Fechamento do Museu de Santa Catarina é o resumo do descaso com a arte no Estado

Da Coluna de Ânderson Silva (NSC, 22/12/2022)

Problemas estruturais fecharam o Museu de Artes de Santa Catarina (MASC). Com um histórico de goteiras e infiltração, o espaço tornou-se um risco, tanto para as peças expostas como para os visitantes. Um cenário de anos, segundo artistas ouvidos pela coluna. Somente agora é que uma gestão da Fundação Catarinense de Cultura (FCC) agiu para resolver o problema definitivamente com uma reforma completa do teto do Centro Integrado de Cultura (CIC). No entanto, para que isso fosse possível, exposições foram colocadas em risco recentemente, inclusive com peças danificadas.

Atualmente, estava em andamento no MASC uma exposição do Instituto Cultural Meyer Filho, com os trabalhos de Ernesto Meyer Filho, artista plástico catarinense. A diretora do instituto, Sandra Meyer, afirma que não havia mais condições de manutenção da exposição diante das goteiras e das infiltrações. Ela diz que um trabalho de Eduardo Dias, intitulado Ponte Hercílio Luz, de 1930, foi danificado, assim como uma tela de Meyer Filho, de 1957.

Outras partes do CIC também apresentam goteiras, o que preocupa os artistas. Nas redes sociais, o Instituto Meyer Filho comunicou nesta quarta-feira (21) a decisão de suspender a exposição: “Entendemos que as fortes chuvas que vêm caindo no estado são, sim, um fator que não pode ser ignorado. No entanto, esse não é um problema recente, tampouco de uma única gestão: há anos, o mau estado de conservação do telhado, forro e outras estruturas do MASC vem sendo negligenciado, e as obras necessárias para a manutenção do espaço nunca foram prioridade do governo”.

O presidente da Fundação Catarinense de Cultura, Edinho Lemos, admite o problema e afirma que as medidas paliativas não foram suficientes, por isto a decisão de se fazer a reformar completa e fechar temporariamente o espaço. A opção do fechamento foi escolhida em comum acordo entre a diretoria da Fundação e os produtores da atual exposição.

O edital da reforma foi aberto em 8 de dezembro, com a abertura dos envelopes marcada para esta quarta-feira (21). Segundo Lemos, os danos causados às peças não foram significativos. Porém, imagens divulgadas pelo Instituto Meyer Filho mostram trabalhos “enrugados” por conta da água que escorreu sobre eles.

A reforma no MASC, assim que a ordem de serviço for dada, deve levar 90 dias. Os serviços no CIC devem levar mais tempo. A prioridade será a reforma do Museu, que segue fechado até a conclusão dos trabalhos, segundo o presidente da FCC.

Com isto, por conta do descaso histórico com a arte e cultura em Santa Catarina, o principal espaço para contemplação artística do Estado ficará com as portas fechadas no período de férias. Tanto moradores de SC como turistas, que poderiam visitar o local com mais tempo, estarão impedidos de fazê-lo.