Vitória da burocracia

Ao longo dos tempos, Florianópolis ganhou a fama de ser a “cidade do não pode”, tamanha a dificuldade que o empreendedor encontra para implantar ou construir um negócio na capital catarinense. Quem não pode esperar pelo trâmite burocrático, acaba desistindo. Diversos casos estão vivos na memória dos florianopolitanos.

O mais recente, divulgado na edição de ontem do jornal ND, é a desistência do Beiramar Shopping de construir uma praça em área pública de 2.000 metros quadrados, em local nobre da cidade, na esquina das avenidas Beira-Mar Norte e Mauro Ramos, que havia adotado junto à prefeitura em outubro de 2019.

Com o projeto arquitetônico pronto, o shopping conseguiu aprovar, em maio deste ano, o projeto de estudo arqueológico da área junto ao Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).

Em junho, a construção foi suspensa pela Justiça, a pedido do MPF (Ministério Público Federal), que sustenta ter evidências suficientes da existência de um sítio arqueológico no terreno e no entorno. Sob pena de prejuízo a outros novos projetos, o shopping comunicou a desistência à prefeitura. E a cidade pode perder a oportunidade de ter mais uma praça, um espaço de convivência e lazer.

Infelizmente, é mais uma vitória da burocracia. Triunfo do MPF que não quer ver a cidade de amanhã, a cidade do futuro, com benefícios e bem-estar aos seus moradores. Com uma canetada, os burocratas de plantão puxam para trás. Pisam no freio do desenvolvimento.

Todos sabem, principalmente no setor público, que as coisas não caminham na velocidade que desejamos. Isso vale para obras e também para dar seguimento a qualquer projeto ou processo que tramita numa série de órgãos e secretarias.

É uma cultura criada no país há décadas e que está entranhada nas repartições públicas e nos seus servidores. Precisamos avançar, deixar os trâmites que são desnecessários para trás. É preciso um basta, deixar o atraso no passado. Precisamos livrar o Brasil da burocracia.

(GRUPO ND, 06/08/2021)