Exposição coletiva Bordados para Meyer Filho – Organização Linhas do Corpo – Projetos Bordados;
Livro Lendas da Ilha de Santa Catarina – Bebel Orofino e Gelci José Coelho (Peninha) com ilustrações de Letícia Martins;
Exposição individual Ínsula: trilhas e traços da magia – de Letícia Martins.
Participação especial da contadora de histórias Andrea Rihl com o Frankolino e Carina Scheibe na gaita.
São as novas iniciativas do Movimento Baile Místico que contam com o apoio do MESC, da Associação Floripamanhã, Instituto Meyer Filho e Grupo Linhas do Corpo – Projetos Bordados. As exposições ficam em cartaz de 24/03 a 13/04.
Ainda no rastro das homenagens ao grande artista Ernesto Meyer Filho na passagem de seu centenário de nascimento (1919-1991) o Movimento Baile Místico traz agora a Exposição Coletiva Bordados para Meyer Filho, organizada por Linhas do Corpo – Projetos Bordados. A exposição reúne 29 trabalhos inéditos criados por artistas – todas mulheres – que realizaram um mergulho na obra de Meyer Filho trazendo à tona seus personagens mitológicos em seus cenários fantásticos.
As integrantes do Linhas do Corpo – Projetos Bordados são amantes da cultura e mitologia do nosso lugar e são parceiras do Baile Místico desde a sua primeira edição em 2019.
Quando Ernesto Meyer Filho foi escolhido como o homenageado de 2021, as bordadeiras criaram esta coleção que foi especialmente idealizada a partir do estudo da obra e o seu universo fantástico. “Com seu mundo fantástico, planeta Marte, erotismo, luas, sóis, o mundo vegetal, mineral e animal, figuras híbridas e jogo de cores, foi transportando as bordadeiras para um mundo onde o real e o imaginal se encontram e se complementam”, explica a coordenadora da exposição, Susan Mariot.
São 29 mulheres e 29 formas únicas de bordar. São elas: Andrea V. Zanella, Carin Iara Loeffler, Carol Grilo, Maria Dolores Ripoll Tavares Leite, Eliâne Carin Hadlich, Eliziana Vieira e Araújo, Eneida Soares de Macedo, Flávia Vieira Guimarães Orofino, Gabriela Cavalheiro, Jany Vilas Bôas, Márcia Mendonça, Maria Jaqueline Maffazioli, Marilde Juçara da Fonseca, Myriam Liége Guaraldi Bohrer, Myrian Maciel de Carvalho, Norma Bruno, Olga Celestina da Silva Durand, Olinda Evangelista, Paula Marimon, Paula Schlindwein, Priscila Mendes Gobbi, Roberta de Oliveira Pereira, Rozi Couto, Silvana Maria Scheuer Becker, Silvia Zanatta Da Ros, Susan Mariot, Maria Cristina Fernandes Faria (Tina), Vera Faria, Sofia Blauth.
“A intensidade daquilo que conhecemos, o impacto com o místico e mítico da Ilha, foi como um portal para o convite que recebemos: bordar Meyer Filho para o Baile Místico!”, relata Susan Mariot.
“Essas mulheres e sua arte bordada mostram ao mundo enrijecido por moldes estreitos na forma de viver, que fazemos arte, a arte têxtil. Representamos as mulheres que outrora eram desvalorizadas em sua manualidade, e mostramos ao mundo que com linha, tecido e agulha, podemos criar um tecido coletivo forte. Cada vez mais o bordado está em galerias de arte, universidades, na moda, alta costura, em projetos para a comunidade e até como expressão política”, comenta Susan Mariot.
Os pesquisadores da cultura popular local, Bebel Orofino e Gelci José Coelho (Peninha) lançam livro sobre as lendas e os personagens da mitologia local. As ilustrações são de Letícia Martins.
Terra dos casos e ocasos raros, a nossa Ilha de Santa Catarina guarda centenas de histórias, crendices, lendas com personagens encantados, malucos, extraterrestres e espíritos da natureza. São crendices populares ancestrais. Uma tradição que mescla as culturas tupi-guarani, açoriana e africana com um elenco enorme de personagens incríveis. São benzedeiras, bruxas, bruxos, boitatás, vacatatás, cabratatás, ondinas, sereias, lobisomens, mulas sem cabeça, almas penadas, fantasmas, faunos, floras, monumentos megalíticos e outros. Por isso dizem que ela é a Ilha da Magia.
O livro Lendas da Ilha de Santa Catarina se insere no campo da cultura popular local e tem como tema o mito e a magia. O propósito é dar visibilidade para o Patrimônio Cultural Imaterial do litoral de Santa Catarina o qual é reconhecido pelo Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC) do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) no grupo Crendices e Literatura Popular que inclui: causos, contos, lendas e histórias de boitatá, bruxas, lobisomem, mula sem cabeça, aparições, benzeduras e outros Aqui na Ilha o acervo mescla as narrativas de origem tupi-guarani e africana aos de origem luso-açoriana.
