Praticamente todos os estabelecimentos comerciais da rua Fúlvio Aducci, entre o Bradesco e a praça Nossa Senhora de Fátima, no Estreito, foram vítimas de criminosos nos últimos meses. Só em agosto, pelo menos dez estabelecimentos comerciais foram assaltados ou arrombados, alguns mais de uma vez. Sem terem mais a quem recorrer, os comerciantes decidiram usar o espaço público para divulgarem a insegurança, e resolveram espalhar painéis nos pontos de ônibus para chamar a atenção: “Precisamos nos unir contra os constantes assaltos aqui no Estreito. Polícia de Florianópolis, por favor nos ajude!”, dizem os anúncios.
O proprietário da casa lotérica na região, Claudinei Lopes, contou que em dois assaltos neste mês, no dia 5 e dia 17, amargou um prejuízo de cerca de R$ 10 mil. Foi o quarto assalto ao estabelecimento este ano, e pela mesma pessoa. “Ele chega de moto com o revolver na mão, manda todo mundo se afastar e leva todo o dinheiro”, disse Lopes. Na terça-feira da semana passada foi a vez da loja de caça e pesca. O ladrão usou um pé-de-cabra e outras ferramentas para estourar a porta do estoque. Dois dias depois foi a vez da pizzaria. “Eles entraram na pizzaria e além de roubar fizeram terrorismo com os donos e cliente. Quebraram mesas e cadeiras e ameaçaram todos”, contou um comerciante que não quis se identificar. A loja de caça e pesca já foi assaltada cinco vezes, disseram os funcionários.
Para Celso Lanzillotto, dono de uma padaria que já sofreu duas tentativas de assaltos, a solução é intensificar o policiamento nas ruas. “Não se vê a polícia por aqui. Já procuramos o batalhão e a resposta é sempre a mesma, de que não há efetivo o suficiente”, declarou Lanzillotto.
Falta de policiais nas ruas
Na quarta-feira da semana passada, a presença maciça de policiais nas esquinas da Fúlvio Aducci chamou a atenção dos comerciantes. Por algum momento eles até acharam que seus apelos tinham surtido efeito, mas o alívio terminou ao descobrirem que os PMs estavam ali, na verdade, fazendo guarda para soldados do exército que participavam de um evento na Beira-mar Continental. “É um absurdo, dizem que não existe contingente para atender a população do bairro, mas para fazerem guarda para o exército tem”, contou outro comerciante.
Segundo o subcomandante do 22º Batalhão da Polícia Militar, major Gílio de Oliviera, nos últimos 15 dias, as rondas na região foram intensificadas e nos relatórios da Polícia Militar as ocorrências na região diminuíram. “Uma comerciante nos procurou e atendemos ao pedido reforçando as rondas com viaturas. Nossa área é grande, e estamos nos esforçando para dar uma atenção especial para aquela região”, afirmou o subcomandante, que disse também ter dificuldade para colocar policiamento a pé devido ao efetivo reduzido.
Brecha para milícias
Comerciantes dizem ter imagens dos criminosos, mas reclamam também que a polícia nunca quis essas imagens. Uma cooperativa de crédito, que também foi assaltada este mês, instalou câmeras com a intenção de inibir e flagrar os criminosos, mas dias depois o qeuipamento foi furtado. Apesar da câmera ter sido furtada, os comerciantes dizem que outros equipamentos registraram as diversas ações dos criminosos.
Na ausência de policiamento, alguns comerciantes estão apelando para a contratação de seguranças particulares. “Um comerciante contratou um policial que fica ali a paisana fazendo a segurança. É a nova milícia florianopolitana”, reclamou um comerciante.
A poucos metros do local das ocorrências fica o posto da Polícia Militar, na Praça Nossa Senhora de Fátima. Apenas um policial cuida do posto e faz o monitoramento das câmeras, ficando impossibilitado de deixar o local para atender a população na rua.
(ND, 30/08/2012)