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Topázio promete obras de mobilidade e crava: “Temos que repensar entrada de Florianópolis”

Da Coluna de Renato Igor (NSC, 04/01/2025)

Em entrevista exclusiva, prefeito reeleito da Capital garante início da construção de novo hospital no Norte da Ilha e fala sobre o caixa da prefeitura.

No dia 1º de janeiro de 2025, Topázio Silveira Neto (PSD) assinou o termo de posse para o mandato de 2025 a 2028 como prefeito de Florianópolis. Eleito como vice em 2020 ao lado de Gean Loureiro (União Brasil), o pessedista terá à frente o primeiro mandato completo. Nas eleições de outubro, Topázio recebeu 58,49% votos válidos, superando outros oito candidatos. Ele assume mais quatro anos com desafios à altura de uma Capital que cresce nos últimos anos, tem altos índices de qualidade de vida, mas não conta ainda com a infraestrutura necessária para acompanhar tamanha demanda.

Leia a entrevista na íntegra

Qual é a avaliação que o senhor faz deste ano de 2024 na administração da prefeitura de Florianópolis?

Acho que 2024 consolidou algumas coisas que a gente vem fazendo desde o ano passado. Eu diria que um ponto importante nessa trajetória foi a consolidação do plano diretor, que a gente aprovou em e consolidou regulamentações ao longo de 2024. Esse plano diretor já começa a trazer os resultados que a cidade precisa. Você vê a quantidade de novos edifícios que estão sendo aprovados? A coisa está movimentando a cidade, grandes condomínios serão aprovados exatamente onde a gente quer que eles saiam, que é perto das vias de acesso da cidade.

Em 2024, é colocada em marcha a ponte da Lagoa da Conceição. Depois de um transtorno danado no ano passado, a ponte já começa a ser formada. A nossa expectativa, em março, no aniversário da cidade, é fazer a primeira travessia da ponte com automóvel. Consolidamos essa parceria com o governo do Estado e eu sinto que o prefeito da Capital tem que ser parceiro do governador.

Por que a Capital? Só de estradas estaduais são 120 quilômetros em Florianópolis; E essa parceria com o governador Jorginho está nos trazendo obras importantes de mobilidade, e a partir do ano que vem a ampliação deve ser da SC-401. Foi um ano bastante interessante em termos eleitorais. Eu posso te dizer que fico muito satisfeito porque penso que a população soube reconhecer a nossa gestão.

O senhor falou na SC-401. Há mais ou menos 10 anos foi feito o Plamus, o Plano de Mobilidade Urbana da Grande Florianópolis. Pouca coisa avançou. Ele estabelecia a prioridade para o BRT, que é o ônibus rápido em corredores exclusivos de ônibus. É preciso consolidar esse plano e atualizá-lo? Qual o caminho?

Eu acho que tem dois caminhos aí, na minha opinião: voltar a discutir a integração da região metropolitana, principalmente agora com o novo Contorno Viário…

….Mas alguém tem que coordenar esse processo.

Sim. O governador escalou o secretário Paulinho Bornhausen na secretaria dele para começar a costurar essas conversas. Não só escalou como botou dinheiro. A Secretaria do Paulinho vai passar a ter recursos para projetos. Para que a gente possa revisitar o Plamus, criar um novo plano de integração da região metropolitana. Eu acho que isso é bastante salutar, porque o Plamus está aí desde 2014. Nunca saiu muito do papel, apesar de que todas as ações que nós fizemos em Florianópolis sempre estão de acordo com o que está lá no Plamus.

Por exemplo: nós fizemos todos os projetos de BRT ao redor do maciço do Morro da Cruz. Pelo fato de ter tido os projetos concluídos, nós agora acessamos R$ 160 milhões do PAC de mobilidade do governo federal para fazer o primeiro trajeto entre o Titri na Trindade e o Saco dos Limões, lá no Armazém Vieira. Vai ser a primeira linha do BRT ali, exclusiva para ônibus.

Um investimento na integração da região metropolitana com corredores exclusivos para chegar a Florianópolis é necessário. E a primeira linha do BRT tá saindo. Então está caminhando por aí, muito mais lento do que deveria, mas está caminhando.

A gente tem que repensar a entrada de Florianópolis. Absurdo. Ônibus de Palhoça, de São José, de Biguaçu, Santo Amaro… Eu quero colocar nessa discussão da região metropolitana uma grande integração na área continental, onde os ônibus da região venham até essa integração. Se eu pudesse, teria aqui um circuito de ônibus elétrico indo e voltando a cada 5 minutos. A gente tira um fluxo de ônibus enorme. Nós temos que discutir isso em Florianópolis seriamente, porque nós temos que evitar que os carros entrem na Ilha.

E o transporte marítimo vai sair do papel?

