O grande expediente desta terça-feira (5) foi destinado a receber o professor Paulo Horta para apresentar os dados referentes à Nota Técnica e as análises da água feitas pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) sobre o rompimento da barragem de Evapo-Infiltração da CASAN, ocorrido em janeiro deste ano.
“Existe ainda algo que precisa ser obrigatoriamente definido e esta Casa pode contribuir com esse processo, que é a recuperação e a restauração ambiental da Lagoa e os impactos para além das famílias atingidas, como os pescadores, a rede de pequenos comércios que vive da atividade recreativa da Lagoa e quem vive da Lagoa e a reconhece como uma pessoa”, disse o vereador Marcos José de Abreu – Marquito (PSOL), autor do requerimento.
Na ocasião, o professor Paulo Horta apresentou uma retrospectiva da situação da fauna e flora da Lagoa da Conceição até o dia do desastre e o que mais vem contribuindo para o sufocamento da vida naquele local desde então.
“Com a ajuda de colegas da Universidade Federal do Rio Grande, nós fizemos a análise em algumas dezenas de animais da Lagoa da Conceição da concentração de metais pesados, porque se de fato nós chegamos a ter pouco oxigênio, nós tivemos um processo de acidificação da Lagoa. Se o PH da Lagoa caiu, a disponibilidade biológica de substâncias tóxicas como metais aumenta. Olhando para o resultado, infelizmente é isso que fica observado, especialmente para Chumbo e Cromo. Os valores observados nas brânquias e músculos é muito acima do recomendado nacional e internacionalmente”, explica o professor.
De acordo com Paulo Horta, a exposição a essa concentração de metal representa risco à saúde humana, especialmente àqueles que se expõem por mais tempo há mais tempo. “Aquele morador que come bastante peixe, que está exposto por questões culturais ou por falta de alternativas na situação econômica atual”, destaca.
O docente explica que uma das formas de retirar os metais da água é a realização de biorremediação – processo que usa organismos vivos como microrganismos, fungos, plantas, algas verdes ou suas enzimas para reduzir ou remover contaminações no ambiente.
A alternativa, segundo o professor Paulo Horta, pode ser feita com a ajuda dos pesquisadores da UFSC, da comunidade e da iniciativa pública e privada, beneficiando não só a Lagoa da Conceição, mas toda a população.
”Nós vemos nessa solução baseada na natureza algo que pode representar solução para a Lagoa, mas também uma fonte de ocupação e renda para populações vulneráveis”, afirma. “Empresas podem abraçar a causa, o estado pode estar à frente como um indutor de uma economia regenerativa, colocando Florianópolis numa situação de vanguarda”, completa.
(CMF, 05/10/2021)
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