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Floripa com mel

(Por Sergio da Costa Ramos DC, 07/03/2013)

Em texto flambado pelo mel da simpatia, o colunista Ricardo Freire, do Estadão Viagem, revela um segredo do Estado e da Ilha:

“Santa Catarina recompensa os que esperam pelo fim do verão para visitar o Estado mais desejado do país. O outono é, historicamente, a época mais seca: em abril chove menos de 100 milímetros em Floripa, contra quase 200 milímetros em fevereiro. Os engarrafamentos diminuem na Capital e desaparecem em outros pontos do litoral. Quem não depende de férias escolares para viajar vai pegar dias quentes e noites frescas. Vá no começo de abril e você conseguirá pegar praia. Mas aproveite também a linda luz outonal…”

Ô Ricardo!? E era pra ter espalhado? De Minas Gerais para baixo, do cone sul para cima, todos os caminhos levam ao recortado litoral catarinense e à sua sedutora Capital, suas praias de areias finas e águas tépidas, úteros em cujo líquido amniótico todo mundo quer se banhar.

Fazer o quê? Ora, nem por estar Floripa assentada sobre uma ilha de 54 quilômetros de extensão por 18 de largura, podem achar que aqui cabe toda essa gente. A Ilha de Santa Catarina é uma ilhota como as do dodecaneso grego. Uma ilha como Santorini e Mykonos. Lá só podem entrar novos turistas se a população de recém-chegados estiver equilibrada. Só entram “tantos” turistas se outros “tantos” tiverem saído. Como em Fernando Noronha, nosso venerado santuário ecológico do Atlântico.

Mas como fazer esse controle sem ferir o princípio democrático do ir e vir? O problema é que a maioria só vem. E fica. Vai ficando. Nos últimos 20 anos, o aumento da população ilhoa tem beirado a delirante taxa de 6% ao ano, algo que nem Xangai, na China, experimentou. Em 1970, Floripa era uma adolescente de 140 mil habitantes. Hoje, oficialmente, tem 400 mil. Mas, considerada a região da Grande Floripa, a conta sobe facilmente para a casa do milhão.

Houve época em que a corte czarista ou o Kremlin de Stalin exigiam passaporte e autorização expressa para pessoas migrantes dentro da mãe Rússia. Não se quer para Floripa a mesma ditadura das estepes, mas nós, ilhéus, já sentimos um pouco de ciúme com essa invasão.

Começamos cada vez mais a compreender o proverbial mau humor dos parisienses quando aquela velhinha americana de chapéu florido pergunta ao parisién entediado:

– Onde fica a torre Eiffel? Os Invalides, a Bastilha?

Senhor colunista, acredite: Floripa só é bom no verão. Com engarrafamento…

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