O Mercado Público da Capital continua um canteiro de obras sem previsão de término. A restauração do telhado da ala Sul, que começou em agosto de 2011, deve terminar apenas em novembro, de acordo com a Secretaria Municipal de Obras. Enquanto isso, mais uma obra, para colocação de tubulações de gás no vão central e na Ala Norte, atrapalha a vida da população e dos comerciantes. A JK Engenharia, empresa responsável pelos dois serviços, chegou a montar seu almoxarifado em uma das torres do Mercado, espaço antes usado pela comunidade, dando a impressão de que muito ainda está por vir.
O chefe de obras da empresa afirmou que alguns trabalhos estão temporariamente parados, devido a mudanças nos projetos. De acordo com Paulo Machado de Souza, engenheiro da Secretaria de Obras, a restauração do telhado da ala Sul precisou de mais uma mudança.
No começo do ano, o secretário municipal de Obras, Luiz Américo Medeiros, já havia afirmado que a obra teve que ser readequada, com a construção de uma estrutura abaixo do telhado. “Tivemos que fazer uma passarela metálica para as caixas d’água e manutenção. Mas estamos fazendo as calhas e a parte elétrica, para prevenção de incêndio”, explicou. As obras na ala Sul custaram R$ 1,3 milhão ao município.
Muitos comerciantes da ala não quiseram falar sobre o andamento da obra. Mas de acordo com Maria Alice Furtado da Silva, proprietária de duas peixarias, mesmo com o telhado reformado alguns boxes enfrentaram dificuldades. “Assim que mudaram as telhas teve uma chuva forte e parecia que estávamos na rua. Logo depois, eles arrumaram e não aconteceu mais”, contou.
Mas a outra peixaria dela, que fica no começo da ala Sul, ainda sofre nos dias chuvosos. “Nós não sabemos se eles fazem corretamente. É a prefeitura que contrata, não nós. Mas vemos que está tudo muito lento”, completou.
Tubulação de gás preocupa donos de boxes da ala Norte
AJK Engenharia fez a perfuração no vão central para colocação de tubulação de gás e ainda é preciso desviar das áreas abertas há cerca de um mês. Segundo os comerciantes da ala norte, a empresa deu indícios de que tinha a intenção de passar tubos dentro dos boxes.
O proprietário do box 23, Rodrigo Alves, disse que os donos dos boxes não são favoráveis a essa possibilidade. “Teríamos que ficar alguns dias com as lojas fechadas, sem trabalhar. Não estamos de acordo”, afirmou. Ele ainda questiona como a empresa faria a manutenção da tubulação.
Outro fato assusta a população. Uma central de gás seria instalada no acesso ao atual almoxarifado da JK Engenharia, na entrada da torre voltada para a Alfândega, embaixo de uma escada de madeira. De acordo com o engenheiro da secretaria, Paulo Machado de Souza, a colocação dos botijões foi aprovada em projeto de prevenção de incêndio do Corpo de Bombeiros. “A empresa está utilizando a sala, que não era usada, também para o acesso ao telhado”, explicou. No local é possível encontrar materiais de construção e, inclusive, uma caixa d’água.
Silêncio dos responsáveis
A reportagem do Notícias do Dia procurou a JK Engenharia, mas, segundo o chefe de obras, quem fala em nome da empresa, conhecido como Valter, só estaria no Mercado Público na segunda-feira. O chefe de obras não tinha autorização para passar o número do telefone celular do responsável. Ninguém atendeu também no telefone fixo da sede da JK Engenharia, localizada em São José.
Resultado da sindicância deve ser divulgado na próxima semana
A sindicância aberta para avaliar possíveis fraudes nas contas de comerciantes ainda está em andamento. Segundo o secretário municipal da Receita, Sandro Ricardo Fernandes, há possibilidade de finalização dos trabalhos da comissão que avalia os documentos na próxima semana.
A sindicância foi aberta no dia 29 de junho. Tinha prazo de 30 dias para conclusão, mas a prefeitura prorrogou. A comissão tem até o dia 27 de agosto para dar um parecer. As lojas Miranda Aviamentos (box 25), Karol (24), Estação da Moda (11 e 12) e Restaurante Goiano (13) são os estabelecimentos investigados pela prefeitura por suspeita de fraude. Três dos quatro boxes haviam apresentado certidão negativa, emitida pelo Pró-Cidadão, do pagamento da dívida. Entretanto, o dinheiro não entrou no caixa da prefeitura.
(ND, 19/08/2012)