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Projeto de polo tecnológico de Florianópolis tem dificuldade para atrair dinheiro privado e se desenvolve em ritmo lento
Nove anos depois de ter sido lançado, o Sapiens Parque, misto de polo tecnológico e reserva ambiental que ocupa uma área de 450 hectares no Norte da Ilha, ainda não deslanchou. Pouco do que foi planejado no seu início, em 2002, foi efetivamente realizado até agora. Com foco diferente, esquecendo a atração de gigantes da tecnologia e focado em empresas do Estado, o Sapiens divulgou, ontem, o primeiro investimento privado de porte.

Trata-se dos R$ 23 milhões que serão injetados na nova sede da Softplan/Poligraph, especializada no desenvolvimento de softwares de gestão. A previsão é que a obra fique pronta até 2015.

O desembolso que a empresa pretende fazer supera o que foi investido até agora no Sapiens Parque, afirma o diretor-executivo do empreendimento, José Eduardo Fiates. Desde 2002, o local recebeu pouco mais de R$ 18 milhões em investimentos dos sócios, sendo que 95% do capital do empreendimento pertence à Codesc e à SC Par, ambas ligadas ao governo estadual.

Criado para ser um parque inovador e abrigar empresas de base tecnológica, projetos socioambientais e empreendimentos de turismo e de serviços, o Sapiens está na fase de pré-implantação desde 2005. Segundo Fiates, com a Softplan/Poligraph e os investimentos nos centros de pesquisa da Petrobras e do Ministério da Saúde, em parceria com a UFSC, o projeto tende a deslanchar.

Isso ainda não aconteceu, afirma ele, por duas razões principais. Em primeiro lugar porque os processos de licenciamento ambiental, adequação ao Plano Diretor da Capital e a formalização do condomínio demorou mais tempo do que esperado. Depois, porque secaram fontes de financiamento, especialmente após a crise global de 2008, que teria freado o impulso tanto do lado do governo quanto do setor privado.

Na avaliação do presidente da Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (Acate), Rui Gonçalves, o Sapiens não deslanchou porque o projeto não foi uma “política de Estado”. Faltou investimento em infraestrutura e na resolução de problemas que dessem segurança jurídica para os empreendedores que resolvessem apostar na área. Especialmente na resolução de problemas com licenças ambientais e o Plano Diretor.

– Sem a duplicação da SC-401 ser finalizada, não é possível o parque funcionar. Os problemas ligados à insegurança jurídica foram resolvidos há pouco tempo, em 2010. Não é uma empresa que vai fazer isso, mas o governo – sintetiza Gonçalves.

Braço do turismo foi o que mais avançou

Do planejamento inicial, que fala em investimento total de US$ 1,6 bilhão no horizonte de 15 anos, cinco fases de implantação e geração de 27 mil empregos, o “braço do turismo” foi o que mais avançou. O local ganhou um kartódromo no final de 2009 – algo que não constava nos planos – e a estrutura levantada para um arena multiuso, que estava com obras paralisadas, vai virar um centro de convenções até o começo de 2013.

Além deles, estão implantados no local o “marco zero”, que abriga a incubadora, ONGs, a sede e estúdio de animação da Animaking e uma incubadora de novas empresas (InovaLAB) com capacidade para 15 empreendimentos – e que está abrigando, no momento, cinco.

– Guardadas as devidas proporções, podemos comparar o nosso caso com a abertura de um shopping. Quando não há nenhuma empresa confirmada, fica todo mundo com o pé atrás. Quando há grandes âncoras que confirmam, tudo anda mais rápido – projeta Fiates.

Segundo ele, o empreendimento recebeu 10 consultas formais de empresas interessadas em investir no local depois da confirmação da Softplan/Poligraph. Nada perto de companhais globais do porte de IBM, Sun Microsystems (comprada pela Oracle) ou Cisco, como se cogitava alguns anos atrás.

