcap, que é onde pesa mais para fazer esse ajuste. Temos de buscar como o governo do Estado fez. Em meio a essa grande crise no Brasil, tem obra no Estado inteiro. É obter financiamentos de longo prazo, com juros mais baixos e que permitam retomar as expectativas da sociedade.
O senhor é a favor ou contra a privatização da Comcap?
Hoje é muito difícil privatizar a Comcap. A conta que existe é de R$ 160 milhões só de não recolhimento de INSS dos servidores. Privatizar não é o caminho, sugiro dois componentes. Um deles é modernizar, com tecnologia, e fazer com que ela seja operacionalmente melhor. E outro é o investimento em logística. É tão irracional trazer lixo do Continente para estação de transbordo do Itacorubi e levar para Biguaçu. São problemas de natureza operacional que precisam ser modificados, para dar mais eficiência e reduzir custos, que hoje são exagerados.
E quanto à Casan? Manter, romper ou reavaliar o contrato?
Esse é um assunto que conheço bastante. Quando fui presidente da Fatma [Fundação do Meio Ambiente], fui responsável por uma autuação por causa das estações de tratamento de efluentes que estavam mal administradas na Grande Florianópolis. No primeiro momento, o prefeito precisa negociar com a Casan. O prefeito é o responsável pela política de saneamento, e não a Casan. O equívoco é deixar com que a Casan decida o que deve ou não ser feito. A primeira coisa a fazer é exigir da Casan o cumprimento de um plano de metas claro com toda a sociedade sabendo. Segundo, obrigar a Casan aplicar tecnologia alternativa ao que ela usa hoje. Em algumas regiões da nossa cidade, exige-se tecnologia porque o sistema tradicional de tratamento de grandes estações é inviável financeiramente. Por fim, fazer a Vigilância Sanitária municipal agir. Tem lugares que tem rede, mas não há ligação. A Casan não tem competência para obrigar a ligar. É a Vigilância Sanitária que tem. Acima de tudo, é preciso comando por parte do prefeito. Se em dois anos não melhorar, tem que partir para uma alternativa.
Qual sua proposta para a integração dos transportes?
Eu estava acompanhando muito de perto a questão do BRT. É a peça chave na equação mobilidade. Será uma opção moderna, rápida, com qualidade, para deixar o carro em casa e usar o transporte público. Em segundo, todas as cidades da Grande Florianópolis terão de fazer ajustes de tal forma que as atuais empresas ou novas licitações sejam alimentadores do BRT e do transporte marítimo. O ruim é a distância entre os pontos que podem ser feitos terminal marítimo e a cidade.
Leia na íntegra em Notícias do Dia Online, 29/08/2016.
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