Realizado desde 2017, tem como objetivo acompanhar, de forma técnica e imparcial, o desenvolvimento da cidade em questões que impactam a sustentabilidade e a qualidade de vida dos cidadãos. O documento é executado pelo Grupo Executivo de Trabalho Ver a Cidade Floripa, composto pela Associação FloripAmanhã, pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e pelo Observatório Social do Brasil – Florianópolis.
“O RAPI é uma importante ferramenta para que o poder público, Academia, entidades e sociedade em geral avaliem as questões urbanas a partir do real conhecimento de dados confiáveis e atualizados. À medida em que o cidadão se apropria de informações confiáveis sobre seu território, o debate político se torna mais rico, mais participativo e com melhores resultados para toda a população”, defende o presidente da FloripAmanhã, Jaime de Souza.
O objetivo principal do RAPI é auxiliar o governo e a sociedade a estabelecerem prioridades com metas claras e mensuráveis, para o desenvolvimento sustentável da cidade, e contribuir para a avaliação das políticas públicas urbanas, a partir de uma visão técnica, objetiva e metodologicamente embasada.
Para tanto, o documento traz um “raio-x” de temas como mobilidade, saneamento básico, saúde, educação, segurança, uso adequado do solo, entre outros que influenciam diretamente na qualidade de vida de quem escolheu viver em Florianópolis. Além disso, há também recomendações aos entes públicos para que possam aprimorar suas políticas públicas, de forma a viabilizar o atingimento de melhores níveis de desenvolvimento sustentável.
“O RAPI tem grande influência na administração municipal, que passou a incorporar a visão dos indicadores e a adotar progressivamente o ato administrativo cada vez mais apoiado em bases técnicas. Não há como fazer gestão pública sem indicadores, é o que permite ter políticas públicas que atendam às necessidades da população”, destaca Ivo Sostizzo, coordenador do RAPI na FloripAmanhã, mestre em planejamento urbano, professor aposentado da UFSC e técnico aposentado do IPUF.
Numa visão geral, os indicadores foram divididos da seguinte forma:
Indicadores negativos e positivos
Neste ano, outra vez, os itens que aparecem no topo da lista do relatório como problemáticos são saneamento básico e mobilidade. A exemplo das enchentes que vimos acontecer recentemente na Grande Florianópolis, os indicadores mostram que a porcentagem anual de moradias afetadas por inundações intensas decorrentes de transbordamentos dos sistemas de drenagem e esgoto e de inundações causadas por rios e marés subiu para 9%. Porém, no que se refere ao Orçamento dedicado à “Mitigação de Riscos de Desastres Naturais”, houve um pequeno aumento, de 0,076% para 0,1%, mas este valor ainda está muito abaixo do esperado, que deveria ser superior a 0,5%.
Quanto à gestão de Resíduos Sólidos, o percentual de resíduos compostados é muito baixo, tendo inclusive diminuído de 2,3% para 0,91%, com relação ao ano anterior, muito longe do que pode ser considerado satisfatório (20%). O percentual de resíduos sólidos separados e classificados para reciclagem também está muito abaixo do desejado e caiu ainda mais em 2021, de 5,95% para 3,76%.
“Em um ambiente de custo de energia cada vez mais cara e sujeita ao regime de chuvas ou de produção com uso de materiais ambientalmente condenáveis é contraditório que a Prefeitura de Florianópolis não tenha iniciativa de uso do lixo como recurso energético”, destaca o documento.
No quesito mobilidade e transporte, convém destacar que são assuntos com graves problemas e dificuldade de encaminhamentos, devido à falta de disponibilidade de dados. O tema está estruturado em 26 indicadores, sendo que apenas 6 permitem afirmar o estado satisfatório de atenção ou insatisfatório do item em apreciação. O relatório sinaliza que Florianópolis precisa conhecer a quantidade de quilometragem de vias sem pavimentação, bem como a quantidade de calçadas com ou sem calçamento. O custo anual por passageiro usuário do sistema de transporte público, bem como a velocidade média do sistema, também não foi informado. Destaca-se o fato de que a frota de veículos particulares cadastrados no Detran é 0,63 veículos/habitantes, o que dificulta sobremaneira a mobilidade, pois o ideal é que seja inferior a 0,3 veículos/habitantes.
Por outro lado, a segurança traz aspectos muito positivos, com homicídios, feminicídios e roubos diminuindo gradativamente nos últimos anos. E a taxa de mortalidade infantil também segue reduzindo desde o início do monitoramento, isto é, passou de 10,6% por 100.000 habitantes em 2014 para 6,1% em 2021, sendo que a faixa verde tolera até 20% de mortalidade infantil por 100.000 hab.
Confira aqui o relatório completo.
“O RAPI representa um importante instrumento de informação objetiva, capaz de embasar discussões, alinhar encaminhamentos e possibilitar definições de políticas públicas. Estamos bastante satisfeitos por notar que muitos dos indicadores solicitados, que anteriormente não eram controlados e, portanto, não informados pelas secretarias, estão sendo agora monitorados. Percebemos também que a Prefeitura de Florianópolis vem melhorando o processo de gestão dos indicadores com a criação da “Plataforma Município em Números”, mas essa plataforma necessita ser compatibilizada com os indicadores propostos pela metodologia aplicada no desenvolvimento do RAPI, agregando um olhar para a cidade também em questões como o uso e ocupação do solo, desenvolvimento da saúde, da educação e um profundo olhar para as questões ambientais”, finaliza Jaime de Souza, presidente da FloripAmanhã.
O documento será entregue ao prefeito de Florianópolis, Topázio Neto, na terça-feira (12), às 11h.
(Republicado por DeOlhoNaIlha e Portal Imagem da Ilha)
Essa iniciativa voluntária, de caráter apartidário, plural e ecumênico, é voltada à promoção dos compromissos da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Composto por mais de 500 signatários e presente em 54 municípios, o movimento atua por uma sociedade inclusiva, ambientalmente sustentável e economicamente equilibrada. Várias ações desenvolvidas pela FloripAmanhã estão diretamente vinculadas aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
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1 Comentário
Planejamento é muito importante, mas se não colocado em prática é igual a enxugar gelo. Florianópolis é uma ilha e apresenta uma série de dificuldade, é uma cidade pequena que quer ser grande sem tomar os devidos cuidados. Sou de Florianópolis e escuto todo ano a mesma ladainha, chamam os turistas para nos visitar e esquecem de cuidar de algo muito básico ” a coleta de esgoto”. Temos tubulações de coleta em vários bairros, mas não conseguem colocar em funcionamentos. Sai prefeito, entra prefeito e não resolvem o problema, só lembram quando estoura direto no mar. Somos uma ilha, não podemos aceitar a situação caótica da falta de coleta de esgoto sanitário e falta de água no verão ( culpam a seca e quando chove que a estação de tratamento da CASAN não consegue tratar a água). O pior de tudo é que já existe estação de tratamento de esgoto praticamente finalizada e tubulação de coleta enterrada em vários bairros, o que tem servido de Fossa para várias casas. Como não leva a lugar algum, termina no mar!