O livro traz um mapeamento das culturas de base da Ilha de Santa Catarina com um ensaio sobre a mitologia local e um acervo de 50 lendas e contos populares. A proposta é oferecer um retrato sobre o tema do mito e magia na Ilha para a sua preservação e difusão. E atender a quem atua em educação, artes, cultura, gastronomia, turismo, economia criativa, ecologia e outros.
“O livro Lendas da Ilha de Santa Catarina, escrito por Bebel Orofino e Gelci (Peninha) José Coelho, deveria ser adotado como obra didática nas escolas e servir de base a produções na internet, cinema, crônicas e a tantas outras criatividades de que Floripa carece”, comenta o jornalista e escritor Laudelino Sardá. “Cada capítulo é uma animação literária que precisa ser difundida junto às gerações para estimular ideias e o cultivo do nosso precioso folclore. Além das bruxas e boitatás – figuras de proa das nossas lendas e estórias – a obra reúne prosas de provocar extensas risadas. Imagina, por exemplo, você ser chamada de Jardipa porque a sua mãe adorava jardim; a cadela que amamentou dois tatuzinhos na Ilha do Campeche, de onde uma raiz de mandioca atravessou o mar, versão do loroteiro Nazareno; a lenda do padre que morreu afogado em Rio Tavares e que tornou a Picada da Cruz numa trilha assombrada. Até surfistas dizem ter visto o vigário fantasmagórico”, comenta Sardá, com entusiasmo.
A delicadeza do traço, o jogo de luz e sombra e a minúcia nos detalhes encantam os olhos de quem se depara com as ilustrações do livro Lendas da Ilha de Santa Catarina produzidas pela artista plástica Letícia Martins. Neste trabalho, que marca a sua estreia na cena artística local, seus desenhos à bico de pena dão vida aos personagens da mitologia da Ilha em suas quimeras, espantos e experiências sobrenaturais.
Letícia Martins deu vida aos personagens das narrativas coletadas por Bebel Orofino e Gelci José Coelho buscando um limiar com as imagens produzidas pelo mestre Franklin Cascaes. E apresenta as bruxas voando livres, a emoção do susto provocado pelo lobisomem, o fascínio exercido pelas ondinas e os voos rasantes do boitatá pelas paisagens da Ilha em tempos atrás, tempos de outrora.
“Que grata surpresa é conhecer o trabalho de Letícia Martins assim, pelas veredas do mistério, do lusco-fusco do anoitecer, no jogo de luz e sombra das noites de luar, na sensualidade da rosa nas mãos de Rosália, a bruxa. Tudo no trabalho de Letícia Martins é encantamento”, comenta Peninha, encantado. E nasce aí mais uma estrela do mito e magia nas artes catarinenses. A exposição reúne desenhos à bico de pena e pinturas em óleo sobre tela com personagens do universo fantástico da nossa Ilha e suas histórias encantadas e misteriosas.
O Baile Místico é um projeto colaborativo criado em 2019 que surgiu do desejo de debater a cidade e aconteceu em 4/10/2019 para marcar a passagem dos 125 anos da Revolução Federalista e seus eventos: o massacre de Anhatomirim e a mudança de nome de Nossa Senhora do Desterro para Florianópolis. Um episódio super dramático na história local. Uma história de guerra. A aula-performance Berro pelo Desterro: fantasmas de Anhatomirim abriu a programação, seguida de debates e fechando com o cortejo alegórico Grande Baile Místico.
Como a data histórica é 1 de outubro de 1894, justo no mês das bruxas, as catervas locais resolveram assumir o seu lugar de verdadeiras anfitriãs de qualquer festa aqui na Ilha. Pois as bruxas de fora estão invadindo com um tal de halloween, uma loucura!
O baile é um grito de glória para a Ilha de Santa Catarina, sua natureza e cultura. A referência para o projeto é Baile de Bruxas em Itaguaçu, do Peninha, que dispensa apresentações. A lenda fala de um lindo e democrático baile em que todos os seres sobrenaturais foram convidados, menos o diabo. Ele então, vingativo, transformou as bruxas em pedra. E o feitiço virou contra o feiticeiro! A paisagem local, de belíssima que era, ficou de tirar o fôlego com o monumento megalítico que recebeu.
Mas a pandemia exigiu mudança de formato. Em 2020 foram publicados livros e vídeos. E em 2021, a Câmara Municipal aprovou por unanimidade a Lei 10.790 que instituiu o Outubro Místico: mês da magia na Ilha. E o grupo organizou, no Edifício Comasa, na Felipe Schmidt – coração da cidade, um enorme mural de arte de rua em homenagem a Ernesto Meyer Filho em seu centenário; ele que continua a ser o nosso galo cósmico e embaixador plenipotenciário em Marte. O Baile Místico honra o universo fantástico da Ilha e litoral de Santa Catarina.
Essa iniciativa voluntária, de caráter apartidário, plural e ecumênico, é voltada à promoção dos compromissos da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Composto por mais de 500 signatários e presente em 54 municípios, o movimento atua por uma sociedade inclusiva, ambientalmente sustentável e economicamente equilibrada. Várias ações desenvolvidas pela FloripAmanhã estão diretamente vinculadas aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
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