Depois da realização do Painel RBS promovido quarta-feira, na sede da Federação das Indústrias do Estado (Fiesc), o turismo como atividade econômica em Santa Catarina certamente será encarado de forma diferente – e, por suposto, melhor informada – por autoridades e investidores. As idéias e sugestões lançadas ao plenário, lotado e participante, pelo convidado especial do evento, presidente do Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC), o francês Jean-Claude Baumgarten, sugeriram uma nova maneira de olhar e de “praticar” turismo no Estado. Algumas dessas idéias são muito simples e, para que sejam concretizadas, dependem não tanto de investimentos, mas de decisões políticas e planejamento adequado. Um dos maiores desafios ao planejamento do turismo como atividade econômica é a definição de diferenciais que explorem, criteriosamente, as potencialidades locais, lembrou Baumgarten, acrescentando que, no caso de Santa Catarina, uma boa alternativa seria a definição de políticas e investimentos de estímulo aos esportes náuticos e à instalação de marinas, empreendimentos que, até hoje, esbarram em uma série de entraves burocráticos.
De fato, para construir um ambiente que acelere e atualize o desenvolvimento do setor em Santa Catarina, que tem todos os “ingredientes” essenciais para se transformar em um dos mais bem-sucedidos pólos turísticos de nível internacional – um dos mais belos litorais do planeta, serranias, campos e paisagens surpreendentes, rica herança cultural herdada das diversas etnias que confluíram para formar a identidade catarinense etc. – , é necessária uma abordagem de trabalho conjunto entre a iniciativa privada e o poder público. Não há como negar a vocação turística da terra e do povo catarinenses. Todos a conhecemos há muito tempo. E largos passos já foram dados concretizá-la.
Nos últimos 20 anos, o setor percorreu várias etapas, do turismo de massa, concentrado no Litoral durante o Verão, desorganizado e com a marca da improvisação, que deixou feridas que até hoje não cicatrizaram no patrimônio natural, até o atual estágio, que é de profissionalização e de busca pelo turismo de qualidade, que exige mais investimentos em infra-estrutura e serviços. Mas é preciso fazer mais e melhor, e sempre em harmonia com o ambiente. O presidente da WTTC sublinha este mandamento: “Quando destruímos o ambiente, destruímos o nosso negócio…” O Painel RBS obteve repercussão positiva, acima das expectativas mais otimistas, junto às autoridades e empreendedores catarinenses. Trouxe uma nova maneira de encarar o setor, abriu janelas, e certamente ficará entre o antes e o depois sempre que se pensar Santa Catarina em termos de turismo, um negócio que já representa 10% do PIB mundial, e 6,2% do brasileiro.
(Editorial, DC, 08/06/2006)
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