Dia 23 de março de 2004, aniversário da cidade, foi assinado à ordem de serviço que autorizava o início da construção da Beira-mar Continental de Florianópolis. As obras começaram em agosto desse ano. Em seguida foi embargada, a pedido do Ministério Público. Os trabalhos recomeçaram em março de 2005. E de lá para cá continua no processo de adensamento (Acomodação do solo).
Nesta sexta-feira, 6 de junho, alguns moradores da região falaram sobre o assunto. Eles criticaram a falta de atendimento, por parte da prefeitura, sobre as reivindicações feitas pela comunidade.
Ismael Costa trabalha há 2 anos, numa loja de tintas, situada na Rua Heitor Brum, 7, próximo ao local. Costa afirmou que por causa da obra o local ficou suscetível a enchentes. Mostrou várias rachaduras nas paredes da loja, que segundo ele também ocorrem por causa da construção. “No local também passa uma galeria com esgoto, trazendo mau cheiro para a região, disse.
Fábio Silveira, proprietário da autopeça Estrela, mostrou as rachaduras no edifício, segundo ele, a obra foi responsável pelos problemas estruturais no edifício, inclusive a laje do prédio cedeu, acontecendo o rebaixamento da laje do imóvel. “Esses drenos colocados na areia para adensar o terreno podem ter colocado em risco essas edificações”, diz Silveira.
O Presidente da Associação dos Pescadores Artesanais da Ponta do Leal, Elder Mangrich Ferreira concordou que a obra vai trazer benefícios à comunidade, mas ficou preocupado com a situação dos pescadores que dependem da atividade para sobreviver.
“Por várias vezes visitamos a prefeitura, nos prometeram construir um canal para os barcos saírem para pescar, e já aguardamos isso há dois anos. Existiam também os barracões para guardar nossos barcos, que foram retirados para a construção desta obra e continuamos aguardando a reconstrução. Eles não têm dinheiro para construir isso, mas neste final de semana vão patrocinar o evento Arena Cross”, comentou o pescador.
O engenheiro Fiscal da prefeitura de Florianópolis Maurício Santos Largura informou que a obra continua em fase de conclusão do adensamento (Acomodação do solo). Já está no cronograma das obras a construção de 22 barracões para os pescadores. Sobre a construção de um canal para a passagem de barcos, segundo ele como eram embarcações pequenas não foi viável a realização deste projeto. “Sobre as rachaduras comentadas pelos entrevistados, até hoje ninguém entrou com pedidos de indenização junto à prefeitura. Talvez esses moradores não efetuaram estas reclamações na justiça porque não pagam IPTU e outros ainda têm construções ilegais”, disse o engenheiro fiscal. Santos Largura afirmou que não há nenhum problema com o solo, como afirmaram outros entrevistados.
O projeto da Beira-mar Continental de Florianópolis inclui o aterro de 180 mil metros quadrados. A construção de duas pistas asfaltadas de duplo sentido, numa extensão de 1, 6 quilômetro e 11,4 metros de largura, ligando a Ponte Colombo Salles à Rua Machado de Assis. Em única direção e com duas pistas, o outro trecho unirá a Rua Machado de Assis à Ponta do Leal, com 2, 4 quilômetros de extensão e igualmente 11,4 metros de largura.
Será construído 1 quilômetro de acesso às vias perpendiculares na região. Outra projeção prevista é uma ciclovia de 2 quilômetros de extensão e com largura de 2,8 metros. Além disso, haverá cerca de 10.200 metros quadrados de estacionamento público em diversos pontos do Estreito, proporcionando vagas para 500 veículos. O custo da obra é de R$ 43 milhões 157 mil com recursos garantidos através de financiamento internacional via Fundo Financeiro para o Desenvolvimento da Bacia do Prata – Fonplata, que vai emprestar 80% do montante, enquanto que os outros 20% representam contrapartida da Prefeitura Municipal de Florianópolis. O empreendimento estava previsto, em 2005, para será finalizado em 36 meses.
No mês de setembro próximo termina o contrato com consórcio Sul Catarinense e Ster Engenharia Ltda. A informação foi repassada pela assessoria da secretaria de obras do município.
Mais informações: Secretaria de Obras de Florianópolis: (48) 3251-6161
(Jornal Metropolitano, 07/06/08)