Únicas ligações entre Ilha e Continente, as pontes Pedro Ivo Campos e Colombo Salles estão sendo inspecionadas por técnicos de uma empresa de Minas Gerais, 17 meses após a previsão divulgada pelo Deinfra (Departamento Estadual de Infraestrutura). Prazo insignificante diante da histórica falta de cuidado com as edificações.
A quase quarentona Colombo Salles, por exemplo, foi inaugurada em 1975 e recebeu a única vistoria em 2003, quando a explosão de um exaustor de energia implantado numa das suas galerias deixou Florianópolis no escuro por três dias. Já a Pedro Ivo, aberta para tráfego em 1991, nunca foi avaliada e opera com fluxo de trânsito cinco vezes maior que sua capacidade arquitetônica sobre pilastras quebradas e ferros corroídos. Ambas as pontes foram concebidas para um fluxo de 40 mil veículos por dia, porém passam por esse trajeto diariamente mais de 170 mil veículos.
O consórcio que venceu a licitação é Pontes Sul. Durante cinco meses, os especialistas irão analisar as pontes tal qual a anatomia do corpo humano. Vão verificar as patologias do concreto com equipamentos de raio-X e ressonância magnética e enviar para laboratoristas apresentarem o diagnóstico final.
O trabalho começa com a ronda dos mergulhadores. Em seguida, peritos em fundações, estruturas de concreto, metálicas, de pavimento e concreto armado registram os pareceres. O laudo custou aos cofres públicos R$ 1,49 milhão. A inspeção nas pontes foi adiada anteriormente por falta de recursos, explica o Deinfra.
Em fevereiro deste ano, parte da estrutura da Colombo Salles caiu nas águas da baía Sul. Uma operação tapa-buraco amenizou a situação duas semanas depois. Mas, embora o Deinfra negue a possibilidade de risco no local, ela existe. Por este motivo a travessia para pedestres nunca mais foi liberada. O embargo foi há 20 anos.
Reformas ainda não estão previstas
Paulo Meller, presidente do Deinfra, compara a estrutura das pontes com seu próprio corpo, para empregar a analogia de que depois de certa idade todos precisam de um check-up, inclusive objetos inanimados. “Assim como as pessoas precisam de um check-up, as pontes também precisam, para diagnosticarem suas doenças”, disse.
Além da inspeção, caberá à empresa mineira sugerir o tratamento das edificações. As soluções que não têm data para sair do papel e por isso representam uma avalanche financeira. A postergação das manutenções só acresce o custo das futuras reformas.
As últimas revitalizações das pontes não foram estruturais. Em julho, a Prefeitura de Florianópolis instalou 120 postes com lâmpadas LED, com a intenção de reduzir 48% da energia do local, a um custo de R$ 1,6 milhão para o município.
Passo a passo
– Serão cinco meses de vistoria
– Ronda dos mergulhadores
– Análise dos peritos em estruturas de concreto, metálicas, de pavimento e de concreto armado
– Verificações simultâneas das patologias do concreto com equipamentos de raio-X e ressonância magnética
– Análise laboratoriais
– Diagnóstico final
(ND, 16/08/2013)