Novo produto da maricultura da Grande Florianópolis, a macroalga Kappaphicus Alvarezii foi a estrela de degustação às cegas durante os eventos Encatho & Exprotel do setor hoteleiro do Estado, no Centrosul, quinta-feira (10). A iniciativa foi do Senac SC, que levou sete pratos preparados pelas chefs da instituição Maria Garcia e Aline Salla.

Na lista dos pratos servidos estavam ostras com molho à base da alga, salada de algas e polvo, cozido de batatas, maionalga (maionese de alga), focaccua (pão) e cookie de chocolate com amendoim no qual a alga substituiu o ovo (foto abaixo). Vegetal marinho com proteína, orgânico, que pode substituir ovos e leite nos alimentos, a Kappaphicus avarezii avança como ingrediente saudável e nutritivo para a gastronomia. O teste às cegas foi um sucesso. A maioria aprovou.

Foto: Vanessa Alves, Divulgação

– O que a gente quer mostrar é que a alga é versátil, tanto para produções com gosto de mar, quanto para outras propriedades como emulsificante e estabilizante. Se eu fizer iogurte de morango, eu uso estabilizante retirando o sabor da alga. No pão, ela substitui o ovo – destaca Nathália Bernardinetti, analista de projetos educacionais do Senac SC.

Há um ano, o Senac, em parceria com a Epagri, pesquisa o uso da alga na alimentação, para incluir na merenda escolar e na gastronomia em geral. O objetivo é gerar uma nova fonte de renda para a maricultura da região.

Atualmente, as algas são utilizadas principalmente para fabricação de biofertilizantes no Brasil. O uso na alimentação está se tornando um novo mercado. Conforme Nathália Bernardinetti, a atividade é rentável e vem atraindo mais produtores. Há um ano, eram quatro maricultores dedicados à atividade na região de Florianópolis. Este ano, já são 22.

A empresária Tatiana Gama Cunha, de Ribeirão da Ilha, em Florianópolis, é uma das produtoras. Ela abriu este ano a primeira empresa brasileira de beneficiamento da macroalga Kappaphicus alvarezii. O foco é alga desidratada, para fazer hidrogel, que pode ser ingrediente de sorvete, iogurte, maionese, geléia de frutas e outros alimentos.

A Kappaphicus alvarezii é uma alga do Pacífico, que está sendo testada pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e a Epagri desde 2008.

Em 2021, a universidade concluiu os estudos, segundo os quais a macroalga pode ser produzida na região sem afetar o ecossistema local. Ela inclusive ajuda a melhorar a vida marinha, atraindo mais camarões, tartarugas e cavalos marinhos.