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07/10/2021
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Da Coluna de Sérgio da Costa Ramos (ND, 07/10/2021)

Nosso mar – tão pacífico sem vento sul – não é, definitivamente, o mar zangado da Bíblia. Aquele mar que Moisés teve que domar e dividir para que seu povo o atravessasse a vau, rumo à Terra Prometida.

Tudo sai do mar e tudo a ele retorna. É o lugar dos nascimentos, das transformações e dos renascimentos. É o lugar onde nasceu a vida, a partir das algas e de seus micro-organismos – todos nascemos no mar, nadando na lagoinha de uma placenta.

Ao nosso mar falta, contudo, o dinamismo dos mares rendilhados por trapiches, nervuras vasculares que ligam os seres humanos ao mundo. Carecemos dessa “escada de embarque” pela qual o homem se põe ao largo na líquida via. Mares como o Egeu, o Mediterrâneo, o Báltico, ou o sossegado braço de mar que entra pela Barra da Lagoa – todos são “estradas” do homem desde a mais remota antiguidade.

Vigora, aqui, um inexplicável descompasso, um sinal “trocado” entre a relação “pessoas/automóvel” e “pessoas/barco”, nesta que é uma ilha de 42 praias bem contadas. Já somos a segunda cidade brasileira na penosa relação “carro-por-habitante”, passando rapidamente da atual marca de um carro para cada 1,8 morador, rumo a delirantes “um-por-um”.

E quantos barcos teremos “por pessoa”, nesta que é uma ilha, como todas, cercada de água por todos os lados?

Não tenho medo de errar. Contando todas as ilhas do mundo, incluídas as de um mar tão antigo quanto o Egeu e suas ilhotas do Dodecaneso, o mar que nos cerca é o “menos navegado” de todo o planeta.

Nem se diga que navegar é um esporte caro. Navegase não somente a bordo de embarcações suntuosas. O mar aceita com boa vontade qualquer caíque flutuante – troncos ocos, cascas de palmeiras, bateras, batelões, canoas açorianas, boias pneumáticas, escunas, lanchas voadeiras – ou até um corpo humano de barriga cheia.

O mar é hospitaleiro. Aceita barco à vela, a motor e a remo. Mas não basta amarrar uma “poita” na proa e largar o amigo flutuante em qualquer “quintal” marítimo: é preciso um “estacionamento”, onde o dono possa melhor amarrar o seu “fusca” ou o seu “rolls-royce”.

***
Até parece que o ilhéu desprezou a herança açoriana de visceral relação com os mares: as primeiras casas da ilha foram construídas de frente para a rua e de costas para o mar. Açores rima com amores, mas até parece que o ilhéu
incorporou antigos pânicos açorianos, associados às erupções vulcânicas do arquipélago.

E, com esse sentimento encravado, acabou nutrindo pelo mar mais temores do que amores…

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