Praias do Norte de Florianópolis ainda tem 18 pontos impróprios para banho
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Rio poluído é estopim para “fuga” de turistas em praia de Florianópolis, dizem comerciantes

A poluição do Rio Capivari, no bairro Ingleses, em Florianópolis, é vista por comerciantes da região como o estopim para a “fuga” de turistas do badalado balneário no Norte da Ilha. Se soma a isso dias de chuva intensa, que naturalmente afasta da praia os banhistas. A combinação criou uma situação inesperada já que a expectativa é de que essa fosse a melhor temporada dos últimos 10 anos. No entanto, o que ocorre é um movimento abaixo da média, relatam os vendedores.

A situação do rio, que não é nova, voltou aos holofotes na última semana, quando toda a praia dos Ingleses foi considerada imprópria para o banho pelo Instituto do Meio-Ambiente de Santa Catarina (IMA). A avaliação mais recente do instituto, realizada entre 9 e 11 de janeiro, aponta que apenas um dos seis pontos avaliados é considerado próprio.

No site do IMA é possível verificar as condições de balneabilidade desde 12 de dezembro do ano passado. O ponto 27, onde deságua o Rio Capivari, é considerado impróprio desde a medição mais antiga.

Mas não é preciso de relatório para saber que algo não está certo. Quem passa pelo local pode sentir o cheiro forte exalado dali ou ver sujeira espalhada na água.

— Dá até nojo — diz Messias, um vendedor de artigos para praia como boias e cangas.

A fala ocorreu após ele encostar os pés na água do rio para poder seguir de um ponto a outro da praia. Mesmo de óculos escuros e chapéu, foi possível ver o rosto franzir após o contato obrigatório. Quem percorre a faixa de areia não tem outra opção a não ser passar pelo Rio Capivari.

Messias diz que evita a região mais próxima do rio porque é a que menos atrai clientes e que se assusta ao ver pessoas se banhando naquela água. Além de ser um ponto mais esvaziado, os visitantes são informados por uma placa do IMA, bem próxima à entrada de pedestres, que o local está impróprio.

Mesmo assim é possível ver dezenas de pessoas dentro da água naquela região, mesmo com ela mudando do natural azul para um marrom que indica o contato do mar com o rio.

Mais próximos do único local que IMA marca como próprio para o banho, a família de Elaine de Pauli resolveu montar “acampamento” composto por guarda-sóis e um cooler. O marido da paulista, Carlos, diz que a escolha do local foi estratégica.

— Vimos hoje cedo uma matéria dizendo que o rio estava sujo e buscamos ficar o mais longe possível — conta Carlos.

A família visita Florianópolis pela primeira vez e está hospedada a poucos metros da praia dos Ingleses, destino escolhido pela fama do local ser um dos mais movimentados. A surpresa que virou temor é do medo de contrair alguma doença na água contaminada.

São mais de 1,5 mil os casos de diarreia em Florianópolis, o que fez a prefeitura classificar a situação como epidemia. A causa da doença ainda é investigada, mas equipes do Laboratório Central de Saúde Pública de Santa Catarina (Lacen) e da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) estudam a relação entre a contaminação da água e a alta dos casos.

Impacto nas vendas

Uma das vozes que cobra solução para o Rio Capivari é a comerciante Gleisi Souza. Moradora do bairro e responsável por um dos quiosques instalados nos Ingleses, ela se diz triste com o baixo movimento e com as vendas abaixo da média.

— Não estamos tendo temporada de verão — esbraveja Gleisi, que prevê um triste cenário para o futuro: — Se continuar assim, em cinco anos não vamos ter mais o turismo forte — completa.

A tristeza com a atual temporada contrasta com as lembranças que Gleisi tem dos verões pré-pandemia. Eram oito funcionários, cozinha lotada e serviço interrompido algumas vezes para dar conta de atender a demanda que chegava aos montes, conta a comerciante.

Agora, a cozinha está vazia e em 40 minutos em um dia ensolarado de janeiro, apenas uma cliente buscou o quiosque para comprar duas cervejas. Ela diz que a situação se repete diariamente e que os clientes são poucos.

Prefeitura cobra Casan e empresa diz que atua

Diferente do Rio do Brás, em Canasvieiras, o Capivari não tem uma Unidade de Recuperação Ambiental (URA). A Casan, empresa responsável pelo saneamento em Florianópolis, disse que nunca esteve no “Plano Municipal de Saneamento Básico” a instalação desse tipo de equipamento na região.

A empresa informou que retomou em 2021 o programa “Trato Pelo Rio Capivari”. O objetivo é inspecionar despejo irregular de esgoto em imóveis dos Ingleses.

O último balanço divulgado na quinta-feira (12) mostrou que a ação ultrapassou 8 mil inspeções. Além de informar o morador sobre a situação irregular, eles fazem retornos para que se comprove que a ligação sanitária foi regularizada.

A prefeitura de Florianópolis disse que cobra a Casan por duas frentes: pelas obras estruturantes e pela inspeção sanitária. Segundo a gestão municipal, a companhia anunciou obras no local em janeiro, mas modificou o início dos trabalhos para julho.

“O Município ainda informa que está preparando um conjunto de ações de saneamento que será divulgado nos próximos dias”, escreveu a prefeitura na nota.

(NSC Total, 16/01/2023)

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