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Desperdício de alimentos no Brasil

Artigo de Luiz Alberto Silveira
Médico em Florianópolis

Cerca de 35 milhões de brasileiros estão em situação de fome – não têm dinheiro para comprar comida, fazem uma refeição diária, ficam um dia ou mais sem comer. O Brasil, um dos principais produtores de alimentos no mundo, é um dos países com o maior índice de desperdício. Segundo o IBGE, cerca de 30% dos alimentos produzidos no país são jogados fora, quase 46 milhões de toneladas de alimentos por ano, compreendendo R$ 61,3 bilhões de perdas em aspectos da cadeia alimentar, e que está na 10ª posição no ranking do desperdício de comida (ONU).

Estudo da Embrapa (2018) aponta que uma família média brasileira desperdiça quase 130 kg de comida por ano, 41,6 kg por pessoa. O total estimado de desperdício é oito vezes maior do que o déficit alimentar. Os alimentos que mais vão para o lixo são: arroz (22%), carne bovina (20%), feijão (16%) e frango (15 %).

O desperdício de alimentos está na diminuição da quantidade ou qualidade dos alimentos resultante de decisões e ações de varejistas, serviços de alimentação como bares, restaurantes, hotéis e refeitórios e consumidores. Tomates, bananas, laranjas, hortaliças folhosas e cebolas são os alimentos mais desperdiçados pelos supermercados (Abras, 2022).

A proteína é o grupo de alimentos com maior desperdício pelos brasileiros, representando quase 40% do volume total. Cerca de 20% dos descartes de sobras se referem à carne bovina e 15% à carne de frango. Esse desperdício ocorre em diversas etapas da cadeia alimentar, desde a produção até o consumo. Na produção, os alimentos são perdidos devido a questões de planejamento, falta de infraestrutura adequada e problemas climáticos.

Na distribuição e comercialização os alimentos são descartados devido a padrões exigentes de aparência e estética, além de problemas logísticos. Já no consumo, os alimentos são desperdiçados devido a compras excessivas, falta de planejamento de refeições e descuido com a conservação. 60% do desperdício no país vem do consumo no dia a dia das famílias.

Desde 24 de junho de 2020, a Lei 14.016 autoriza os estabelecimentos que produzem ou fornecem alimentos (in natura, industrializados e refeições prontas) a doar o que não conseguiram vender e assim contribuir para reduzir o avanço da fome e da insegurança alimentar no Brasil. Então, o que temos a ver com isto?

(ND, 09/12/23)

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