O centro de visitação do Parque da Serra do Tabuleiro, na região da baixada do Maciambu em Palhoça está fechado há mais de seis meses e por enquanto sem previsão para abertura. No fim do ano passado terminou o contrato com a ONG Caipora (Cooperativa para Conservação da Natureza) que administrava Parque e desde então a Fatma (Fundação do Meio Ambiente) não contratou nenhuma outra instituição ou novos funcionários. Como a área é aberta o Parque já recebeu visitantes inesperados que tentaram arrombar uma das edificações. A Polícia Ambiental que fica em frente à sede auxilia os visitantes desavisados informando que está fechado e que seriam necessários monitores para acompanhar a visita.
É a maior unidade de conservação do Estado e no local além das trilhas eram oferecidas oficinas e palestras. Pela sua diversidade o Parque, que é tombado pela Unesco como Zona Núcleo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, é também um rico campo de pesquisas para dezenas de especialistas e estudantes universitários.
O local recebia centenas de visitantes semanalmente entre turistas, turmas escolares e universidades que realizam projetos especiais com estudantes dentro do Parque. Porém quem chega hoje ao local nem sempre encontra alguém para dar informações. O blog e a página do Parque no Facebook que eram inclusive ferramentas de pesquisa sobre as ações realizadas no Parque tiveram as últimas atualizações no fim do ano passado, quando a Caipora deixou o Parque.
Apesar de estar fechado o Parque continua bem conservado e organizado. A chefe do Parque Morgana Eltz Henrich ainda trabalha no local, mas com demandas internas. Toda a área onde eram realizadas palestras e oficinas está de portas fechadas. Como ainda há um contrato de manutenção e zeladoria vigente o Parque não está abandonado. Os servidores que faziam o trabalho antes se aposentaram e sem a cooperativa não há outros funcionários, além da chefe do Parque.
Reunião com a nova diretoria pode definir o futuro do Parque
Morgana explica que a Fatma já tem o processo de seleção pronto, mas ainda não foi lançado. A instituição mudou a forma de contratação, antes podia ser por ONG, mas agora só poderá ser por Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) para trabalhar em uma cogestão como Estado, por isso a Caipora não poderia ser recontratada. “Eu esperava que no início de julho já tivesse funcionando, mas depende de uma série de documentos, recursos e autorizações que dependem de outros órgãos do governo também. Mas com a nova diretoria acredito que vamos conseguir encaminhar isso, dar continuidade aos processos parados, à reforma e à reabertura para voltar a trabalhar com mais abrangência”, disse. Ela explicou que uma reunião com a nova diretoria esta semana deverá definir sobre as direções para o Parque.
Além disso, a chefe diz que o Parque também precisa de reforma porque a estrutura de quase 14 anos está desgastada e também de mais sinalização e outras medidas que fomentem a visitação no local. Sem monitoramento aos fins de semana ela diz que fica mesmo difícil fazer o controle de quem entra ou sai no Parque. “Com a abertura para os visitantes aos fins de semana isso não acontecia”, afirma.
Escolas aguardam reabertura para dar continuidade aos projetos
A diretora da Escola Estadual Padre Vicente Ferreira Cordeiro na comunidade da Pinheira, Ana Maria Silva costumava levar de 300 a 350 alunos por semestre no Parque para trabalhar projetos interdisciplinares de sustentabilidade na prática. “Nada melhor do que essa estrutura aqui perto para que posamos ver na prática o que ensinamos em sala. Isso faz muita diferença”, disse.
Este ano eles não realizaram nenhum projeto mas antes das férias Ana tentará entrar em contato com a instituição para saber se poderá planejar algo pro próximo semestres: “São trabalhadas disciplinas que integram biologia, geografia e ate matemática. Com certeza é uma ferramenta importante no aprendizado que não queremos perder”.
O atual diretor de proteção de ecossistemas da Fatma, tenente-coronel Márcio Luiz Alves, antigo chefe do Parque do Rio Vermelho, assumiu o cargo há uma semana e disse que já tem uma reunião marcada com os gestores de todos os Parques hoje e partir daí poderá conhecer melhor as dificuldades e corrigir o que tem necessidade.
A ideia dele é reproduzir a experiência do Parque do Rio Vermelho, em Florianópolis, em todos os outros parques estaduais respeitando a características de cada um. Segundo ele o grande problema pode ter sido deixar o contrato vencer sem ter outra instituição pronta para atuar. Porém, o diretor também reconhece que nem sempre é possível evitar isso porque as OSCIPS geralmente são contratadas por um curto período e quando começam a trabalhar se inteira de fato no local já tem que pensar em um novo contrato.
Uma possibilidade seria antecipar essa renovação. “Com essa reunião consigo ter um diagnóstico melhor. Até semana passada eu era chefe somente do Parque do Rio Vermelho. Não tenho como afirmar o que houve exatamente nesta área. O que eu sei é que nem sempre esse processo de renovação é fácil, mas acredito que é possível sim reabrir, mas tem que ser com qualidade, a exemplo do que fizemos em Florianópolis”, afirmou Alves.
(Notícias do Dia Online, 10/07/2014)
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