O 2º Fórum do Livro e da Leitura reuniu pessoas que se interessam por livros, pela literatura e por bibliotecas, mas, principalmente, proporcionou o encontro apaixonados pela leitura. ONGs, bibliotecários, empresas privadas e entidades do governo debateram meios de criar o Plano do Livro e da Leitura para Santa Catarina. O encontro ocorreu no cinema do Centro Integrado de Cultura (CIC), em Florianópolis, durante todo o dia.
Os participantes, que vieram de todas as regiões do estado, mostraram exemplos do que estão fazendo em suas cidades para estimular a leitura: conotação de história, barca da leitura, concurso de poesias e de contos, entre outras tantas iniciativas. E esse tipo de ação realmente é necessária.
Segundo dados da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada pelo Instituto Pró-Livro e divulgada em 2012, o sul do país está lendo menos. Em 2007, eram lidos, em média, 5,5 livros por pessoa por ano. Em 2011, este número reduziu para 4,1 livros ao ano, em média. Ainda de acordo com o estudo, quanto mais escolarizado é o cidadão brasileiro, mais ele lê. Aqueles que têm nível superior, por exemplo, em 2011 liam em média 7,7 livros por ano, enquanto o cidadão com apenas o quarto ano de escolaridade lia 2,5 livros por ano.
“Cada uma destas entidades, cada uma dessas pessoas que está aqui conosco hoje, da sua maneira, contribui de algum jeito para melhorar estes índices. Este fórum foi mais um passo dado. O evento agora é permanente, representativo, e vai mobilizar mais pessoas nos fóruns regionais e municipais, mas sabemos que ainda há muitos desafios pela frente”, explica o coordenador do encontro, o professor e sociólogo José Paulo Teixeira.
Bibliotecas
Apenas 24% dos moradores de Santa Catarina frequentam as bibliotecas públicas, que estão disponíveis em 289 dos 295 municípios. Deste número, 70% são estudantes. Pesquisa feita com não frequentadores perguntou o que os faria começar a ir até estes espaços. Para 20% dos entrevistados, o local teria de dispor de mais livros novos; 17% gostariam que a biblioteca ficasse mais perto de casa; 13% disseram que iriam mais se o local oferecesse mais títulos interessantes.
Atividades culturais e eventos foram as respostas de 11% dos pesquisados e acesso à internet as de outros 10%. Oito por cento das pessoas disseram que os horários de funcionamento dos espaços precisariam ser ampliados, enquanto 5% gostariam que os espaços de leitura fossem mais parecidos com livrarias.
“O incrível é ter de conviver com números como estes: no sul do país, o número de empréstimos de livros é em média, de 351 por mês nas bibliotecas públicas. Só perdemos para o sudeste, que empresta 421 obras, em média. Mas é um número baixo”, constata José Paulo Speck Teixeira, bibliotecário da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e secretário-executivo do fórum.
Inclusão
Em palestra durante a tarde, a psicóloga Ana Paula Silva, da Fundação Dorina Nowill para Cegos falou sobre as práticas de leitura inclusiva para as pessoas com deficiência visual e apresentou o cenário, os avanços e os desafios no Brasil.
Segundo ela, no país são 500 mil pessoas com cegueira e outras 6 milhões com baixa visão. “Importante destacar que estas pessoas que têm muito mais dificuldade de acesso aos livros leem uma média de nove livros ao ano. E tenho certeza de que estes índices ainda vão melhorar, porque nunca deixamos de lutar por isso e de incentivar”, explica a psicóloga.
Literatura
Jornalista e amante da literatura, o paulista Manuel da Costa Pinto participou de um bate-papo para falar sobre a paixão e o trabalho com literatura, que o levaram a ser o curador da participação brasileira na Feira de Frankfurt, na Alemanha, em 2013.
Ele estudou jornalismo porque queria trabalhar com literatura. E conseguiu. Seu trabalho o levou a ser curador do Salão de Ideias da Bienal do Livro, da Feira Literária Internacional de Paraty (Flip), e, por último, do evento na Europa, considerado o maior do mercado editorial do mundo. Tudo isso sem deixar o trabalho como colunista da Folha de S. Paulo e na TV Cultura.
Para o escritor, que concluiu mestrado em teoria literária, não há uma fórmula de como fazer as pessoas passarem a se interessar pela literatura, mas ele acredita que um primeiro passo possa ser a mudança no currículo escolar. “Precisamos pensar em autores mais acessíveis como um primeiro acesso à leitura. Devíamos aproveitar o talento do gênio Luiz Fernando Veríssimo e leva-lo à escola. O currículo no Brasil e mal pensado”, considera.
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