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Falta de saneamento atrapalha o desenvolvimento em SC

Da Coluna de Claudio Loetz (upiara, 17/01/2024)

Quando empresas e/ou investidores analisam locais para instalar negócios olham para muitos indicadores sociais e econômicos. Para além de incentivos, medem qualidade da mão de obra, logística, parque industrial, grau de tecnologia, nível educacional, segurança pública, entre outros.

E há um elemento, por vezes desprezado, porém essencial para a compreensão do funcionamento de uma sociedade. Falo do nível de saneamento básico: acesso a água e esgoto.

Neste aspecto, em pleno ano de 2024, Santa Catarina tem motivos de sobra para se envergonhar. O Instituto Trata Brasil divulgou, nesta semana, o mais atualizado estudo sobre o tema. O resultado? Bem, o resultado mostra nosso descaso para com a população.

Aos números. Na questão do acesso a água, 89,6% dos catarinenses são atendidos. Na região Sul, o percentual e de 91,6% e, na média nacional, cai para 89,4 %. Os dados são de 2022.

Se neste aspecto, a situação não parece muito ruim, vejamos quando o assunto e esgoto. O estudo aponta que apenas 29,1% da população catarinense tem coleta de esgoto. O índice, absolutamente ridículo para um Estado que se apresenta como área-modelo no país. Significa dizer que pelo menos sete de cada dez moradores em SC não fazem coleta adequada de esgoto e vivem fora dos padrões mínimos de higiene.

Na região Sul, o percentual chega a 49,7% e, no âmbito nacional vai a 56%. Então, o Estado surge 20 pontos percentuais atrás da média do Sul e ainda mais distante da realidade brasileira, no geral.

Se estes números não sensibilizam autoridades, certamente isso decorre do descompromisso para com questão essencial de saúde e qualidade de vida.

Outro fator importante: o marco do saneamento prevê que em 2033 – daqui a nove anos, apenas – SC precisará alcançar os 90% Ora, se o avanço foi de só 1,4 % entre os estudos feitos pelo Instituto Trata Brasil em 2021 e em 2022, certamente ficaremos muito longe da meta.

Como diz a presidente do instituto, a joinvilense Luana Preto, “na velocidade atual dos investimentos”, chegaríamos a 43% na coleta de esgoto no ano de 2033. Santa Catarina aplicou R$ 620 milhões em saneamento no ano de 2021 e R$ 1,1 bilhão no ano passado.

Outro dado importante do trabalho do Trata Brasil: as perdas de água aumentaram. Eram de 34,1% há dois anos e cresceram para 34,7% no levantamento feito no ano passado.

E o que une as pontas da falta de saneamento adequado ao desenvolvimento?

Simples: o mesmo estudo revela que nos municípios onde o saneamento está mais implantado, a renda média do trabalhador catarinense é de R$ 3.328,00 e nos locais onde não há coleta de esgoto, o ganho mensal médio estaciona nos R$ 961.

Claro que há outros fatores a serem considerados, mas as chances de empreendimentos e empregos surgirem em ambientes mais bem cuidados parece óbvio.

Luana Preto resume: “o acesso ao saneamento pode ser o diferencial de transformação social. Isso pode mudar o futuro das crianças nas escolas e dos adultos na produtividade em seus trabalhos”.

Sim, porque a escolaridade e saneamento se conectam. O Trata Brasil demonstra: em locais onde os alunos permanecem nas escolas por até pouco menos de seis anos, em geral não tem saneamento. E onde tem, a média de anos de estudo pula para quase dez anos.

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