A cada ano que passa o trânsito de Florianópolis fica mais complicado. É um fato. A maior novidade dos últimos anos foi a reinauguração da tombada Ponte Hercílio Luz, inaugurada em 1926. Sem obras estruturantes, integração metropolitana no transporte coletivo e transporte marítimo, a realidade é de colapso em vários momentos.

E não escrevo apenas sobre a temporada de verão e o atípico Réveillon. O caos no trânsito é realidade no ano todo. E o grande problema é que não se vê um planejamento de médio e longo prazos.

No final do ano, em entrevista à CBN Floripa, o governador Jorginho Mello (PL) falou em ferry boat com atracadouros nos dois extremos da Ilha. É um bom experimento. Ideia válida, mas ainda é pouco.

O que poderia ser feito para implementação no curto prazo, imediatamente, é escolher algumas vias já existentes e torná-las corredores exclusivos de ônibus. Esta é a linha de opinião, também, do arquiteto e urbanista Sílvio Hickel do Prado, que mandou uma mensagem à coluna, defendendo corredores para ônibus na SC-401.

Tomo liberdade de trazer algumas considerações sobre o gargalo da SC-401.

Somos de uma família que meu avô paterno construiu sua primeira casa em Canasvieiras no ano de 1948, desde então convivendo em Canasvieiras, eu com 66 anos tenho lembrança dos anos 60 em diante, sem água potável, sem energia elétrica, luz de lampião e pomboca a querosene.

Canasvieiras assim como dos distritos do Norte da Ilha cresceram sem planejamento algum, sem fiscalização, sem presença dos poderes públicos da União, Estado e município.

Mangues e várzeas tomados, dunas e restingas destruídas, muitas com a conivência participação ativa de políticos influentes a época.

Hoje tanto Canasvieiras como Ingleses, Brava, Ponta das Canas, Jurerê, Daniela, Cachoeira do Bom jesus individualmente são maiores em população que grande parte dos municípios do Estado de Santa Catarina, a única grande obra de infraestrutura para este conglomerado, foi a SC- 401, idealizada e construída pelo então governador Colombo Machado Salles, um dos melhores que já tivemos entre 1971 e 1975.

Em minha opinião, acrescentar uma terceira pista na SC-401 será apenas adiar o problema entre 5 e 10 anos . O  rodoviarismo, incrustado na cabeça de nossos governantes, voltará a assombrar e travar o trânsito. Agora mesmo o Governo Federal está liberando um pacote Bilionário para as montadoras, melhores de automóveis irão brotar em nossas cidades.

É de espantar que ainda não foi previsto e implantado um sistema de via segregada no eixo central  da SC-401, que atenda exclusivamente o transporte público, uma via no sentido praia e outra no sentido centro, devendo antes ser realizado estudo profundo para definir qual tipo de modal (VLT, BRT, Tram, Metro de Superfície…..) com estações por exemplo próximo da passarela do Shopping no Saco Grande (a passarela poderia ser aproveitada como meio de conexão entre a estação  o shopping e as laterais da SC-401) , Trevo de Santo Antônio, Trevo de Ratones, Vargem Grande, trevo de SC-401 com 404……. e próximo das estações pequenos ônibus e vans realizando a capilaridade para o interior dos bairros.

O mesmo deve ser pensado para o Sul, ramificando para o Aeroporto, Tapera, Ribeirão (trevo do campeche) e Pântano do Sul passando pelo trevo da Armação.

Em todo lugar do mundo o transporte público bem planejado e dimensionado funciona, há que se debruçar e investir tempo  no planejamento, estudar com cautela suas variáveis, suas potencialidades e fraquezas, sem politicalha, tecnicamente. Imagine composições pequenas com 4 vagões (apenas um exemplo) a cada 15 ou 20 minutos nos dois sentidos, você sabendo que vai embarcar as 08:00h no centro e chegar as 08:30h no destino final????

Nosso transporte marítimo é outro exemplo da ineficiência do Governo estadual (últimos 30 anos) e dos prefeitos da região, devem  sentar com os órgãos do Estado para planejar e dimensionar, saindo do centro de Florianópolis e chegando aos centros de Palhoça e São José, também no Balneário do Estreito e depois novamente distribuídos com ônibus pelo interior dos municípios.

Um grande abraço, muitas ondas em 2024!!!

Sílvio Hickel do Prado