O ano de 2007 pode ser apontado como um ano de transição para o aquecimento solar de água não somente no Brasil, mas em diversos países do mundo. Segundo pesquisa realizada durante a reunião da Convenção do Clima da ONU (UNFCCC) em Bali, que procurou avaliar as tecnologias disponíveis que inspiram mais confiança em sua capacidade de combater o aquecimento global, a solução com maior índice de aprovação na pesquisa foi o uso de energia solar para aquecimento de água (74%).
A IUCN ouviu mil integrantes de governos, de organizações não governamentais e do setor industrial de 105 países.” Os dados da pesquisa só comprovam a grande importância do aquecimento solar para o desenvolvimento mundial” , comenta Délcio Rodrigues, coordenador da iniciativa brasileira das Cidades Solares.
Segundo Carlos Faria Café, também coordenador da iniciativa cidades solares e diretor do DASOL-ABRAVA, o mercado de aquecimento solar em 2007 cresceu 31,9%. Em 2006 foram instalados 434 mil metros quadrados de coletores solares e em 2007 registrou-se a instalação de aproximadamente 573 mil metros quadrados. Somente no ano de 2007, foram economizados no Brasil com o aquecimento solar cerca de 620 Gwh , energia suficiente para abastecer 350.000 residências brasileiras consumindo cerca de 145 kWh por mês.
Os quase 730.000 domicílios brasileiros que já usam o aquecedor solar representam, entretanto, apenas 1,48% de todos os domicílios do país, uma penetração muito baixa se comparada com Israel, por exemplo, onde mais de 90% das casas usam o Sol para aquecer água. É importante dizer que cada vez mais o aquecimento solar faz sentido econômico para seus usuários, pois com os preços cada vez mais altos de eletricidade e do próprio gás, as economias de 60 a 80% que a tecnologia proporciona, reduzem o tempo de retorno do investimento para menos de 2 anos. Se todo o dinheiro economizado pelos usuários dos aquecedores solares, fosse depositado em uma única conta de banco, somente com as economias de 2007, a poupança atingiria valores da ordem de 295 milhões de reais, calcula Café.
Além das economias diretas obtidas pelos consumidores, os impactos econômicos podem ser extrapolados para todo o país. O aquecimento solar já economizou para o Brasil e seus cidadãos 1,94 bilhão de reais, recursos equivalentes e bem conservadores, necessários à construção de uma usina hidrelétrica de 645 MW.
Em 2007, estima-se que o setor tenha gerado cerca de 22.000 empregos diretos e indiretos, confirmando os últimos estudos mundiais que comprovaram que a tecnologia solar é a fonte de energia que mais gera empregos, diretos e indiretos, por unidade de energia. Para uma política de desenvolvimento no país, incentivar tecnologias emprego-intensivas como é o caso do aquecimento solar faz todo sentido, comenta Café.
Os números do mercado brasileiro de aquecimento solar são promissores, mas muito modestos quando comparados com os números de outros países. Somente em 2007, foram instalados na Alemanha, 940.000 metros quadrados de coletores solares e o país atingiu uma área total de 9,2 milhões de metros quadrados, quase 3 vezes mais que o Brasil. ( Dados da BSW- Associação Alemã de Energia Solar).
Fonte: Cidades Solares
(Carbono Brasil, 17/04/08)