As comissões de Economia, Ciência e Tecnologia e de Turismo e Meio Ambiente da Assembleia Legislativa discutiram na manhã desta terça-feira (19) ações para facilitar e aumentar a quantidade de carros elétricos em circulação em Santa Catarina, transformando o estado como referência.
Durante a reunião de trabalho, professores do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) apresentaram o projeto “Inserção de Veículos Elétricos em Frotas Públicas, através da Conversão de Veículos a Combustão”. Trata-se de uma iniciativa da instituição de ensino superior em parceria com a Celesc. Igualmente foi cedido um veículo elétrico para a Alesc para fins de experiência.
O projeto “Converte” possui vários parceiros e o objetivo é também ter a parceria da Assembleia Legislativa, o que já recebeu a aprovação do presidente da Casa, deputado Mauro de Nadal (MDB). Desenvolvido pelo campus de Florianópolis, o projeto foi aprovado pela Aneel em 2019 e sua formulação envolveu 35 profissionais de educação, incluindo dez alunos bolsistas e dois mestrandos.
Um dos propósitos é tornar os carros elétricos mais acessíveis à classe média, reduzindo os custos. O IFSC apresentou o primeiro carro elétrico produzido por uma instituição de ensino pública.
O presidente da Comissão de Turismo e Meio Ambiente, deputado Ivan Naatz (PL), parabenizou os profissionais catarinenses pela iniciativa. Disse ter dúvidas em relação à posição do governo do Estado porque uma eventual redução de carros à combustão, num primeiro momento, acarretaria em diminuição de arrecadação por meio do ICMS. “Hoje o cidadão paga muito caro por um veículo elétrico que ainda está oferecendo pouca autonomia”.
Para o presidente da Comissão de Economia, Ciência, Tecnologia, Minas e Energia, deputado Jair Miotto (PSC), caberia aos deputados fazer a ponte com o poder executivo para articular maiores incentivos. “É muito importante que tenhamos a economia e o meio ambiente andando juntos”.
A deputada Marlene Fengler (PSD) parabenizou o IFSC pela iniciativa e disse que essas inovações representam um orgulho para Santa Catarina. Enfatizou que os deputados devem ser parceiros para auxiliar na parte legislativa.
Coordenação técnica
De acordo com o coordenador do Projeto Converte do IFSC, Adriano Andrade Bresolin, não há legislação apropriada em relação à conversão para carros elétricos. Ele ressalta a importância do apoio da Alesc, ao perceber uma dificuldade legislativa em toda a América Latina.
Adriano acredita que um maior incentivo poderia proporcionar redução de custos nos veículos, gerando mais vendas e movimentando a economia. “Isso poderá compensar as perdas de impostos advindas da venda de combustíveis”.
Segundo o professor, atualmente já haveria a possibilidade de trocar um motor à combustão por um elétrico nos automóveis. Ele informa que Santa Catarina fabrica eletropostos numa parceria da Weg com a Celesc.
Exemplificou que devido aos poucos incentivos governamentais, o carro que no âmbito mundial custa R$ 70 mil, no Brasil custaria R$ 270 mil. “Já há baterias com tecnologia de recarregar em seis minutos, com autonomia de percorrer até 500 quilômetros e uma vida útil de 30 anos”.
Para o coordenador do grupo de estudos de legislação em veículos elétricos do IFSC, professor James Silveira, uma inovação tecnológica avançará quando alcançar as maiorias. Ele ressalta que o objetivo é tornar Santa Catarina um estado pioneiro e incentivar a vinda de empresas do ramo. Para isso seria necessário a redução de impostos. “O futuro já chegou e é elétrico”, destaca James.
Eficiência energética e economia
A ideia é de que até 2060 o Brasil abandone os carros à combustão. No Reino Unido essa projeção é 2030. Uma tendência é de que os chineses em breve dominem o mercado de carros elétricos. O Brasil é considerado um dos países que menos incentiva os carros elétricos, tendo apenas a Weg, empresa catarinense, produzindo equipamentos para esses carros. No litoral de Santa Catarina já há uma relação de eletropostos.
Para James Silveira, atualmente a economia com um carro elétrico seria seis vezes maior em comparação com os veículos tradicionais.
Outro fator destacado pelo professor é o de não impactar ambientalmente, pois não haveria emissão de gases nocivos ao meio ambiente (CO2). Aos que alertam sobre a possibilidade de faltar energia, o professor enumerou vários formatos de energias renováveis ainda pouco ou nada explorados.
(AGÊNCIA AL, 19/10/2021)
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