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ESG: um bem necessário às empresas

Artigo de Richard Oliveira
CEO da Unimed Grande Florianópolis

Com o olhar de gestores cada vez mais afiado, o ESG assume protagonismo nas organizações privadas e públicas e ganha a trilha da maturidade para o significado por trás da sigla em inglês para ambiental, social e governança corporativa.

Avanços expõem o compromisso das empresas com o ESG e, embora o tema ganhe pautas e agendas dos gestores, merece atenção especial e com cadência. Nas empresas, o ESG pode ser identificado por um grupo de pessoas que mapeia ou sugere ações socialmente sustentáveis, conscientes e gerenciadas.

Sua prática traduz um amplo universo de possibilidades e se aplica fundamentalmente a projeções de negócios mais sustentáveis a médio e longo prazo. As empresas que possuem em sua cultura a busca constante de novas soluções terão maior capacidade de resposta em um ambiente acelerado de mudanças, ou seja, a cultura ESG empurra naturalmente para esse diferencial. A depender da empresa, muito pode ser feito, por isso, listo quatro frentes que vejo como providenciais para lideranças que não sabem por onde começar, mas acreditam na potencialidade do ESG para sua organização.

  1. Decisões facilitadoras. A primeira medida é dar subsídios que facilitem a entrada de uma cultura voltada para as questões ambientais, sociais e de governança corporativa. Seja criando programas internos e externos, estabelecendo metas ou assinando acordos. Para se ter uma ideia do quanto esse tema está em evidência, entre 2021 e 2022, o Google identificou em seu site crescimento de 150% nas buscas pela sigla ESG. O mesmo levantamento mostrou que o Brasil foi o país que mais recorreu a informações sobre seu significado em toda a América Latina.

  2. Protagonismo para DE&I, diversidade, equidade e inclusão. Não é raro ver empresas implementando programas para minimizar as lacunas deixadas pela desigualdade de gênero, social e racial. E já vemos evidências mostrando que uma força de trabalho mais diversa leva a resultados satisfatórios. Na prática, percebo isso constantemente na Unimed Grande Florianópolis, dado o fato dela estar localizada numa capital praiana e que recebe pessoas das mais distintas partes do país para ser o endereço permanente. Antes da pandemia, identificamos que mais da metade dos 1,2 mil colaboradores são provenientes de outros estados. Após a Covid-19, ouso dizer que o número aumentou pela seguinte razão: conexão digital. Com o modelo de trabalho anywhere office, as distâncias geográficas não são mais barreiras para se conectar a talentos, razão pela qual profissionais das cinco regiões do país, e até mesmo do exterior, se encarregam de trazer diferentes olhares para dentro da empresa. Isso reflete em respeito às diferenças, intercâmbio de ideias e conexões regionais que se entrelaçam a objetivos comuns. Embora seja improvável que o progresso da diversidade seja homogêneo em todos os países, vemos que o Brasil tem espaço para evoluir nessa agenda de forma acelerada.

  3. Transparência e informação. À medida que o ESG evolui nas empresas, é natural que gestores tenham acesso a dados e a informações dos quais não tinham conhecimento, ou nem imaginavam existir. A gestão transparente não limita informações a alguns poucos privilegiados na pirâmide hierárquica, ela estreita o hiato entre o estratégico e o tático. Aliás, a própria pirâmide fica de lado, permitindo relações mais transversais e democráticas na distribuição das notícias. Essa conduta reforça a confiança entre direção, gestores, lideranças e colaboradores. Também impacta os clientes que se sentem integrados ao ecossistema da sua organização. Uma maneira assertiva de colocar a transparência da informação em prática é estabelecer canais de comunicação: site, portais focados nos seus públicos, imprensa na distribuição da notícia ao mercado e redes sociais.

  4. Engajamento social verticalizado. Na governança corporativa já existe um caminho traçado para a adequação do ESG, razão pela qual é papel da responsabilidade corporativa zelar pela viabilidade econômica-financeira da empresa e reduzir impactos negativos na sociedade e no meio ambiente. O sentido do S dentro da sigla ESG – a lembrar que o S refere-se a Social – é confundido por gerar emprego, pagamento de impostos e lucratividade. Vai muito além disso! A relevância por trás de seu significado reflete em iniciativas e planos de ação que asseguram a segurança e o bem-estar dos colaboradores, o reconhecimento e o desenvolvimento profissional, o combate a discriminações (e aqui, uma ideia é instituir grupo com representantes das diferentes diversidades para diálogos e ações). Outros ideais exemplificam na prática o Social: igualdade de gênero, direitos humanos, programa interno de voluntariado, estímulo ao bem-estar do colaborador, adequadas condições de trabalho e atenção à vulnerabilidade da comunidade do entorno.

Observo que empresas com boas práticas de ESG estão propensas a terem menos prejuízos jurídicos, trabalhistas, fraudes e impactos ambientais. Mas tenha calma!  Aceitar trilhar as possibilidades do ESG não diz respeito ao aqui e ao agora. É um processo de passos firmes e, às vezes, lento, que começa com a sua mudança cultural e de mindset para, posteriormente, ser disseminada aos colaboradores. Contudo, vale a pena, pois os resultados são globais, ao ponto de que moldamos a sociedade para uma visão menos individual e mais altruísta e plural.

Richard Oliveira é CEO da Unimed Grande Florianópolis e vem se dedicando a estudos e análises sobre o ESG nas organizações. Lidera um time de profissionais na cooperativa médica responsável por trazer uma cultura voltada ao cliente e à sociedade no centro de suas ações.

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