Passageiros sonham em ter carro, diz dono de empresa de ônibus de SC

Da Coluna de Renato Igor (NSC, 27/05/2022)

Há uma máxima em teoria de mobilidade urbana sobre um sistema eficiente de transporte coletivo: só vai ser bom quando o motorista de carro se sentir estimulado a deixar o seu veículo na garagem e ir para o trabalho de ônibus.

O que ocorre na maior parte das cidades catarinenses, em especial na Grande Florianópolis, é justamente o contrário — o sonho de quem anda de ônibus é um dia comprar um carro ou uma moto. Isso é sinal da ineficiência do modelo.

Leo Mauro Xavier Filho é sócio de empresa de ônibus na Grande Florianópolis e presidente da Associação Metropólis (empresas de transporte intermunicipal da Grande Florianópolis). O executivo, que também é proprietário da Biguaçu Transportes acredita que o sonho dos usuários do sistema é ter um carro para conseguir traçar maiores distâncias com mais rapidez, autonomia e segurança.

— A maneira como nossa região se desenvolveu priorizou o transporte individual, fomentando esse desejo — diz.

Ele ressalta que a falta de planejamento resulta em grandes perdas para a população e para a economia. O que está em jogo, segundo o empresário, é a qualidade de vida, as horas no trânsito e a viabilidade de milhares de oportunidades de emprego.

“Se dentro dos próprios municípios pode ser um desafio utilizar diariamente o transporte coletivo, imagine quem se desloca entre eles na região metropolitana – Leo Mauro Xavier Filho, proprietário da Biguaçu Transportes

O executivo acredita ainda que é preciso uma coordenação estadual para promover a integração e melhorar o serviço. 

— Na Região Metropolitana de Florianópolis, muito além da existência ou falta de melhores disponibilidades de transporte entre os municípios, os custos de redes que não se integram entre si também impossibilitam a mobilidade de grande parte da população — afirma.