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Confira como foi o I Encontro Internacional de Territórios Criativos para o Desenvolvimento Sustentável

O I Encontro Internacional de Territórios Criativos para o Desenvolvimento Sustentável origina-se no ano de comemoração do Ano Internacional da Economia Criativa promovido pela ONU em conjunto com 82 países em prol dos objetivos do desenvolvimento sustentável. Para celebrar a data e potencializar esta tipologia urbana, o grupo VIA Estação Conhecimento do EGC-UFSC, em conjunto com a UrbsNova – gestora do Distrito C – Distrito Criativo de Porto Alegre, apresentam a proposição de um evento denominado I Encontro Internacional de Territórios Criativos para o Desenvolvimento Sustentável. O primeiro encontro internacional de territórios criativos aconteceu entre o dia 18 e 19 de novembro de 2021 com um público aproximado de mil inscritos.

Sem fronteiras: 20 palestrantes, 9 países
Na manhã de quinta-feira, o evento iniciou com a abertura dos organizadores:

Clarissa Stefani Teixeira, Doutora e pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento e líder do grupo de pesquisa, Via-Estação do Conhecimento com foco em habitats de inovação e empreendedorismo (via.ufsc.br).

Jorge Piqué, Diretor da Urbsnova – Agência de Design Social e Inovação, desenvolveu vários projetos, entre eles Via Eixample, em Barcelona, e desde 2013, o Distrito Criativo de Porto Alegre.

A abertura do evento contou com a convidada Edna Duisenberg, Economista e diplomata internacional aposentada da ONU. É Vice-Presidente da Federação Internacional das Associações de Multimedia (Canadá) e conselheira associada ao Instituto das Nações Unidas para Pesquisa e Formação (UNITAR). Membro do Conselho Internacional do Centro de Políticas e Evidencia das Indústrias Criativas (PEC/NESTA) em Londres, Reino Unido. Com sua vasta experiência e trajetória profissional, a convidada fez uma retrospectiva sobre os últimos vinte anos da Economia Criativa. Edna pontuou sua fala, a partir de cinco dimensões: – as mudanças de paradigmas estabelecidas pela sociedade do conhecimento; – ênfase da economia criativa como uma alternativa para o desenvolvimento; – o Plano Brasil Criativo; – a inovação, inclusão e sustentabilidade, por último a Pandemia e ações necessárias no contexto de recuperação e desafios.

Edna, destacou a importância da diversificação das economias, a adaptação às novas dinâmicas da sociedade do conhecimento e a conectividade como fatores indissociáveis. Tais elementos determinaram uma estruturação taxonômica e sistematização de dados através dos organismos internacionais, a Unctad e Unesco, com vistas à elaboração de políticas, programas e ações sob uma perspectiva multidisciplinar para a economia criativa. Um dos aspectos principais colocados pela economista foi a explicação do percurso e das transformações ocorridas através da economia criativa, determinantes para a inserção na agenda política de diversos países. Principalmente, no contexto pós-pandêmico repensar a recuperação, através de iniciativas e pautas lideradas pela economia criativa.

Na sequência, Jorge Pique, já apresentado no inicio do texto, fala sobre a experiência de implementação de um Distrito Criativo. O Distrito Criativo ou Distrito C é uma proposição com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento econômico, com vistas a qualificar e divulgar todos os artistas e empreendedores de Economia Criativa, do Conhecimento e da Experiência,  que fazem parte do coletivo. A ênfase, desta apresentação ocorre com as experiências de Jorge com o Distrito Criativo, em Porto Alegre. Pois,  permite direcionar a disseminação desta tipologia atento a projetos pensados e articulados com as realidades e particularidades locais dada a unicidade do território.

Territórios Criativos em pauta!

Na ordem, a convidada Kate Pittman, Diretora Executiva do ViBe Creative District desde 2016. A convidada apresentou o distrito, que existe para promover, apoiar, conectar e inspirar as artes e Industrias Criativas para impulsionar a economia local e melhorar a qualidade de vida de Virginia Beach. O distrito origina-se a partir de um recorte geográfico definido pelo Conselho Local da cidade, sem fins-lucrativos liderado a partir de uma governança local da comunidade. As principais proposições são promover e facilitar as conexões entre os artistas locais, criativos e comunidade de pessoas e negócios, com isso gerar maior engajamento na comunidade. O ponto alto é analisar como a tipologia de distrito criativo é conduzido como política pública nos Estados Unidos da América, em especial, coesa aos princípios democráticos defendidos pelos cidadãos americanos, merece atenção que é um dos países com número significativo de distritos criativos distribuídos em diferentes regiões do país.

