A rodovia mais perigosa de Santa Catarina para quem anda de bicicleta é a SC-401, em Florianópolis. Nos seus 20 quilômetros não há espaço exclusivo para os ciclistas circularem. A duplicação do trecho entre os bairros Jurerê e Canasvieiras (o último a ser ampliado) contemplou apenas a pintura de ciclofaixas. Segundo usuários, no entanto, a sinalização não garante segurança. Nos primeiros seis meses do ano, oito ciclistas ficaram feridos e dois morreram na estrada.
Nicolas Zanella, 25 anos, foi uma das vítimas na rodovia. Em fevereiro deste ano, ele e seu amigo Emílio de Souza, 21 anos, foram atingidos por um carro. Emílio morreu. Nicolas fraturou um dos pés e as costas e até hoje não se recuperou totalmente.
Na segunda colocada no ranking, a SC-474, em Blumenau, cinco ciclistas ficaram feridos este ano. O aposentado Ino Tribess, 69 anos, entrou para as estatísticas em junho de 2007. Após ser atingido por uma motocicleta, teve traumatismo craniano e várias fraturas.
A terceira mais perigosa, a SC-415, entre Garuva e Itapóa, no Norte do Estado, tem empresas de transporte de carga, o que provoca um intenso fluxo de caminhões e trabalhadores que circulam de bicicleta. Neste ano, foram quatro acidentes.
Para o integrante da Associação dos Cicloviários da Grande Florianópolis (Viaciclo), Daniel Costa, o aumento no número de mortes entre ciclistas é resultado dos projetos viários que priorizam os carros e da falta de infraestrutura nas rodovias.
Confira imagens no vídeo sobre as rodovias mais perigosas
— Andar de bicicleta não é perigoso. O que é realmente perigoso é dar ao motorista chances dele correr mais, realizar obras sem pensar em quem anda a pé ou de bicicleta.
Para o major da Polícia Militar Rodoviária (PMRV) Fábio Martins, os acidentes pelo Estado ocorrem pela falta de ciclovias, aliada à imprudência dos motoristas.
O presidente do Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra), Paulo Meller, diz que, quando foram criadas, as rodovias não previam estrutura para assegurar o deslocamento de pedestres e ciclistas.
Segundo ele, os novos projetos já levam em conta estes itens em áreas urbanas e, à medida em que forem sendo contruídas, haverá mudança de cenário, possibilitando a diminuição no número de vítimas.
Perigo para pedestres
Com 15 atropelamentos este ano (até junho), a mais perigosa do Estado para pedestres é a SC-405, em Florianópolis. Nos seus 2,5 quilômetros, 18 pessoas ficaram feridas e uma morreu este ano. Veronica de Souza, 40 anos, foi uma das vítimas. Ela mora às margens da SC-405 e até para ir à padaria corre risco. Quando estava grávida de sete meses, foi atropelada no acostamento.
O secretário de Infraestrutura do Estado, Valdir Cobalchini, prevê lançar nos próximos dias o edital de licitação para a construção de ciclovia, calçada e faixas com lombadas que permitam a travessia mais segura de pedestres. As obras devem iniciar em outubro.
Na segunda mais perigosa, a SC-474, em Blumenau, sete pessoas ficaram feridas e duas morreram em atropelamentos. O fluxo urbano sobre a rodovia é apontado pela PMRv como a principal causa dos atropelamentos. Os pontos mais críticos estão no Viaduto da Mafisa, até o km 55.
A aposentada Wilma Gaulke, 63 anos, foi uma das vítimas deste ano. Ela morreu ao ser atropelada por um ônibus no acostamento.
— São rodovias que deixaram de ter características rodoviárias. São urbanas e precisam de alterações. Não há calçadas, nem ciclovias — analisa o comandante da PRMv no Vale do Itajaí, major Mauro Palma Resende.
Para ele, a redução das ocorrências na SC-474 só ocorrerá com a implantação de um novo traçado. Mas o projeto só será concluído em 2013.No Vale do Itajaí, a SC-470 entre Blumenau e Itajaí, é a terceira onde mais acontecem atropelamentos. A rodovia corta a cidade de Ilhota, em uma região conhecida pelo seu comércio de roupas íntimas.
As empresas cresceram às margens da rodovia, aumentando a circulação de pedestres. Este ano, duas pessoas morreram atropeladas no trecho movimentado.
Para o major da PMRv Fábio Martins, a redução nos atropelamentos no Estado podem ser reflexo da construção de passarelas e das campanhas de conscientização.
(DC, 27/07/2012)