O Mercado Público de Florianópolis não aceita mais desaforo

Da Coluna de Renato Igor (NSC, 28/05/2024)

Patrimônio e um dos principais símbolos da cidade, o Mercado Público de Florianópolis tem uma gestão que não está à altura do local. A vistoria realizada pelo Ministério Público (MPSC) no dia 15 de maio apontou problemas na cobertura retrátil, na central de alarme que estava inoperante, falta de pressurização nas bombas do sistema preventivo e, dos três banheiros, apenas um estava funcionando.

Além disso, há problema de desvirtuamento dos boxes. No programa Conversas Cruzadas da última sexta-feira (24), Beto Barreiros, do tradicional Box 32, denunciou:

— Há um desvirtuamento no atual mix. Tem uma casa de vinho que virou restaurante. Aí você tem uma estrutura que foi projetada para ser loja e vender vinho, mas que está atuando com restaurante. Teria que ver com a Celesc também — disse.

Da maneira atual, beira ao amadorismo o modelo de gestão. É inaceitável que tenha, já agora, desvirtuamento do mix, mesmo sabendo-se que o vencedor do edital para cada box precisa atender a característica de cada imóvel e vender o produto ou serviço proposto no edital.

Como permitiram com que isso ocorresse?

Já há processo na Justiça tratando do tema, em ação movida pelo MPSC.

O teto retrátil que nunca funcionou plenamente, os banheiros eternamente interditados ou sujos, goteiras e falhas na manutenção da edificação, o fato mais grave.

Falta gestão e precisa mudar.

No primeiro mundo é muito comum museus, teatros históricos e parques serem mantidos por uma Fundação, uma organização privada de interesse público. Uma associação, por exemplo, que formalize um contrato com o Poder Público. Que recebe dinheiro público para manter a operação, que tenha condições de captar parceiros privados, com transparência absoluta, metas claras e prestação de contas. E, o mais importante, com agilidade operacional e gestão profissional.

Tudo o que falta atualmente.

A prefeitura precisa pensar fora da caixa, mudar o modelo de gestão; lento, ineficiente e burocrático.

É preciso garantir o Mercado Público para as próximas gerações.

Em 2005, uma torre do mercado ficou praticamente toda destruída por um incêndio.

O Mercado Público de Florianópolis não aceita mais desaforo.

Outro Lado
Em nota, a Secretaria de Turismo, Cultura e Esporte de Florianópolis informou que já tomou providências com relação aos reparos dos equipamentos de segurança. Em relação aos banheiros, a Secretaria informou que assumiu temporariamente a gestão do espaço, até que seja realizada nova licitação para concessão de uso que já está em andamento, mas que foi instalada uma equipe de limpeza para os banheiros.

Em relação aos contratos de manutenção permanente do Mercado Público, a secretaria informou que essa manutenção fica a cargo da Secretaria e as áreas de segurança predial e limpeza são de responsabilidade da associação do Mercado Público Municipal de Florianópolis.

A Associação do Mercado Público informou que a limpeza e a segurança segue em dia. Por fim, a secretaria informou que a equipe do Corpos de Bombeiros fez a vistoria dos equipamentos e do sistema preventivo de incêndio e a única recomendação de ajuste diz ao volume sonoro do alarme de aviso de incêndio, que vai ser executado pela empresa responsável.