No incio da tarde do dia 18, o evento prosseguiu com a seção de apresentação de pesquisas, com a mediação de Fabiane Weiler, pós doc do PPGEGC e integrante do grupo VIA. Com a  apresentação de alguns dos trabalhos selecionados para compor o livro com o tema do evento. Compuseram a mesa, Dra Mariella Pitombo, Dr Cristiano Figueiró, Dr Francisco Rosário e Msc Danisson Reis. Infere-se das apresentações: – ênfase para o sentido do território; – a função social da música com a implementação de política pública de cultura e suas repercussões territoriais; – compreensão do mercado e potencialidades do setor criativo; – a importância de conhecer a economia criativa sob uma ótica local e analisar as particularidades que  caracterizam o território no âmbito da economia criativa.

Nessa ordem, a seção subsequente foi mediada pela Advogada e urbanista, doutoranda do PPGEGC, Agatha Dapiné,  com a participação do Dr Pedro Alves Coordenador da licenciatura em Cinema da Universidade Católica Portuguesa (Lisboa – Portugal),  com o tema “A importância da produção cultural e artística no desenvolvimento territorial: um olhar a partir do cinema e da educação”. O destaque desta seção foi, o percurso de análise das Cidades Criativas da Rede Unesco chanceladas através do Audiovisual/Cinema e como contribuem para distintas dimensões sociais e econômicas do território, com vistas a alcançar a inclusão de público vulnerável, recuperação entre setores econômicos da cultura e outros setores inter-relacionados orientados aos objetivos do desenvolvimento sustentável com o propósito de produzir conexão e proximidade com as pessoas. O pesquisador também pontuou a importância do Plano Nacional das Artes (PNA) uma estratégia e um manifesto para o período 2019-2024, que procura desenvolver processos educativos, dos quais, os alunos são co-construtores do conhecimento. Também comentou sobre o Plano Nacional de Cinema integrado ao PNA com a intenção de atender diagnósticos de acesso em diferentes espaços territoriais, como o rural, com a necessidade de ampliar a inclusão, tanto quanto a área urbana.

Na mesma seção, também contribuiu Miguel Forlin, crítico e professor, que abordou como o cinema contribui para a ampliação da percepção de sentidos para o espaço urbano. Utilizou como exemplo, o Pós-Guerra, com recortes fotográficos e fílmicos das pessoas e suas impressões no uso cotidiano dos espaços.

Duas afirmativas de encerramento da seção expostas pelos convidados merecem ser descritas:

“A cultura e as artes são campos de descoberta e campos de experimentação”. (Miguel Forlin)

Pedro Alves afirma:

“É preciso usar a cultura e as artes para diversificar as percepções e não para dar um sentido único através dela”.

Logo, acompanhamos a experiência de territórios criativos com a trajetória do Bronx – Distrito Criativo promovido pela Alcadía de Bogotá. Margarita Díaz, Diretora Geral da Fundação Gilberto Alzate Avendaño, foi a convidada responsável em narrar os principais aspectos na trajetória do Bronx. O distrito originou-se em 2016, com uma necessidade de transformar o território com um histórico de exclusão social e econômico. Através da arte e cultura, este espaço foi transformado com base no respeito à memória do lugar e colaboração de diferentes agentes no processo. Reflexo da construção, que ocorreu através de ativação, motivação e intervenção artística com eventos e estratégias de criação da comunidade, acompanhamento e formação de alianças estratégicas.

Margaritá encerrou com uma afirmação importante:

“Um distrito criativo é uma aposta da cidade”.

Em seguida, a experiência de Quito (Equador) com Angélica Arias, Diretora do Instituto Metropolitano do Patrimônio expôs o tema “Participação cidadã para o planejamento e ação nos centros históricos” a principal pauta na apresentação de Arias, foi compreender o Centro Histórico com ampla localização da dinâmica econômica e social, além da elaboração do Plano para o Centro Histórico como passo primordial na concepção do Centro Histórico com o fortalecimento da comunidade local em torno de um desenvolvimento econômico, produtivo, inclusivo e cultural, assim projetar-se como referência em gestão e patrimônio. Para tal, destacou o papel da boa governança entre os atores de uma agenda inspirada na cultura para a transformação territorial.

