Sentados em um banco do Largo da Alfândega, em Florianópolis, a aposentada Hildegard Frida Oswaldo e o marido, Carlos Freitas, observam a paisagem em meio ao vai e vem de pessoas pelo Centro da cidade.
Moradores de Botucatu, em São Paulo, vieram visitar os filhos e aproveitaram para fazer um passeio pela praça. A última vez que o casal frequentou o local, ao lado do Mercado Público de Florianópolis, foi há dois anos.
“Nós viemos no começo de 2020 e por conta da pandemia a gente só voltou agora. Está muito diferente’’, relata Hildegard.
“A praça está arrumada, com os pisos e os bancos bem cuidados. As árvores ficaram bonitas e resistiram à reforma”, completa Carlos.
Apesar de tantos detalhes chamarem a atenção, os espelhos d’água em operação ganharam destaque no olhar da Rejane Marcon. Moradora do município ao lado, em São José, ela decidiu fazer compras na Capital e até parou para tirar uma selfie com o cenário.
“Eu gostei de ter visto o chafariz. Antes não funcionava. Gostaria que estivesse sempre assim. Isso fazia falta”, reforça.
A praça do Largo da Alfândega foi reinaugurada pela prefeitura em fevereiro de 2020. A obra de revitalização custou mais de R$ 9,5 milhões aos cofres públicos. Mas durante a pandemia de Covid-19, o fluxo de pedestres diminuiu e o espaço foi menos aproveitado.
Por falta de manutenção e limpeza, os espelhos deixaram de ter água em movimento e se tornaram até depósito de lixo na época. Após um período de abandono, os cuidados do local passaram a receber auxílio de uma rede de supermercados.
A cerimônia que marcou a adoção da praça foi realizada no dia 26 de março. “Queremos melhorar a experiência do público que frequenta, sejamos moradores ou turistas, para que desfrutem desse espaço tão rico para a nossa história, com mais segurança e conforto”, explica a coordenadora regional de marketing do Fort Atacadista, Silvia Marquez.
Para adotar um espaço, o interessado pode manifestar interesse por meio do Pró-Cidadão – canal da Prefeitura de Florianópolis para atendimento à comunidade – e abrir um processo para o pedido.
Outra opção é entrar em contato com a FloripAmanhã. A associação realiza a interlocução com o município pela iniciativa Adote Uma Praça. O programa de adoção de espaços públicos foi lançado em 2007 com o objetivo de incentivar parcerias entre a Prefeitura de Florianópolis e a iniciativa privada.
O projeto tem como propósito resgatar espaços públicos, melhorar as áreas de lazer e promover qualidade de vida e segurança para os moradores.
Dos cerca de 200 espaços públicos de Florianópolis, 50% foram adotados através do programa. Esse trabalho é desenvolvido em parceria entre a Floram (Fundação Municipal do Meio Ambiente), o Ipuf (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Florianópolis) e a FloripAmanhã.
Projeto de voluntariado evoluiu sem envolver dinheiro público
Para o vice-presidente da associação Floripamanhã, Salomão Mattos Sobrinho, que coordena o Revit (Grupo de Trabalho de Revitalização de Espaços Públicos e Meio Ambiente), o projeto evoluiu nos últimos anos.
“Não há envolvimento de dinheiro público, pois é um trabalho voluntário, mas se percebe uma nova dinâmica, permitindo mais agilidade e melhores resultados”, reforça.
Os órgãos que compõem a Rede de Espaços Públicos realizam análise técnica de viabilidade do projeto. O grupo que analisa as propostas, de acordo com cada competência, é composto pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano, Ipuf (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Florianópolis), Floram (FundaçãoMunicipal do Meio Ambiente), Secretaria Municipal de Mobilidade e Planejamento Urbano e Secretaria Municipal de Infraestrutura.
Após aprovação, um termo de adoção do espaço público é assinado. O tempo de tramitação depende do tamanho da área a ser adotada. O responsável realiza, com recursos próprios, os tratamentos necessários no espaço, como plantações e obras previstas no projeto.
Em contrapartida, a empresa pode colocar uma placa de divulgação, cujas as dimensões são previamente definidas e especificadas em contrato. A superintendente da Floram, especialista em direito ambiental Beatriz Kowalski, destaca que a prefeitura segue como a gestora do espaço e a adotante auxilia nesse trabalho.
“É bem importante essa parceria, porque o poder público sozinho não consegue abraçar tudo. Então a gente quer construir pontes com iniciativas, entidades e empresas privadas, para que a gente consiga trazer benefícios tanto para o meio ambiente quanto para as comunidades como um todo. A adoção desonera um pouco o poder público e, especialmente, cria envolvimento. Todo mundo se torna parte, um agente de mudança”, entende Beatriz.
(Confira a matéria completa em ND, 30/08/2022)
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