A quatro meses do início da temporada de verão em Florianópolis, os diferentes setores responsáveis pelo planejamento do melhor período econômico e turístico da Capital se traçam metas e projetam melhorias para quem visita e mora na cidade neste período. Entre os problemas mais evidentes estão a mobilidade urbana e a falta de água, luz e fiscalizações. Em conjunto com entidades, a prefeitura promete priorizar e intensificar os trabalhos dos principais gargalos durante a temporada.
A secretária de Turismo da Capital, Maria Cláudia Evangelista, diz que é impossível evitar o impacto na vida das pessoas durante o verão, mas que o trabalho deve ser feito no sentido de criar estratégias para minimizar este impacto. “As demandas de serviços existem no mundo inteiro durante as altas temporadas. Alguns problemas a gente soluciona, outros a gente minimiza”, avalia.
Na manhã de ontem, cerca de 60 pessoas se reuniram para dar início à Operação Presença, que é formada por 70 entidades de diferentes setores para planejar e coordenar as ações. A partir de setembro, representantes da prefeitura se reúnem separadamente com quatro eixos diferentes para planejar o que será feito nas áreas de infraestrutura, serviços e equipamentos turísticos, cultura e lazer e sustentabilidade.
A falta de água, um dos piores problemas da temporada 2013/2014, em especial no Norte da Ilha, entre o Natal e o Ano-Novo, é uma das maiores preocupações. A longo prazo, três obras estão previstas no setor de tratamento de água e saneamento na Grande Florianópolis para os próximos cinco anos: a ampliação da ETA (Estação de Tratamento de Água) do Morro dos Quadros, em Palhoça, e duas adutoras que trarão esta água para a Ilha.
Por meio da assessoria de imprensa, a Casan informou que não irá se manifestar agora sobre as obras e o planejamento previsto para esta temporada. Uma estratégia está sendo montada a partir das demandas coletadas na reunião de ontem da Operação Presença. Técnicos da companhia estudam alternativas, e a partir de setembro trarão uma definição sobre o planejamento e as soluções para um serviço melhor ainda nesta temporada. (Colaborou Elaine Stepanski)
Mobilidade e obras
Problema constante durante o ano inteiro, e agravado durante a alta temporada, a mobilidade urbana é um desafio aos órgãos que trabalham com trânsito e segurança pública. Segundo a secretária de Turismo Maria Cláudia Evangelista, os principais gargalos de trânsito no verão ficam concentrados na Lagoa da Conceição e no Sul da Ilha. Mas, de acordo com ela, é possível aliviar o fluxo com ações planejadas de atendimento ao trânsito com operações integradas da Polícia Militar, Guarda Municipal e Polícia Rodoviária Federal.
No Norte da Ilha, a obra de duplicação da SC-403, prometida para ficar pronta até este verão, foi adiada por conta da rescisão do contrato entre governo e Espaço Aberto. A empresa que assumiu os trabalhos em julho prevê que a obra seja concluída em julho de 2015.
Proprietário há 12 anos da Floricultura São João, na SC-403, João Nadir Orliczeck já sente na pele – e no bolso – os prejuízos da obra que demora a avançar. Segundo ele, desde que houve a mudança na empresa que executa a duplicação, as obras passaram a evoluir de maneira significativa, mas ele está consciente de que o pior ainda está por vir. “A obra está andando, mas sei que daqui a pouco, quando chegar aqui na frente, ficará tudo parado. Já percebemos uma queda no movimento, as mulheres têm até medo de parar o carro aqui”, diz.
Prevendo uma diminuição ainda maior no faturamento quando as máquinas avançarem mais alguns metros para iniciar o trabalho em frente ao estabelecimento – o que deve acontecer durante a temporada –, ele já se antecipou para não ficar com as contas no vermelho. “Agora estou abrindo mais duas lojas em Ingleses, porque não posso ficar no prejuízo”, reitera. A previsão de João Nadir é de que o movimento na floricultura caia em até 60% nos próximos meses. “Isso sem falar no pó, tenho que limpar tudo isso todos os dias”, diz, apontando para os vasos brancos empilhados junto às plantas.