Após a assinatura do contrato de implantação da nova sede da empresa, ontem, o Sapiens informou que lançará, até o final deste mês, três novos editais com áreas estabelecidas para implantação de empresas de TI.

Presente no evento, o governador Raimundo Colombo disse que o Sapiens é uma das obras prioritárias e estratégicas de sua gestão. Ele garantiu R$ 1 milhão para as obras de infraestrutura necessárias no local, objeto de um edital que deverá ser lançado nas próximas semanas.

Também disse que a duplicação da SC-401, considerada vital para o parque, será concluída até dezembro.

(Por Alessandra Ogeda, DC, 23/08/2011)

Promessa é iniciar um novo ciclo
Criada em Florianópolis há 21 anos, a Softplan/Poligraph tem 780 funcionários e prevê um faturamento de R$ 100 milhões neste ano. O investimento que fará em sua nova sede, no Sapiens Parque, terá entre 30% e 50% de recursos próprios e o restante será buscado junto a bancos de fomento, como o BNDES ou o BRDE, garante o sócio-diretor Ilson Stabile.

Dos R$ 23 milhões previstos para o investimento, R$ 3,4 milhões é o custo com o terreno. A assinatura do contrato para a implantação do empreendimento inicia um novo ciclo para o Sapiens Parque. Para o diretor-executivo do parque, José Eduardo Fiates, com a chegada da Softplan/Poligraph, o empreendimento conseguiu alcançar os seus dois objetivos principais: garantir investimentos de centros de pesquisa conceituados e de um empreendimento privado.

– Avançamos antes do esperado com o braço do turismo. Mas descobrimos que, para atrair empresas de tecnologia, antes era preciso ter uma boa base de pesquisa instalada.

De acordo com Fiates, esse é o modelo adotado pelos principais parques tecnológicos mundiais. No final de 2008 e no início de 2009, mais do que atrair empresas o empreendimento se preocupou em buscar centros de pesquisa de ponta.

Em estágio avançado de construção, o prédio deverá ficar pronto em setembro, segundo Fiates, mas a instalação de R$ 15 milhões em equipamentos de laboratório fará com que o local entre em operação apenas em março de 2012. A decisão por implantar a Instituto do Petróleo, Energia e Gás (Inpetro), que terá 500 pesquisadores, ocorreu em 2008.

A conquista seguinte foi através do Ministério da Saúde, que decidiu construir no local o Centro de Referência em Farmacologia e Biotecnologia, o primeiro no país específico para testes pré-clínicos, fundamentais para o desenvolvimento de novos medicamentos. A construção começou no início deste ano e deverá ser finalizada no final de 2012.

Por parte do parque, foi criado o InovaLAB, que começou a ser construído em janeiro de 2010 e foi inaugurado em novembro. O local está sendo utilizado, atualmente, em um terço da capacidade máxima.

Além da entrada de mais empresas, o Sapiens Parque prevê a construção de novos centros de pesquisa a partir de 2012. Depois que as empresas e os centros de pesquisa estiverem em funcionamento, devem começar a ser implantadas as áreas de serviços, lazer, hotéis e demais pontos do projeto original. Estão previstos espaços para empresas de áreas como publicidade, marketing e comércio exterior.

(DC, 23/08/2011)

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1 Comentário

  1. wilson santos filho disse:

    Mesmo cambaleante o Sapiens será bem ocupado, cedo ou tarde, e aos pioneiros toda a glória da visão antecipada de ter chegado ao espetáculo antes dele começar.
    Logo não vai mais haver espaço, aposto.
    Quanto a âncoras, embalariam o hoje, mas acredito que as desconhecidas de hoje podem ser mastros, logo, logo. Também aposto nisso.
    E tudo porque é uma questào de natural vocaçào de nosso pessoal e local adequado.
    Estou apostando que isso ocorra nos próximos até 7 anos.
    Quando forem notar, acabou o espaço, e polularão talentos.
    Wílson

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