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06/08/2007

Peixes mais longe da praia

Os pescadores artesanais do Litoral catarinense nunca tiveram vida fácil. No início, quando as comunidades pesqueiras eram aldeias quase isoladas, havia abundância de peixes no mar, mas não era possível vendê-los a bom preço. A distância até os centros consumidores e a falta de refrigeradores para armazenar o produto favoreciam os atravessadores, que sempre jogavam para baixo.

Quando ganharam condições de enfrentar esses problemas, veio a concorrência desleal dos barcos industriais, que vão atrás dos cardumes, enquanto os pescadores artesanais precisam esperar que os animais se aproximem da praia para capturá-los.

“Se fosse viver só da pesca, morria de fome”, resume o pescador Ari José Martins, 70 anos, da praia do Campeche, em Florianópolis. Ainda sem resolver essas barreiras, os pescadores agora começam a sentir os primeiros efeitos de um novo inimigo: o aquecimento global. É difícil encontrar quem dependa mais da meteorologia do que os pescadores artesanais.

“Aqui no Campeche, quando sopra o vento Sul, é o mesmo que se o mar fosse uma fazenda com a porteira fechada: ninguém entra e ninguém sai”, exemplifica Martins, patrão (comandante) de um barco usado na pesca da tainha, atividade que também só é possível quando há a condições naturais bem precisas.

Dependentes daquilo que vem do mar, do céu e dos ventos, os pescadores experientes são conhecidos pela habilidade em prever as mudanças de tempo a partir das pistas da natureza.
Mas o pescador Ivo Silva, que também é presidente da Federação dos Pescadores Artesanais do Estado de Santa Catarina, garante que mesmo os homens mais intuitivos andam sendo pegos de surpresa. Motivo: as condições de tempo estão cada vez mais imprevisíveis.

O clima novo do planeta ameaça levar os peixes para mais longe da praia. Quem vive de lidar com o mar já percebe a falta de alguns peixes antes abundantes. Embora costumam atribuir o problema a mudanças no clima – que de fato, ainda são sutis. “Antes tinha muito peixe, porque não tinha tanto barco pescando, barco grande, a motor, que mata os peixes ainda lá fora. Agora muito cardume nem chega aqui”, prefere dizer o pescador Martins.

Raio X

Pesca artesanal em Santa Catarina

Colônias de Pescadores: 33
Pescadores: 42.136
Embarcações: 21.430
Tipos de embarcações: botes, baleeiras, canoas, batelões, caicos e bateiras.
Espécies capturadas: camarão, corvina, tainha, anchova, lula, abrótea*, bagre, papa-terra, pescada, espada e cação.
*Chamada de brota e conhecida como “bacalhau brasileiro”, é cada vez mais rara no litoral catarinense.

Safra da tainha (em toneladas):
2004 – 700
2005 – 650
2006 – 1,2 mil
2007 – 800 (previsão)

Ao lado da anchova (pico da pesca em setembro), a tainha é uma das espécies mais pescadas em Santa Catarina, mesmo presente na região apenas entre os meses de maio e julho (com pico em junho). Metade da safra é capturada na região de Florianópolis.
Fonte: Federação dos Pescadores de SC

(Carlito Costa, A Notícia, 05/08/2007)

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