A Base Avançada do Centro TAMAR/ICMBio em Florianópolis-SC foi criada em 2005, com o objetivo de contribuir, por meio de ações de conservação, nas áreas de alimentação das tartarugas marinhas das espécies verde, de pente, cabeçuda e de couro.
O sul do Brasil é área de alimentação ou área de passagem para outras áreas de alimentação por parte dessas espécies, ainda na fase juvenil. O trabalho do Centro TAMAR foca em mitigar os impactos da pesca. E nesse sentido, a Base atua nas áreas de Pesquisa e Monitoramento das Pescarias, por meio de ações do Plano de Ação Nacional para Conservação das Tartarugas Marinhas – PAN Tartarugas Marinhas e do PAN Tubarões e Raias.
Na Base é feito, ainda, o acompanhamento das ocorrências de encalhes e emalhes de tartarugas marinhas (por meio dos Programas de Monitoramento de Praias-PMP) na região sul do Brasil. O técnico ambiental João Camargo lotado na Base do Centro TAMAR/ICMBio em SC participa, ainda, do Grupo de Trabalho-GT Babitonga, que trata do licenciamento ambiental portuário; é membro do Acordo de Cooperação Técnica firmado entre a Universidade Federal do Paraná (UFPR) e o ICMBio; e participa do PAN Aves Marinhas; e da Rede ASO.
“Estamos trabalhando na criação de uma nova unidade de conservação federal – prevista para o Albardão, assim como no monitoramento da ocorrência de juvenis das espécies verde e na captura intencional na região da Ilha de Florianópolis”, frisa Camargo.
João integra o Grupo Técnico de Trabalho-GTT sobre Capturas Incidentais na Pesca, coordenado pela DIBIO; bem como presta apoio técnico nos fóruns de pesca, tais como: Comitê Permanente de Gestão da Pesca de Atuns e afins – CPG Atuns e afins; Comissão Internacional para a Conservação do Atum do Atlântico – ICCAT; Convenção Interamericana para a Proteção e Conservação das Tartarugas Marinhas – CIT e Convenção sobre as Espécies Migratórias – CMS.
A Base analisa as solicitações para pesquisa com tartarugas marinhas no litoral sul, bem como emite as referidas autorizações de licença via SISBIO, além de participar em eventos acadêmicos e científicos.
A Base do Centro TAMAR em Florianópolis é referência nas articulações com os parceiros na conservação de tartarugas marinhas na região Sul do Brasil e na REDE ASO, principalmente no tema de gestão pesqueira e medidas mitigadoras para captura incidental na pesca.
O corpo técnico da Base acompanha as evoluções no conhecimento científico e analisam informações de Bases de Dados dispo- níveis para qualificar as tomadas de decisão em prol da conservação da biodiversidade marinha impactada pela atividade pesqueira.
“A ausência de gestão pesqueira e a falta de monitoramento regular oficial, tem agravado os impactos da atividade pesqueira na biodiversidade marinha, e nesse sentido o Centro TAMAR vem cumprindo um importante papel de promover, fomentar ou apoiar pesquisas visando suprir a carência de informações sobre esse fator significativo de mortalidade de animais, para avaliação do risco de extinção”, explica João Camargo.
Um pouco sobre SC
Embora o sul do Brasil não seja área de reprodução das tartarugas marinhas, a costa brasileira ao Sul é um importante corredor de passagem, durante as longas migrações desses animais transfronteiriços, além de ser local de abrigo e alimentação de filhotes e juvenis das cinco espécies.
Itajaí-SC fica a 100 quilômetros de Florianópolis e reúne uma das maiores frotas de pesca industrial do Brasil. Diversas pescarias interagem com tartarugas marinhas. Na costa, as técnicas mais comuns que acabam capturando tartarugas incidentalmente são as redes de emalhe para lagosta, arrasto de fundo (para camarão), os cercos flutuantes e os fixos (currais), além das redes de emalhe para peixe.
Na pesca oceânica, as capturas são provocadas pelo espinhel e pela rede de emalhe à deriva, usada para capturar tubarões. No caso do espinhel, as tartarugas são fisgadas pelos anzóis quando se aproximam para comer as iscas. As redes prendem a tartaruga marinha no fundo do mar, impedindo que ela suba à superfície da água para respirar, o que provoca a sua morte por afogamento.
Em SC, um dos maiores problemas é a pesca com longline (espinhel pelágico), usado para captura de atuns e espadartes, mas que acaba fisgando as tartarugas incidentalmente.
Em alto mar as tartarugas interagem com as pescarias de peixes pelágicos, como atuns, agulhões, tubarões, sendo importante o uso das medidas mitigadoras, como anzóis circulares para diminuir a interação e a mortalidade destas espécies.
Comunicação Centro TAMAR/ICMBio
(Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, 11/07/2024)
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