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A magia do Sul da Ilha

O extremo Sul revela a tradição açoriana em um dos cenários mais preservados da Capital

Tradição, tranquilidade, gastronomia requintada e uma pitada de magia formam o cenário no qual os visitantes são envolvidos ao chegar ao extremo Sul da Ilha. No sudoeste de Florianópolis, o Ribeirão da Ilha é uma das comunidades mais antigas da cidade. O entorno é tão interessante quanto a sede do distrito. Da Praia de Naufragados até a Tapera, aquele pedacinho de terra espelha o passado colonial, as crenças e a exploração do mar característicos dos manezinhos.

É fácil se encontrar no Ribeirão. A única via que corta o bairro leva o visitante para o sossego que seduz à primeira vista. No fim do caminho, uma trilha conduz à Praia de Naufragados, cuja beleza é preservada pelo acesso difícil e irregular mata adentro.

Em um dos cantos da praia, fica o farol que orienta os barcos na entrada da Baía Sul, protegida pela centenária Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição de Araçatuba.

O Distrito do Ribeirão é o berço da ocupação da cidade. Recebeu o primeiro povoado europeu no começo do século 16, quando os espanhóis se fixaram na região. Até então, os índios carijós eram os únicos habitantes, e os navegadores usavam a Ilha como um entreposto para a exploração do Atlântico Sul.

– Os espanhóis começaram a morar aqui no Ribeirão a partir de 1515. Portanto, é o sítio humano mais antigo da Ilha de Santa Catarina – explica o professor e pesquisador Nereu do Vale Pereira.

A colonização açoriana começou por volta de 1750, com a fundação da Freguesia de Nossa Senhora da Lapa do Ribeirão da Ilha. A igreja centenária em homenagem à santa continua de pé, mas interditada por falta de manutenção. Já as características de urbanização dos colonizadores portugueses sobreviveu ao tempo. Das vilas açorianas no sul do país, é a que melhor conserva a originalidade colonial.

Junto com os colonizadores vieram as lendas das bruxas. A escritora Neidi Rodrigues conta que algumas mulheres açorianas usavam ervas para curar doenças. Ao chegar no Ribeirão, as portuguesas entraram em conflito com as índias pelo controle do poder da “bruxaria”.

Outra marca da região é o cultivo das ostras que, nos últimos anos, se tornou importante atividade econômica da região.

(Rafael Paulo, DC, 23/01/2009)

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