Segurança pública
A falta de efetivo é o principal problema apontado pelos órgãos de segurança para intensificar fiscalizações e operações específicas. Segundo Jean Carlos Cardoso, diretor da Guarda Municipal, dos147 guardas contratados, cerca de 100 estão na ativa, prestando serviços de segurança para toda a cidade. “O ideal seriam mais guardas na rua, especialmente no verão. Nosso principal objetivo agora é planejar de que forma vamos trabalhar na alta temporada, traçar metas e cumpri-las”, explica. Um concurso para a contratação de novos guardas estaria previsto para o próximo ano para iniciarem os trabalhos apenas para a temporada de verão 2016.
Para Fernando Magalhães, chefe de operações da Polícia Rodoviária Federal, a falta de efetivo também compromete o trabalho da PRF, mas até o fim do ano ele calcula que 140 novos policiais devem chegar para reforçar a equipe. “Temos que cuidar da entrada de estrangeiros em Santa Catarina e fazer o patrulhamento rodoviário de todo o eixo. Vamos trabalhar em conjunto com a ANTT e o Dnit na fiscalização de ônibus e vans de turismo que chegam ao Estado. São problemas com documentação, excesso de velocidade e acidentes que, geralmente, são os mais graves”, diz.
Serviços básicos nas praias e fiscalizações
A falta de banheiros e chuveiros nas praias é reclamação constante de quem frequenta os balneários. Na última temporada, a prefeitura disponibilizou 200 banheiros públicos em 18 praias, número que será ampliado para o próximo verão. “Faremos deques de banheiros ampliados, com uma nova formatação, e acrescentaremos lavatórios e fraldários. Foi uma ação bem-sucedida, que irá se repetir”, diz a secretária Maria Cláudia Evangelista.
Já a falta de chuveiros deverá ser solucionada para o próximo verão. A Sesp (Secretaria de Serviços Públicos de Florianópolis) faz o levantamento dos chuveiros existentes e faltantes nas praias, para ainda este ano abrir licitação.
Outra responsabilidade da Sesp que foi precária no último verão e deverá ser intensificada, é a fiscalização de ambulantes nas praias. No início deste ano, a dificuldade era grande em diferenciar quais ambulantes eram autorizados a trabalhar nas praias pela prefeitura e quais estavam ali ilegalmente. Além dos ambulantes, as fiscalizações da vigilância sanitária e de alvarás também deverão ser intensificadas.
A Comcap prevê melhorias no sistema de coleta para melhor atender aos usuários durante a alta temporada. No Norte da Ilha, a principal mudança está na transferência da saída dos roteiros de coleta (que hoje fica no Estreito) para a base operacional do Norte, economizando tempo e esforço dos garis e reduzindo custos operacionais. Essa descentralização deve proporcionar uma economia anual de R$ 1 milhão para a Comcap, ou seja, 25% dos custos totais de coleta para a região.
De acordo com o presidente da Comcap, Acácio Garibaldi, para a limpeza da orla de Florianópolis, serão comprados mais quatro quadriciclos para a limpeza das lixeiras, que são usados principalmente à noite para que as praias amanheçam limpas. Também serão instaladas 500 novas lixeiras na orla (ano passado foram 150) e ampliados os espaços de reservatório dos sacos de limpeza pública para que não fiquem expostos na orla.
Energia elétrica
De novembro a abril, a Celesc dobra o número de equipes de eletricistas que trabalham, principalmente, no litoral, e também reforça a equipe de atendimento comercial. Para facilitar e evitar demoras no atendimento, haverá pontos estratégicos, como no Norte da Ilha, e a instalação de transformadores móveis aumentará a capacidade de transformação das subestações mais importantes. Na última temporada, foi investido R$ 1,7 milhão para a ampliação das equipes e, para o próximo verão, a Celesc avalia quanto a mais será necessário de investimento para suprir a demanda.
Um projeto para substituir os transformadores atuais em pontos estratégicos por outros de maior carga está em andamento, com o objetivo de reduzir o número de ocorrências e melhorar o fornecimento de energia. Também está em andamento a construção de um novo alimentador subterrâneo na região central de Florianópolis, na Agronômica, e, até 2017 serão instalados mais de 350 religadores nas redes da Grande Florianópolis.
A maior expectativa é para a implantação de uma nova subestação no bairro Ingleses, com investimento de R$ 6,5 milhões. O início das obras será apenas em 2015. O plano de investimento da Celesc previsto para Florianópolis em obras de baixa, média e alta tensão é de R$ 114,9 milhões, dos quais 50% foram efetivados.
(Notícias do Dia Online, 06/08/2014)
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