Cooperativa que realiza o transporte marítimo do local, na Capital, paralisou de manhã e retomou o trabalho no fim da tarde
Ilhados. É assim que a maioria dos quase 2 mil moradores da Costa da Lagoa, em Florianópolis, se sentiram ontem, quando o transporte marítimo feito pela Cooperativa dos Barqueiros Autônomos da Costa da Lagoa (Cooperbarco) parou.
Em negociação com a prefeitura da Capital, barqueiros pediam um subsídio para ajudar nos custos com as despesas do serviço. Diante da situação, do outro lado, ficaram os moradores, que têm no transporte a melhor alternativa para fazer a travessia.
O professor Paulo Roberto Burani, 23 anos, foi pego de surpresa quando chegou na manhã de ontem de São Paulo carregado de malas de viagem e se deparou com a greve do transporte. Morador da Costa da Lagoa, Paulo não tinha ideia de como iria chegar em casa.
– Não tenho a mínima ideia do que fazer – disse ele no trapiche da Lagoa da Conceição.
Alguns moradores optaram em fazer a travessia pelos barcos da Cooperativa da Costa, no terminal Lacustre do Rio Vermelho. A cooperativa atende apenas 10 dos 23 pontos e tem como foco os turistas. O barco leva os usuários apenas até o embarque no Rio Vermelho. De lá, as pessoas têm que caminhar um trecho de aproximadamente três quilômetros pela Rua Leopoldo Alpino, até chegar à geral, na Rodovia João Gualberto Soares, e pegar um ônibus.
A professora Lorena Tavares, que dá aula na Escola Desdobrada da Costa da Lagoa, pagou do seu bolso o transporte pela Coopercosta e o combustível até o terminal para poder dar aula para as 13 crianças do maternal. Na Lagoa da Conceição, na Escola Básica Henrique Veras, cerca de 60 alunos não puderam ir à escola por conta da greve. Segundo a diretora Adriane Regina dos Santos, provas e trabalhos não foram aplicados.
A paralisação terminou ainda ontem. Às 17h40min, os barcos já estavam transportando, novamente, os moradores para a Costa e o centrinho da Lagoa. Os barqueiros decidiram voltar ao trabalho após a assembleia geral realizada durante a tarde com o vice-prefeito.
O encontro, que durou três horas, definiu que a Procuradoria-Geral do município irá estudar os gastos mensais da cooperativa para definir o valor a ser repassado à instituição. Segundo o presidente da Cooperbarco, Volnei Valdir de Andrade, se o valor não for pago até a próxima sexta-feira, a paralisação será retomada, e por tempo indeterminado.
(Por Monica Foltran, DC, 20/10/2011)
Quem precisou, teve que se virar
Um grupo de quatro moradores da Costa da Lagoa se reuniu e, de carona, foi para o trabalho para não perder o dia de trabalho na Comcap.
– Hoje a gente ainda teve como ir, mas a comunidade aqui precisa, pelo menos, que o ônibus do Rio Vermelho venha até o terminal – reclamou um deles.
Entre os moradores prejudicados estava Marilda da Silva, 43 anos, que levava seu filho, Evandro, dois anos, para um exame médico.
– Ele tem uma cirurgia marcada para a semana que vem. Sem esse exame, ele não faz. Estou pagando um transporte particular – disse a mãe.
Sem o transporte da Cooperbarco, moradores do local, têm a opção de seguir por uma trilha de caminhada de aproximadamente duas horas até a Lagoa da Conceição. Moradores podem optar, também, pelo travessia com os barcos da Cooperativa da Costa e, do terminal, caminhar mais três quilômetros até a geral do Rio Vermelho, onde passa o transporte coletivo.
(DC, 20/10/2011)