Relatório de Indicadores revela desafios e oportunidades para o futuro de Florianópolis

O Relatório Anual de Progresso dos Indicadores (RAPI) 2024, produzido pela Associação FloripAmanhã em parceria com a UFSC e o Observatório Social de Florianópolis, traça um retrato aprofundado de Florianópolis, apontando áreas que avançaram e setores que precisam de atenção urgente. Com uma análise de 187 indicadores, o documento é uma ferramenta estratégica para entender os rumos da cidade e pensar em soluções para os principais desafios. Clique aqui para fazer o download do RAPI 2024.

O RAPI “tenta ilustrar o andamento do desenvolvimento de Florianópolis”, resume Ivo Sostizzo, representante da FloripAmanhã no grupo que reúne os dados e produz o Relatório Anual de Progresso dos Indicadores. “É um esforço no sentido de evidenciar objetivamente como é que se comporta o andar de Florianópolis. Por onde anda o progresso, por onde continuam as preocupações ou ainda as necessidades a superar. É um relatório que na sua oitava edição tenta novamente evidenciar e tornar patente a qualidade do processo”, acrescenta Sostizzo. “Bom seria se fosse um progresso evidente, crescente, exuberante. Mas temos que de fato reconhecer que muitos campos é preciso ainda de muitos esforços.  Não vou detalhar aqui porque o relatório permite identificar as carências, as atenções e as preocupações, como também os grandes avanços”.  Confira abaixo alguns pontos de destaque do RAPI 2024. 

Consumo de Água: Florianópolis gasta muito acima do ideal

Os dados mostram que cada pessoa na cidade consome, em média, 172 litros de água por dia, muito acima do limite de 110 litros recomendado pela ONU. Essa situação acende um alerta sobre a gestão dos recursos hídricos, ainda mais considerando que a porcentagem de água não contabilizada por problemas de vazamentos, falta de medidores, medidores danificados ou ainda de ligações ilegais dos últimos 8 anos tem apresentado uma média histórica preocupante de 43,14%, e requer atenção.

Apesar disso, o índice de qualidade da água, de 97%, é positivo. Contudo, faltam regulamentações para contaminantes como metais pesados, o que representa riscos para a saúde pública e o meio ambiente.

Saneamento e Resíduos: Infraestrutura ainda insuficiente

O saneamento básico segue como um grande desafio para Florianópolis. Apenas 66,67% das moradias estão conectadas à rede de esgoto, e o tratamento de efluentes caiu para 60,14%, próximo ao limite crítico. Já na gestão de resíduos, cada cidadão produz, em média, 1,28 kg de lixo por dia, muito acima da média global (0,74 kg). Apesar de um leve aumento na reciclagem (9,05%), o número ainda está longe da meta de 20%.

Para especialistas, investimentos em infraestrutura de saneamento e campanhas para incentivar a reciclagem são fundamentais para reverter esse quadro.

Mobilidade Urbana: Desafios diários para moradores e visitantes

A mobilidade em Florianópolis segue como um dos temas mais preocupantes.

– 60% das calçadas são pavimentadas, mas muitas vias ainda não oferecem estrutura adequada para pedestres e ciclistas.
– A frota de transporte público tem uma idade média de 8,43 anos, gerando impactos negativos no conforto e na eficiência do sistema.
– A cidade também não conta com ônibus movidos a energia limpa, uma solução já presente em diversas capitais brasileiras.

O aumento da quilometragem de  ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas para 11,98% do total de vias é um avanço, mas ainda insuficiente para transformar a mobilidade na cidade.

Energia Renovável: Um desafio para o futuro

Com apenas 1,95% de energia renovável na matriz de consumo – dado mantido de 2022 por falta de atualização em 2023 – Florianópolis enfrenta o desafio de acelerar sua transição para fontes de energia mais limpas e sustentáveis. Por outro lado, houve avanço na modernização da infraestrutura urbana: a iluminação pública com tecnologia LED alcançou 45% de cobertura, representando um progresso significativo ao reduzir custos, melhorar a eficiência energética e contribuir para a sustentabilidade.

Saúde e Segurança: Resultados positivos

Na área da segurança, os dados são animadores. Os homicídios caíram para 4,7 por 100.000 habitantes em 2023, confirmando uma tendência de redução nos últimos anos. A saúde também apresenta avanços, com a taxa de mortalidade infantil em 6,53 por 100.000 habitantes, muito abaixo da média nacional.

O número de médicos por 100.000 habitantes atingiu 1.049, bem acima do recomendado como ideal (200), o que reforça a capacidade de atendimento da cidade.

Planejamento para o futuro

O RAPI 2024 está alinhado à Agenda Floripa 2030/40/50, que traça diretrizes para transformar Florianópolis em uma cidade mais sustentável, inovadora e inclusiva. Entre os objetivos da agenda estão:

– Reduzir o déficit habitacional, que hoje afeta 21.705 famílias.
– Promover o transporte público sustentável e ampliar a infraestrutura para pedestres e ciclistas.
– Avançar na transparência da gestão pública e no monitoramento de dados.

O que isso significa para você?

Os resultados do RAPI mostram que Florianópolis precisa de esforços conjuntos para superar desafios que impactam diretamente o dia a dia de seus moradores. Saneamento, mobilidade e gestão de resíduos são áreas críticas, mas avanços na saúde, segurança e eficiência energética indicam que houve algum progresso.

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A Associação FloripAmanhã é uma entidade signatária do Movimento Nacional ODS Santa Catarina.

Essa iniciativa voluntária, de caráter apartidário, plural e ecumênico, é voltada à promoção dos compromissos da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Composto por mais de 500 signatários e presente em 54 municípios, o movimento atua por uma sociedade inclusiva, ambientalmente sustentável e economicamente equilibrada. Várias ações desenvolvidas pela FloripAmanhã estão diretamente vinculadas aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.