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Cartaz do seminário 'Economia Circular' promovido pelo Jornal ND, Veolia e BRDE. No topo do cartaz, há uma imagem em preto e branco de uma cidade com vários prédios. Sobre a imagem, à esquerda, está o logotipo 'ND Fórum 2050' em branco e azul. À direita, o logotipo colorido do Grupo ND. Abaixo da imagem, em um fundo azul, está o texto: 'Jornal ND, Veolia e BRDE convidam para o seminário: ECONOMIA CIRCULAR' em letras brancas

As soluções para um mundo mais sustentável existem, porém, dependem da união de esforços da sociedade, das empresas e do Poder Público. Essa foi uma das teses mais repetidas no seminário sobre economia circular, promovido pelo Jornal ND, na quarta-feira (17), para celebrar os 18 anos do periódico.

O evento, em Florianópolis, no auditório do Square SC, reuniu dezenas de convidados, entre autoridades, assinantes do jornal e representantes da sociedade civil. Com cinco painelistas, o seminário abordou avanços alcançados na Capital, no Estado e mundo afora na gestão de resíduos sólidos. Também foram discutidos desafios.

O debate também reforçou a importância da conscientização cidadã e empresarial, além da viabilidade econômica e legislativa para iniciativas sustentáveis.

Diretor regional do Grupo ND em Florianópolis, Roberto Bertolin abriu o seminário reforçando o compromisso do Jornal ND como ator na mudança.

“Para nós, é uma grande honra promover esse tipo de encontro, um tema que diz respeito a todos nós, às empresas, ao setor público, e a cada um de nós enquanto consumidores. Precisamos ter essa preocupação com a reutilização dos recursos e com a conscientização de consumo, sempre que isso for oportuno”.

O seminário foi conduzido pela jornalista Vanessa da Rocha, coordenadora do NDI (Núcleo de Dados e Investigação) do Grupo ND. Ela falou sobre as possibilidades que os seminários produzidos pelo jornal trazem para a sociedade.

“Uma oportunidade para debater assuntos de extrema relevância para a Capital, a região e para Santa Catarina. Sempre com agentes atuantes na sociedade e com grande poder de transformação”.

Diretor financeiro do BRDE (Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul), João Paulo Kleinübing também falou na abertura do evento. Ele frisou que o BRDE foi parceiro do seminário não só pela importância das questões ecológicas, mas também porque pretende continuar crescendo de forma muito melhor. Ele elogiou a iniciativa do Grupo ND.

“O Fórum 2050 discute que futuro queremos construir, para onde estamos indo e como reunir a sociedade para discutir. Para nós, é extremamente importante participar e contribuir com a discussão”.

Curador do seminário, o professor Neri dos Santos também contribuiu com o painel, no encerramento: “A questão ambiental, podemos dizer, é a única alternativa que temos. Não adianta negar a mudança climática, não podemos fugir para outro planeta, esse é o que temos. É importante que todos tenhamos essa consciência”.

Diferentes soluções para variados contextos

Professor da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) e pesquisador de sustentabilidade e economia circular, Hans Michael Van Bellen reforçou que, primeiramente, é preciso mudar a maneira como se enxerga o resíduo.

“Economia circular é você entender que aquilo que enxerga como rejeito, como resíduo, pode aproveitar numa outra cadeia, numa outra perspectiva. Pode se transformar em energia, por exemplo”.

Questionado sobre a solução para a correta destinação do lixo, Hans reforçou a complexidade do debate e afirmou que não existe uma única solução para todos os contextos.

O acadêmico falou ainda sobre o papel do Poder Público. “O Poder Público é peça muito importante, mas não é a mais. Todos os atores envolvidos nesse processo têm uma responsabilidade específica”, afirmou.

Para Hans, o Poder Público ajuda a viabilizar legalmente iniciativas de economia circular. “É responsabilidade do setor público e do mundo legislativo fazer esse arranjo, conseguir deixar essa máquina um pouquinho mais lubrificada”, completou.

A importância da conscientização

Coordenador de Meio Ambiente do Floripa Sustentável, Emerilson Gil Emerim destacou a importância da educação para a concretização da economia circular.

“O primeiro passo é educar as pessoas para que trabalhem nessa questão do ciclo de vida dos produtos no dia a dia, promovendo a reciclagem e o descarte correto”.

Emerim reforçou que a responsabilidade não é reservada apenas para a população e explicou como, até mesmo as empresas de pequeno porte, precisarão se adaptar para reduzir a emissão de gases. “Seu cliente vai exigir [meta de redução de emissões], e você como fornecedor vai ser obrigado a apresentar isso. Essa meta de redução está muito ligada à economia circular”.

Para ele, apesar de a Prefeitura de Florianópolis oferecer opções de reciclagem na cidade, falta conhecimento por parte dos cidadãos. Ele acredita que a conscientização da população e das empresas passa pelo legislativo.

“Precisamos de normas, de legislação que incentive as empresas a fazer a reciclagem, que incentive a produzir menos resíduo. O segundo ponto é a obsolescência dos produtos. Ficam obsoletos muito rápido e tem que haver um retorno desse produto à sua origem para que não seja descartado e sim reaproveitado”.

Casan tem projeto para transformar lodo em lucro

Presidente da Casan (Companhia Catarinense de Águas e Saneamento), Edson Moritz disse que, no início do trabalho à frente da estatal, focou numa transformação interna.

