O engenheiro Cláudio Ferreira ficou intrigado, na manhã de ontem, com o corte de árvores na 14a Brigada de Infantaria Motorizada, na rua Bocaiúva. Estava com a máquina fotográfica, mas não tinha filme. Foi até a casa dele e pegou um filme para registrar as imagens. Mais tarde se surpreendeu ao saber que o corte estava autorizado e fora sugerido pelos técnicos na Fundação Municipal do Meio Ambiente (Floram). Três árvores foram cortadas ontem na 14a Brigada. Duas eram de espécies exóticas e foram derrubadas porque estavam infestadas de cupins, podendo cair a qualquer momento. Nos tocos que sobraram dava para perceber o estado crítico das árvores. A outra era uma palmeira imperial que estava inclinada e poderia cair em cima da recepção do exército e da Casa do Barão.
De acordo com o relações públicas do Exército, tenente-coronel Eugênio Moretzsohn, os técnicos da Floram foram chamados para avaliar algumas manchas que haviam nas árvores. Eles disseram que aquilo era normal, mas fizeram uma avaliação nas plantas de todo o terreno. Verificaram que em duas árvores havia cupins e que a Palmeira Imperial estava muito inclinada. Sugeriram que ela fosse cortada porque as raízes não são profundas e um vento forte poderia derrubá-las.
O comandante da 14a Brigada, general Beraldo, já esperava a repercussão em torno do corte. Os porteiros dos prédios vizinhos e alguns pontos comercias foram avisados do que ocorreria. Durante a manhã de ontem, o relações públicas do exército ficou em frente da sede da brigada explicando os motivos e distribuindo a autorização 100/06 que a Floram tinha emitido.
No ano passado, durante um vendaval, uma árvore grande caiu em cima do refeitório e atingiu as mesas. Era fim da tarde e não havia ninguém no local. “É uma pena que tivemos que cortar a Palmeira Imperial, mas tínhamos que prevenir um acidente. Lembro que o exército é uma das instituições brasileiras que mais se preocupam com as questões do Meio Ambiente”, disse o comandante.
Trabalhos chamaram atenção de engenheiro
O engenheiro Cláudio Ferreira tem um carinho especial por árvores há bastante tempo e foi por isso que chamou a atenção dele o corte realizado nas dependências da 14a Brigada. No começo da década de 50, quando era secretário de Obras da Prefeitura e foi responsável pela construção da avenida Othon Gama D’Eça, deixou duas palmeiras imperiais em pé, apesar de ter orientação para cortá-las.
O prefeito na época era Acácio Garibaldi Santiago. Ele chegou até a obra e pediu para o engenheiro cortar os “coqueiros”. Ferreira disse ao prefeito que tinha de esperar um feriado para cortar a energia e derrubar as árvores. Na época da inauguração da avenida o prefeito chegou perto do engenheiro e disse: “Sacanagem, você não cortou os ‘coqueiros'”. As duas Palmeiras Imperiais ainda estão na avenida. Uma delas está na calçada e a outra entre a calcada e a rua. “Santiago foi um dos melhores prefeitos que Florianópolis já teve, mas não gostava de árvores”, disse Ferreira.
(Maurício Frighetto, A Notícia, 11/08/2006)
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