Vai sair. Isso é compromisso de campanha. Nós estivemos em Vitória e conhecemos o modelo de lá, que é um modelo deficitário, não paga a conta, não fica de pé. Lá tem apoio do governo estadual para ter o transporte marítimo e nós vamos fazer um processo muito parecido com aquele, inicialmente dentro de Florianópolis, pegando trajetos que vêm do limite com São José até o centro da cidade e do centro da cidade até a região do Cacupé, Jurerê, Canasvieiras. Mas vai sair do papel? Sim, isso é um compromisso que eu assumi.

Sempre na virada do ano vem a questão do reajuste de tarifa do transporte coletivo. Qual é o cenário hoje do transporte coletivo em relação ao aumento da passagem e à saúde financeira das empresas?

A saúde financeira das empresas vem melhorando ao longo do tempo. É necessário que a gente volte ao volume de passageiros que nós tínhamos antes da pandemia. Para se ter uma ideia, nós estamos quase 5% ainda abaixo do nível que a gente tinha lá em 2019. Isso faz com que o custo da passagem encareça, porque você tem o mesmo conjunto de ônibus. Me preocupa neste momento a oneração da folha de pagamento, que até então não tinha impostos de folha. A partir de janeiro as empresas de ônibus começam a ter todos os encargos sobre a folha. Toda a carga de salários das empresas vai ficar pelo menos 40% mais caro.

E a prefeitura tem como aumentar subsídio?

Nós já fazemos um subsídio bastante grande. É importante explicar o seguinte: a prefeitura coloca no transporte público R$ 120 milhões por ano, Entre 70 e 80 desses R$ 120 milhões são as gratuidades, por lei. É o estudante que só paga meia. O estudante de baixa renda que paga zero. A pessoa com deficiência que não paga nada. O idoso acima de 60 anos que não paga nada e vai vindo… Enquanto o governo federal não pagar os idosos como deveria pagar, enquanto o governo do Estado não pagar uma parte dos estudantes do Estado que andam de graça no meu ônibus que ele deveria pagar, a gente vai continuar tendo isso aqui. Então eu estou fazendo um trabalho grande agora para o próximo ano, junto ao governo federal, junto ao governo do Estado, apresentando a conta para eles do que que a prefeitura paga.

E qual é o caminho sobre o saneamento básico e esgoto?

Quando eu assumi, nós assumimos com 58% de cobertura na cidade. No ano que vem, com a Rio Tavares pronta, nós vamos chegar a 74% de cobertura. Então houve uma evolução nos últimos dois anos e meio. Mas a meta é 90%. E onde é que estão esses 16%? No Rio Vermelho e na região do Sul da Ilha que não está sendo atendida pela Rio Tavares. A Casan já tem um estudo, já selecionou uma fundação e a gente está em vias agora no primeiro trimestre de contratar. Além disso, a Casan está com um trabalho técnico bastante bom e já trabalhando com a nossa área de licenciamento da Floram de implantar estações menores no Sul da Ilha.

Na área da saúde: os resultados do Multi-Hospital, no Sul da Ilha, onde era o aeroporto, são satisfatórios? Qual a avaliação do cenário?

Eu diria que são muito bons, haja vista que faz três meses, pelo menos, que ninguém fala da UPA Sul, não é? A gente fechou a UPA Sul, transferiu todos os médicos para o Multi-Hospital, as pessoas se habituaram a ir lá, com linha de ônibus exclusiva e tal. Tem um atendimento excepcional, equipamento todo novo, profissionais contratados por uma Organização Social (OS). Então, a facilidade de contratação de novos profissionais é muito maior. Da mesma forma como nós colocamos uma OS na UPA Norte. Quanto tempo que não se fala em fila na UPA Norte? A gente conseguiu equacionar de maneira bastante efetiva a UPA Norte e a UPA Sul, que já tem um volume grande de cirurgias de oftalmologia, de procedimentos especializados de baixa e média complexidade. E no Multi-Hospital eu diria que nós estamos a 85% daquilo que nós imaginamos que o hospital vai chegar ainda, porque as equipes estão em capacitação, os tomógrafos que nós compramos ainda estão sendo instalados nas salas de cirurgia. Tem duas prontas, são quatro. E agora o desafio é o Multi-Hospital no Norte da Ilha. Nós já temos um pré-projeto, nós vamos na mesma área onde tem a nossa UPA. Nós estamos até, chamando de “Cidade da Saúde” pelo tamanho que ele vai ter e pelas especialidades que ele vai ter lá. Vai incorporar a atual UPA, o atual centro de saúde e mais as outras áreas necessárias.

Um assunto que sempre é polêmico é a questão da limpeza urbana e coleta de resíduos. Como está hoje o sistema e qual o futuro da Comcap?