“Mudamos o mindset de uma empresa que fez 53 anos. Mostramos, internamente, que não sobreviverá, nos próximos 53 anos, com as práticas que mantinha”.

Moritz destacou que se debruçou sobre as principais despesas da estatal e constatou que entre elas está o custo com transporte do descarte do lodo. “São R$ 25 milhões por ano que a Casan paga para pegar lodo, nas principais estações de água e esgoto, e através de veículos, levar para quatro ou cinco unidades. Um custo altíssimo”.

Moritz disse que intencionava doar o material, porém, não há meios para isso atualmente. Disposto a transformar o passivo num ativo, buscou outras soluções.

Segundo ele, a Casan pretende criar uma SPE (Sociedade de Propósito Específico), que provavelmente será instalada na estação de esgoto de Canasvieiras, e que vai instalar uma fábrica para gerar produto para fertilizante, transformando o custo em lucro. Ele disse que o projeto ainda depende de mudanças legislativas para permitir que a Casan faça PPP (Parceria Público Privada) e SPE.

BRDE apoia iniciativas sustentáveis no Estado

Diretor financeiro do BRDE, João Paulo Kleinübing disse que o banco existe para fazer Santa Catarina e a região Sul um lugar cada vez melhor.

“O que fazemos é transformar e impactar a vida das pessoas através do crédito e de outras iniciativas e, naturalmente, é nossa grande preocupação a questão do desenvolvimento sustentável”.

Conforme Kleinübing, o BRDE se apresenta e tem atuado cada vez mais como um banco verde. “Somos signatários dos princípios da responsabilidade bancária para o meio ambiente. Temos trabalhado uma série de iniciativas que dizem respeito à questão do uso do recurso não reembolsável, de promover e apoiar ações dos nossos clientes que visam ao desenvolvimento sustentável, especialmente da economia circular”.

Ele também falou da criação do fundo verde e de equidade, que tem por objetivo apoiar, com recurso não reembolsável, ações relevantes pelo Estado.

“Estamos desenvolvendo uma com o Cimvi [Consórcio Intermunicipal do Médio Vale do Itajaí], que diz respeito à melhor utilização de reciclagem, especialmente plástico.”

Também mencionou os planos de resiliência e ações climáticas para os municípios. Segundo ele, o governador Jorginho Mello anunciou uma parceria com o Espírito Santo, para que o Estado desenvolva seu plano de ação climática, dentro de um consórcio de governadores, liderado pelo governo do Espírito Santo. “O banco vai contribuir financiando e viabilizando recursos para que os municípios de Santa Catarina também tenham seu plano de ação climática”.

Veolia terá estrutura para reciclagem de plástico mais evoluída da América Latina

Diretor de desenvolvimento da Veolia Brasil, Bruno Muehlbauer anunciou que a empresa vai construir, em Brusque, a estrutura de reciclagem de plástico mais evoluída, do ponto de vista tecnológico, da América Latina.

“Conseguimos, na última semana, o licenciamento ambiental e o financiamento para construir. Um investimento de mais de R$ 100 milhões, todo o resíduo que chega no aterro sanitário será separado, por tipo de plástico, e vamos promover a reciclagem e a valorização disso antes do aterramento”.

Segundo ele, Florianópolis recicla em torno de 10% da massa dos resíduos que vêm através da coleta seletiva, porém o número é outro com o trabalho feito no aterro sanitário de Biguaçu. “Se considerarmos o aterro sanitário [Biguaçu] como um grande biodigestor anaeróbico, diria que estamos reciclando quase 100% do que se gera em Florianópolis.”

Para Muehlbauer, a ideal gestão de resíduos sólidos depende de uma somatória de responsabilidades: “inicia com o incentivo do poder público, tem continuidade nas nossas ações do dia a dia, enquanto comunidade, e é finalizada por empresas que promovem essa valorização da forma como podem”.

Frases:

“O Fórum 2050 discute que futuro queremos construir, para onde estamos indo e como reunir a sociedade para discutir. Para nós, é extremamente importante participar e contribuir com a discussão.”

João Paulo Kleinübing, diretor financeiro do BRDE

“Precisamos ter essa preocupação com a reutilização dos recursos e com a conscientização de consumo, sempre que isso for oportuno.”

Roberto Bertolin, diretor regional do Grupo ND em Florianópolis

“É uma responsabilidade de cada um de nós, enquanto comunidade, no dia a dia nas nossas casas. Tecnicamente, a separação dos resíduos tem maior eficiência quando acontece na origem.”

Bruno Muehlbauer, diretor de Desenvolvimento da Veolia Brasil

“Mudamos o mindset de uma empresa que fez 53 anos. Mostramos, internamente, que não sobreviverá, nos próximos 53 anos, com as práticas que mantinha.”

Edson Moritz, presidente da Casan

“O Poder Público é peça muito importante, mas não é a mais. Todos os atores envolvidos nesse processo têm uma responsabilidade específica.”

Hans Michael Van Bellen, professor da UFSC

“O primeiro passo é educar as pessoas para que trabalhem nessa questão do ciclo de vida dos produtos no dia a dia, promovendo a reciclagem e o descarte correto”

Emerilson Gil Emerim, coordenador de Meio Ambiente do Floripa Sustentável

(ND, 18/07/2024)

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