O deputado Ivan Naatz, líder do PL na Alesc (Assembleia Legislativa de Santa Catarina), denunciou a existência de uma facção criminosa dentro do IMA para venda de licenças ambientais com uma ramificação dentro da Câmara de Vereadores da Capital. Uma pessoa específica, com passagens no instituto e em órgãos municipais, atuaria para liberar as obras irregulares, inclusive em Ingleses, alvo de investigações. Além de vender as licenças, esse agente fazia a fiscalização ter “vista grossa” e até segurava autuações. A delegada Beatriz Ribas, responsável pela apuração de todas as irregularidades, foi afastada da presidência do inquérito sem motivo aparente e está sendo convidada a prestar esclarecimentos no Palácio Barriga Verde. A investigação corre em segredo.
Ao ser questionado pelos jornalistas Marcelo Lula e Emanuel Soares, na Rádio Jovem Pan News de Florianópolis, o deputado relatou que o foco seriam pessoas que são ou foram ligadas ao partido MDB. Esse agente que não teve o nome revelado pelo deputado, passou pelo IMA através de indicação, órgãos ambientais de Florianópolis e agora está na Câmara de Vereadores. O MDB, até o momento, não se pronunciou. Na Câmara, uma reunião foi realizada para debater a situação.
“Estariam envolvidas pessoas da alta cúpula partidária de Santa Catarina com ramo na Prefeitura de Florianópolis. (…) Estamos trabalhando com informações que recebemos em segredo. Tudo está no inquérito. Me assusta o segredo de Justiça e isso é o indício da presença de pessoas com influência. (…) A informação é que uma pessoa passou pelo IMA, está na Câmara de Vereadores e nessa condição usa para alterar textos, legislação, abrir portas, facilitar processos. Espero que a delegada possa conversar conosco na semana que vem. (….) A pessoa passou pelo IMA através de influências próprias e de outras pessoas, além de órgãos ambientais da Capital”, comentou Naatz.
A expectativa era que essa investigação indiciasse agentes públicos por liberação de obras irregulares na Capital e a venda de licenças ambientais. A investigação começou após o bairro Ingleses ter uma explosão de obras irregulares. Um construtor, que chegou a ser preso em uma operação, chegou a fazer um acordo de delação que havia sido antecipado pelo site SC em Pauta. O requerimento foi aprovado na Alesc e foi enviado o convite à delegada, mas ela não é obrigada a ir, somente secretários de Estado.
“Existe influência política dentro da Polícia Civil. Os delegados foram afastados por estarem chegando muito próximos a pessoas de dentro do governo”, disse Naatz. As interferências políticas dentro da polícia foram o principal motivo para a saída do delegado Akira Sato, que havia assumido como delegado-geral de Santa Catarina.
O IMA diz ser apenas um órgão executivo e que atua dentro da legalidade. Em nota, disse que as acusações são infundadas.
(Jornal Conexão, 06/10/2021)
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