A escola Antonieta de Barros, no centro de Florianópolis, pode desempenhar um papel importante na cultura e preservação da história da Capital depois de 14 anos desocupada. O prédio histórico foi doado oficialmente nesta sexta-feira (13) pelo governo do Estado à prefeitura e deve ser transformado em um centro cultural e museu, com ênfase em arte negra de Santa Catarina.
O projeto de lei que repassa a propriedade para o Executivo municipal foi aprovado na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) no final do ano passado e sancionado pelo governo nesta sexta.
O texto prevê a implementação do Centro de Cultura, Memória e Arte Negra Catarinense por parte da prefeitura, que passa a administrar o imóvel. Além disso, o espaço deve incluir um museu para a história de Antonieta de Barros, que foi professora e diretora do colégio e hoje dá nome ao prédio.
O uso do espaço da escola para atividades culturais e educacionais é uma demanda antiga da população do Centro, visto que o prédio ficou abandonado e descuidado por anos.
— O governador Jorginho faz um gesto importante para a capital dos catarinenses com a efetiva entrega da Escola Antonieta de Barros, que será um importante museu, além de se tornar um centro cultural e de formação e capacitação. Era um pleito antigo e que agora ganha ainda mais importância com a alçada de Antonieta para o rol de heroínas da pátria — disse o prefeito de Florianópolis, Topázio Neto.
Construído na década de 1940, o prédio também abrigou o Colégio Dias Velho. A mudança de nome só ocorreu no ano de 1952, quando passou a se chamar Antonieta de Barros para homenagear a jornalista, professora e primeira deputada negra eleita no Brasil.
O local chegou a ter 250 alunos matriculados, mas que acabaram remanejados para outras unidades desde a desativação do local. Em 2008, o prédio foi interditado e, em 2010, foi desativado de forma definitiva, deixando de compor a rede pública estadual de ensino.
Antonieta de Barros foi a primeira mulher negra a ser eleita deputada no Brasil e, em Santa Catarina, a primeira mulher neste cargo. Filha de Catarina, que foi escravizada e liberta, Antonieta nasceu em 1901, na cidade de Florianópolis, 13 anos após o fim da escravidão no país.
Enquanto estudava, participou do Grêmio Estudantil e escreveu para a revista da Escola Normal. Antonieta se tornou professora, trabalhou nos colégios que a elite frequentava e foi diretora do Instituto de Educação. Até a sua morte, em 1952, manteve as aulas para adultos analfabetos que batizou como Curso Antonieta de Barros.
(NSC total, 16/01/2023)
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