A balsa Ilha 3 deve auxiliar os trabalhos de restauração da Ponte Hercílio Luz novamente na segunda-feira, após uma semana parada para reparos. A embarcação serve de canteiro flutuante para a colocação das 16 estacas que darão sustentação à estrutura provisória do vão central, parte mais delicada das obras de restauração. Esta é a primeira manutenção desde dezembro de 2010, quando ela foi lançada ao mar.
Atracada próxima à Ponte Colombo Salles, a Ilha 3 passa por avaliação de suas vedações, além de troca de peças nos maquinários, como o rebocador e geradores. Conforme os técnicos, esse cuidado preventivo é necessário principalmente devido à maresia, que danifica rapidamente os equipamentos. A balsa pesa cerca de 180 toneladas e suporta até 400 toneladas de material. O barco que leva os trabalhadores até ela também está em manutenção em um estaleiro na Praia de São Miguel, em Biguaçu.
— Ela ( Ilha 3) ficou parada por uma semana, mas não trouxe atraso porque têm outros serviços que estão sendo feitos — justifica o presidente do Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra), Paulo Meller.
Das 16 estacas, seis já foram colocadas. As primeiras quatro precisaram de cerca de 15 dias cada para estarem fincadas no fundo do mar. Mas o trabalho de instalação das duas últimas durou mais de dois meses porque a profundidade da água até a rocha — onde elas foram colocadas, mais ao centro do canal — era maior do que a esperada. A previsão era 30 metros de profundidade, mas chegou a 60 metros.
Além disso, houve um problema com a broca, que ficou cravada na rocha durante a colocação do quinto pilar. De acordo com o Deinfra, essa etapa ficará pronta no começo do próximo ano.
Manutenção do cronograma
A previsão é considerada otimista se for levado em conta que o estaqueamento começou em janeiro, quando teve de ser paralisado após a morte de um mergulhador por afogamento. O trabalho retornou em maio e precisou de seis meses para serem fincadas as seis primeiras estacas. Para dar conta de tudo na data prevista, o Consórcio Monumento precisará reduzir pela metade o tempo de instalação.
Enquanto se paralisou o estaqueamento, a força tarefa se dedicou a construção dos consoles metálicos de extensão lateral da ponte para recebimento de uma ciclovia. A expectativa é que o acréscimo da faixa do lado sul da Hercílio Luz fique pronto no próximo mês.
A previsão é de que todo o trabalho na ponte seja concluído em julho de 2014 e custe R$ 170 milhões. Até agora foram investidos R$ 40 milhões.
A obra
Como é colocada a estaca?
A estaca é uma camisa de aço oca, colocada com a ajuda de um guindaste, que fica sobre uma das duas balsas da obra. Depois é preenchida com concreto e ferragem. Cada grupo de quatro pilares receberá mais duas barras na diagonal para reforçar a estrutura. Sobre as bases de concreto, erguidos ao nível do mar, serão construídas as estruturas de aço, ligadas à ponte por macacos hidráulicos. Após essa fase, começa a troca das barras de olhal, rótulas e bases das torres.
Cronograma dos serviços
— Até janeiro de 2012 — Estaqueamento concluído
— Até agosto de 2012 — Estrutura de sustentação provisória concluída.
— De setembro até novembro de 2012 — Transferência de carga. É quando será feita a sustentação da ponte numa estrutura provisória. Considerada a parte mais delicada da obra de restauração. Com esta etapa finalizada, a ponte não corre mais risco de cair.
— De dezembro de 2012 ate março de 2014 — Reabilitação do vão pênsil, com a troca das barras de olhal e demais estruturas.
— De abril até agosto de 2014 — Desmontagem da estrutura de sustentação provisória.
Financiamento pela lei Rouanet
O projeto de lei que cria a Fundação Ponte Hercílio Luz está pronto e deve ser encaminhado à Assembleia Legislativa nos próximos dias. Consolidar a instituição é o primeiro passo para captar recursos pela Lei Rouanet de Incentivo à Cultura. A ideia conseguir investidores para arcar com a restauração a partir do próximo ano.
O governo deve buscar uma soma de R$ 170 milhões. Isso corresponde a 20% do orçamento anual para todo o país destinado à lei. Além dos R$ 50 milhões já aprovados para a restauração do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, o segundo maior valor, garantido pela lei, foi de R$ 25 milhões, para a catedral de Brasília. Caso o projeto catarinense seja aceito, fica mantida a previsão de terminar a restauração da ponte em 2014.
(Por Roberta Kremer, DC, 08/10/2011)