A Comcap é uma empresa que tem mais de 50 anos. Eu tenho aqui servidores que hoje estão na coleta de lixo com 50, 50 e poucos anos, que daqui a pouco não aguentam mais estar fazendo essa coleta de lixo. Então eu já falei isso para os servidores. A Comcap vai permanecer no município. É um tipo de estrutura que tem estabilidade de emprego, que não há risco de perder o emprego. Eu não vou privatizar a Comcap, como alguns acham que deveria. O que nós vamos fazer é adequar a estrutura na medida em que os servidores vão se aposentando, vão deixando de trabalhar. E vou compensar com a iniciativa privada. A tendência é você dar espaço para a iniciativa privada naquelas áreas que são áreas que hoje a Comcap já vai deixar de ter condição de atuar, como a coleta de lixo.

Tem alguma informação sobre concurso público na prefeitura?

A gente está com concurso aberto para fiscais da Floram e na minha gestão uma área que eu vou ter que fazer concurso é na fiscalização de maneira geral. Ao longo dos anos a prefeitura foi deixando com que os seus fiscais se aposentassem, saíssem, não foi repondo. Então hoje a gente tem uma carência na área de fiscalização na cidade e esse vai ser o meu foco.

Vereadores da esquerda criticaram o endividamento, o aumento da cota do município para pagar a dívida mensal com fornecedores, com bancos. Qual é a real situação financeira da prefeitura de Florianópolis?

A gente tem todos os salários em dia. Não falta nada nos postos de saúde, não falta nada nas escolas, as contas estão sendo pagas. Naturalmente quando você tem um término de um mandato como o nosso, as coisas ficam muito mais apertadas da gestão do caixa, da prefeitura, do dia a dia. Mas em termos de endividamento, o nosso endividamento poderia ser três vezes o endividamento que nós temos hoje. Os financiamentos que foram tomados nos últimos anos são financiamentos que dá até pra considerar de curto e médio prazo. Você tem dois anos de carência de cinco, seis anos para pagar. Nós estamos pegando financiamentos que foram tomados em 2017, 2018, 2019. Estamos pagando esses financiamentos, temos uma capacidade de pagamento de financiamentos tranquila.

Reforma administrativa aprovada na Câmara de Vereador. Qual é o impacto dela no dia a dia da cidade e no que que pode entregar melhores serviços para o cidadão?

A minha preocupação com a reforma administrativa foi deixar a prefeitura mais ágil, mais rápida para tomar decisão. Então, por exemplo, nós juntamos a Secretaria de Zeladoria Urbana com a Secretaria de Infraestrutura. Para mim é importante. Vai ter um secretário só que vai ter a caneta tanto para novas obras, quanto para manter atualizadas as obras antigas.

Por que o nome de Bruno Souza na Assistência Social? É um nome caro, principalmente para o setor progressista, porque ele é um crítico muitas vezes das políticas de Assistência Social. O que o senhor espera pela frente?

Espero um gestor comprometido com os objetivos da prefeitura. Ao longo dos últimos anos a Secretaria de Assistência Social carece de um investimento maior na prefeitura. Eu tenho que reformar os equipamentos da assistência social. Nós estamos montando o quinto Conselho Tutelar. Tenho alguns prédios da assistência social que eu tenho que reformar. Eu tenho servidores que eu tenho que ir e treinar, requalificar e o Bruno vem com essa missão de ser gestor. As questões ideológicas não entram no dia a dia de um secretário. Ele vai ser gestor da Secretaria de Assistência Social. É claro que ele tem posições muito firmes com relação ao morador de rua, com relação às formas de fazer o encaminhamento, fazer o cuidado da cidade nessa área. Ele vai discutir tudo comigo.

O que o senhor mais espera que seja feito em 2025?

Dois pontos que eu acho que são fundamentais: iniciar as obras de mobilidade que eu me comprometi na campanha seja a SC-401, seja a SC-404. São as duas obras principais que nós temos de iniciar. Com relação à área da saúde, dar início à construção do hospital do Norte da Ilha.

Levantamento do Booking.com mostra Florianópolis como a quarta cidade mais procurada do mundo. Assusta?

Traz sensação de orgulho. Nós que moramos em Florianópolis construímos juntos com a prefeitura uma cidade ótima para se morar. “Ah, Florianópolis tem problema de mobilidade”. Qual é a cidade do mundo que não tem? Somos a capital mais segura do Brasil, capital com 60% do território em área de preservação permanente. Capital com o maior IDH, com maior índice de escolarização, faixa de renda elevada. Uma capital que todo mundo quer morar, seja pela qualidade de vida, pela sustentabilidade, pela segurança. Isso vai se transferindo para as pessoas na internet. Florianópolis é a bola da vez.

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