Apesar das dificuldades sanitárias e de mercado provocadas pela pandemia, a Prefeitura de Florianópolis conseguiu manter os indicadores de reciclagem em 2021. De acordo com a Superintendência de Gestão de Resíduos da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smma), foram recuperadas 18,4 mil toneladas de resíduos pela coleta seletiva de recicláveis secos e orgânicos.
O melhor desempenho da capital que mais recicla foi na fração de orgânicos, com crescimento de 54% na quantidade de resíduos verdes e restos de alimentos encaminhados para compostagem e produção de cepilho.
A quantidade de rejeito encaminhada ao aterro sanitário se manteve em 188 mil toneladas, mesma registrada em 2020. O aumento de 2 mil toneladas na movimentação geral de resíduos, de 205 mil para 207 mil toneladas, se deve ao melhor desempenho da coleta seletiva, resume o superintendente de Gestão de Resíduos, Ulisses Bianchini.
Ele explica que, com o aumento do trabalho de catação informal em 2021, os indicadores de reciclagem de Florianópolis, na prática, são ainda melhores. Estima-se que o equivalente a um terço da coleta seletiva pública foi recolhido pela coleta clandestina. São materiais que podem ter sido encaminhados para a reciclagem, mas não são mensurados nos indicadores municipais porque não passaram pela balança do Centro de Valorização de Resíduos (CVR), no Itacorubi.
Nove mil caminhões deixaram de ir ao aterro
O total destinado à coleta seletiva corresponde à carga de 9 mil caminhões compactadores que deixaram de ir para o aterro sanitário. Daria para fazer uma fila de sul a norte na Ilha de Santa Catarina e ainda sobraria 10 quilômetros de caminhões carregados com recicláveis. Com a decisão dos moradores de separar e dispor resíduos para a coleta seletiva, a cidade ganhou mais de R$ 8 milhões, entre o que deixou de gastar com transporte e aterro sanitário e o valor social gerado com a reciclagem e a compostagem.
Sem contar a melhora na pegada ambiental e a mitigação dos efeitos de clima. São cerca de 36 mil toneladas de gases poluentes que deixaram de ser emitidas com a reinserção dos recicláveis secos ao ciclo econômico e dos orgânicos à natureza.
“Defesa ambiental começa com a reciclagem dos hábitos. O bom cidadão começa hoje, agora, separando os resíduos. Aliás, os ótimos cidadãos de Floripa já praticam, por isso somos a capital que mais recicla. Veja a reciclagem do vidro, dobrou em 2020 e aumentou mais 40% em 2021”, afirma o secretário municipal do Meio Ambiente, Fábio Braga. Com a coleta seletiva, em Florianópolis são desviados do aterro sanitário 9% do total de resíduos movimentados pela Smma.
Pegada de carbono
Em 2021, foram recuperadas 18,4 mil toneladas de resíduos pela coleta seletiva de recicláveis secos e orgânicos e a meta é quintuplicar essa quantidade até 2030.
Os produtos pós-consumo estão no centro das medidas para uma economia mais regenerativa e de baixo carbono. Com a adesão e engajamento às metas lixo zero 2030, os cidadãos de Floripa deixarão de mandar 100 mil toneladas de resíduos para o aterro sanitário, o que equivale a menos 200 mil toneladas de carbono equivalente/ano.
Além de diminuir as emissões de gases poluentes e, portanto, mitigar o impacto sobre o clima, as metas lixo zero permitirão elevar os ganhos sociais com a reciclagem de R$ 8 milhões para R$ 47 milhões/ano. Entre o que o município deixa de gastar com aterro e a renda gerada com os recicláveis.
Seletiva flex
Para levar a seletiva mais vezes e mais perto do usuário, foram investidos R$ 10 milhões em coleta seletiva entre 2020 e 2021. Com isso, foi possível ampliar a rede de entrega voluntária de resíduos (hoje são mais de 100 PEVs de vidro e cinco Ecopontos) e implantar a coleta porta a porta em quatro frações: recicláveis, só vidro, orgânicos compostáveis e rejeito.
Os resultados já são sólidos e compensadores. No Itacorubi, por exemplo, onde foi implantada a seletiva flex só de vidro e de orgânicos, o indicador de reciclagem mais do que triplicou. Na média da cidade, 9% dos resíduos totais são coletados de forma seletiva e, portanto, desviados do aterro sanitário. No Itacorubi, o percentual de recuperação pela reciclagem já está em 28%.
No total da cidade, a quantidade total de resíduos movimentados pela Smma/Comcap passou de 205 mil para 207 mil toneladas, mas pela primeira vez, o crescimento foi pelo aumento nos percentuais da coleta seletiva. A quantidade de recicláveis secos teve ligeira baixa de 12 mil para 11 mil toneladas, mas a recuperação de orgânicos aumentou de 4.657 para 7.201 toneladas.
Com a implantação da seletiva de verdes em 2020 e da seletiva flex só de orgânicos em 2021, Floripa aumentou em 54% a coleta e processamento de resíduos orgânicos.
Capacitação das equipes
A Smma está capacitando todas as equipes de coleta seletiva com procedimentos operacionais padrão (POP), informa o gerente de Coleta, José Vilson de Souza. Até agora, já foram treinadas 12 do total de 18 equipes.
De acordo com a gerente da Coleta Seletiva, Tamara Gaia, a seletiva flex Floripa conta com oito modalidades de prestação de serviço entre coleta de porta em porta e por entrega voluntária. São 49 roteiros de coleta seletiva, 14 equipes (motoristas e garis) trabalham durante o dia e quatro à noite.
Seletiva flex Floripa:
– 104 pontos de entrega voluntária (PEVs) de vidro em toda a cidade
– coleta de orgânicos em bombonas no Monte Verde ( 22 pontos), Monte Cristo (17 pontos), Ribeirão da Ilha (17 pontos), Morro do Quilombo (17 pontos) e Ratones (30 pontos ao final da implantação)
– seletiva flex só de vidro (caminhão satélite) no Itacorubi e Córrego Grande
– seletiva flex só de vidro para 800 bares, restaurantes e padarias em vias gastronômicas do Centro, continente, Bacia do Itacorubi, Lagoa, Santo Antônio e Sul da Ilha
– seletiva flex só de orgânicos no Itacorubi e Córrego Grande
– seletiva de verdes (podas) em toda cidade, 10 vezes por ano em cada bairro
– seletiva só de vidro com compactador uma vez por semana Jurerê, Daniela, Canasvieiras, Ponta das Canas, Cachoeira, Brava, Canto do Lamim, Vargem Grande, Ingleses Norte e Campeche
– seletiva de embalagens (metal, plástico, papel/papelão) de porta em porta em toda cidade. Uma vez pelo menos por semana em toda cidade, duas vezes nos bairros mais adensados e seis vezes no Centro
– Ecopontos no Itacorubi, Canasvieiras, Morro das Pedras, Capoeiras e Monte Cristo.
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(PMF, 01/02/2022)
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