Por fim, o encerramento das seções ocorreu com Greg Richards Professor de Placemaking e Eventos Breda University of Applied Sciences e Professor de Estudos de Lazer na University of Tilburg. Criador do conceito de Turismo Criativo (Tilburg, Holanda), o qual apontou a importância de interpretar o turismo sob a ótica contemporânea  e da valorização das especificidades territoriais na construção de experiências, memória e conexão.

Até aqui te pergunto: Está esperando o quê para maratonar o primeiro dia da web conferência?!

O segundo dia de evento, ocorrido em 19/11/2021, iniciou, após o momento de recepção, com a temática do desenvolvimento de economias criativas sustentáveis na África, com foco no papel dos intermediários criativos. O painel foi conduzido por Marcus Rocha, Coordenador Executivo do Distrito Criativo Estreitar e Conselheiro da Associação Empresarial de Florianópolis, que mediou a conversa com Roberta Comunian, pesquisadora em Economia Criativa no King’s College London – London – United Kingdom. Roberta expos uma visão geral do projeto desenvolvido na África, apresentando a equipe, o escopo, a metodologia e o cronograma, tratou sobre o papel emergente de intermediários criativos na África e evidenciou desafios existentes para os mesmos, além de abordar outros assuntos pertinentes à economia criativa no país.

Após isso, a conversa foi mediada pelo Magnus Emmendoerfer, membro da GDTeC-UFV, de Viçosa – Minas Gerais – Brasil, e pela Mary Asthon, professora da Universidade FEEVALE, de Novo Hamburgo – Rio Grande do Sul – Brasil. Houve a participação de Susy Silva, atuante no Departamento de Inovação e Economia Câmara Municipal de Lisboa, que presta apoio ao ecossistema de Portugal a partir de estratégias públicas. Neste painel, Susy expos sobre a temática de como potencializar a criatividade nas cidades, a partir de experiências em regiões metropolitanas, com destaque para o caso de Lisboa. Susy ressaltou que a ideia de Lisboa é tratar a cidade como um laboratório, diante do trabalho cooperativo. A partir de uma parceria com a Universidade de Lisboa, visa-se criar um Safe Space (Espaço Seguro) na cidade, que permita os alunos utilizarem seus conhecimentos em um espaço de experimentação, que é a cidade. Ainda, seguindo a temática de experiências em regiões promissoras, houve a participação de Carlos Alcobia, que expos sobre caso do Buinho Creative Hub, no Baixo Alentejo, em Portugal. Carlos conduziu a conversa apresentando sobre as diversas atividades desenvolvidas no Buinho e demonstrou que não visam apresentar soluções prontas, mas trabalhar e adaptar as atividades a partir do que já existe, considerando as oportunidades locais, a partir do trabalho em rede e da promoção a colaboração com a comunidade local, principalmente.

Ao final da manhã, Adriana Padilla Lea, vice-ministra da Criatividade e Economia Criativa da Colômbia, explanou sobre as áreas de desenvolvimento laranja como uma ferramenta para transformação do território na Colômbia. Adriana tratou da importância da articulação entre os atores no ecossistema, afirmando que o olhar para a comunidade e esta articulação entre os atores permite transformar ideias em um mundo de possibilidades. Além disso, ressaltou o papel da criatividade, afirmando que o distanciamento entre as pessoas pode ser físico, mas nunca pode ser um distanciamento de criatividade, e que a intuição aliada a informações confiáveis torna-se uma força poderosa para a criatividade e para facilitar a ação de empresários, investidores e empreendedores na tomada de decisões.

A tarde iniciou com a fala de Josep Miquel Piqué, presidente da La Salle Technova Barcelona – Parque de Inovação La Salle, presidente fundador da XPCAT (Rede Catalã de Parques Científicos) e vice-presidente da APTE (Rede Espanhola de Parques Científicos e Áreas de Inovação). A temática tratada por Josep foi sobre os elementos potenciais para o desenvolvimento territorial, assim, abordou sobre as cidades do conhecimento em cidades inteligente, com foco no caso do distrito 22@ de Barcelona. Josep ressaltou que as cidades são espaços de talentos, de modo que os talentos são a base da economia do conhecimento e ao serem combinados com a tecnologia podem desenvolver diversas atividades. Diante disso, tratou da indústria criativa, expondo que qualquer produto criativo necessita de uma audiência, por isso, a necessidade de implantar instituições para o desenvolvimento, ou seja, agentes que acreditam no ecossistema para viver e trabalhar. Por fim, para ele, quanto mais diferentes as pessoas são, mas disruptivas podem ser.

