O Aterro da Baía Sul, em Florianópolis, virou motivo de preocupação para quem passa pelo local devido ao acúmulo de lixo, entulhos e pichações, além do sentimento de insegurança. Um grande espaço, com alto potencial turístico, o aterro parece esquecido pela administração pública há anos. Confira mais informações na reportagem do Balanço Geral Florianópolis.
O arquiteto urbanista Bernardo Brasil relembrou a história do Aterro da Baía Sul. Segundo ele, com o tempo, alguns edifícios começaram a aparecer na região, desvirtuando a ideia inicial para o espaço e rompendo a relação entre o mar e a cidade: “Ela teve uma quebra ali no meio e isso foi sendo abandonado desde aquela época até a década de 1970, quando teve um concurso de arquitetura”.
Já faz 50 anos desde que o primeiro projeto para o Aterro da Baía Sul foi apresentado. Na época, a ideia era fornecer infraestrutura hidráulica adequada para a colocação das duas pontes e também criar um grande parque no local. No entanto, mesmo depois de tanto tempo, a população reclama que nada muda e a região continua abandonada esperando por uma revitalização.
De fato, com o tempo, outros projetos de revitalização foram criados, mas sem nenhuma execução prática. A cidade foi se afastando do mar e usos secundários foram atribuídos ao espaço do aterro, como a construção de estacionamentos, do terminal urbano e também do centro de eventos.
“O próprio projeto dos calçamentos, do paisagismo, também nunca foi entregue totalmente à população. Então, o que faltou naquele primeiro projeto, eu imagino, foi justamente as pessoas usarem o espaço. Faltou humanizar o espaço. Como ficou um projeto inacabado, as pessoas acabaram não usando. Então, ao invés de encher de pessoas, ele ficou um projeto esvaziado”, avaliou o arquiteto.
Mesmo sem definições previstas para o curto prazo, a Prefeitura afirma que pretende recuperar o local de forma escalonada. Ou seja, integrada com um grande projeto de melhorias no Centro da Capital. Para isso, além das obras já concluídas do Largo da Alfândega, estão previstos trabalhos na parte Leste da região e também a concessão do Centrosul.
Segundo o secretário de Mobilidade e Planejamento de Florianópolis, Michel Mittmann, “com a nova concessão, a gente quer criar os elementos para conectar tanto o setor leste quanto o Largo da Alfândega, criar os primeiros elementos de conexão mais eficientes e mais humanizados para começar a gerar atratibilidade e conexão entre esses dois lugares”.
Além disso, o secretário lembrou que o processo de concessão dos terminais de ônibus está chegando ao fim e a área deve ser estudada para uma possível retirada do estacionamento dos coletivos.
“A gente também está pegando isso e colocando essa variável na conta, para que a nova estratégia de concessão também observe essas áreas de estacionamento de ônibus e observe como isso interage ao longo do tempo num processo evolutivo de liberação da área e transformação da área para a ocupação mais humanizada”, contou Mittmann.
Já a coordenadora do movimento Floripa Sustentável, Zena Becker, afirma que a falta de consenso entre os poderes pode explicar a demora da revitalização. Ela também sugere que a parceria entre entidades públicas e privadas, pode resolver o problema.
“Nós não temos dúvida nenhuma de que tem que ser a iniciativa privada que tome esses projetos ou que defina esses projetos junto com o poder público para que realmente aquilo ali saia desse abandono absurdo que vem acontecendo”, afirmou Zena.
Para a Prefeitura, um resultado imediato é quase impossível, porque a revitalização do local dependeria de uma série de fatores a serem pensados a médio e longo prazo. Segundo o secretário de Mobilidade e Planejamento, está na hora de estudar a fundo uma ideia e executá-la com efetividade.
“Sempre se pensou em grandes projetos e nenhum foi levado a cabo. Então, a gente pensa numa ideia ao longo do futuro, mas já quer dar passos consistentes agora, no médio prazo e no curto prazo. Com isso, a gente cria as principais variáveis para implementar um projeto de longo prazo sem que o que for colocado hoje se perca. A gente vai aderindo, vai criando e vai ocupando o lugar”, afirmou o secretário.
(Balanço Geral, 31/08/2021)
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