Distritos Criativos marcam presença

Seguindo a tarde, houve a participação como mediadora das conversas a Clarissa Stefani Teixeira, onde foi feita uma introdução sobre conceitos de inovação, distrito criativo e habitats de inovação. Após, a professora recebeu Marcus Rocha, coordenador executivo do Distrito Criativo Estreitar e Conselheiro da Associação Empresarial de Florianópolis, e Rodrigo Décimo, vice-prefeito da cidade de Santa Maria – Rio Grande do Sul – Brasil. Marcus, em uma visão do poder privado, apresentou sobre o Distrito Criativo Estreitar, expondo principalmente sobre a localização (Florianópolis), a história, a proposta de valor, os eixos de atividades e os atores envolvidos do mesmo. De forma semelhante, mas sob o olhar do poder público, Rodrigo falou sobre o Centro Histórico Ferroviário de Santa Maria, o primeiro Distrito Criativo da cidade, fazendo uma abordagem inicial sobre o ecossistema de inovação em que o Distrito se insere e em seguida sobre o seu papel.

Após isso, o evento teve a participação de Hiparcio Stoffel, diretor-geral no Escritório de Desenvolvimento de Projetos no Governo do Rio Grande do Sul, o qual foi recebido por Clarissa Stefani Teixeira e Jorge Piqué, organizadores do evento. Hiparcio tratou da apresentação sobre o projeto ICONICIDADES, um movimento socioeconômico pela ressignificação de espaços icônicos, que objetiva estimular a inovação e a economia criativa, criar ou recriar espaços icônicos, incentivar o engajamento social e empreendedor e contribuir para o desenvolvimento socioeconômico das cidades. Para isso, o palestrante direcionou sua fala na intenção de demonstrar o que é o projeto ICONICIDADES, especialmente no contexto dos territórios criativos, seu desenvolvimento, seu fortalecimento e suas heranças e como potencializar as atividades da economia laranja.

Partindo para o final do segundo dia de evento, a professora Clarissa Stefani Teixeira recebeu Cristiano Max, coordenador do Laboratório de Criatividade FEEVALE e fundador da Rede Ibero-Americana de Pesquisa em Economia Criativa no Rio Grande do Sul – Brasil, e João Luiz de Figueiredo, professor do Mestrado Profissional em Gestão da Economia Criativa da ESPM-Rio e líder do Laboratório Criativo de Economia, Desenvolvimento e Território no Rio de Janeiro – Brasil. O foco deste painel foi tratar sobre a Rede Ibero-Americana de Pesquisa em Economia Criativa. Portanto, inicialmente, Cristiano expos sobre a história de criação da Rede e levantamentos, mapeamentos e estudos em economia criativa no estado do Rio Grande do Sul. Em seguida, João Luiz deu continuidade às exposições sobre economia criativa, abordando sobre seus antecedentes, seu potencial, suas dimensões, dentre outros aspectos.

Por fim, houve a conferência de encerramento do evento, na qual foi debatida a temática do nexo local-global da Economia Criativa. Nesse momento, Edna dos Santos Duisenberg, economista, consultora em Política Internacional, Economia Criativa e Desenvolvimento e diplomata internacional aposentada da ONU, participou do encontro e intermediou a conversa com o palestrante Andy Pratt, professor de Economia Cultural e Diretor do Centro de Cultura e Indústrias Criativas na University of London, membro da Royal Society of Arts, Fellow da Royal Geographical Society e Acadêmico da Academy of Social Sciences Industries Moderadora. As principais ideias da apresentação de Andy, de forma resumida, se basearam na questão da identidade com um lugar, a organização e o controle da economia criativa, tipos de desenvolvimento deste contexto, valores econômicos, sociais e culturais e sustentabilidade.

Acompanhe o VIA Estação do Conhecimento: em breve será publicado o livro com os artigos apresentados durante o evento.

(VIA – Estação Conhecimento, 24/11/2021)

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