Segundo o oceanógrafo Gabriel Gomes, o processo de erosão que ocorre na região é natural, mas está em desequilíbrio principalmente por conta das construções sobre as dunas. Esse ecossistema que possui vegetação de restinga tem como função fazer uma barreira para o mar não avançar.
Vital para o equilíbrio da praia, o chamado “balanço sedimentar” iguala a quantidade de areia que perde para o mar e ganha durante as marés. No entanto, de acordo com pesquisador que escreveu uma dissertação sobre o tema durante o mestrado na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), ao longo dos anos as construções dificultam esse processo. As edificações tiveram início na década de 1960 e aumentaram a partir dos anos 1980. Conforme o oceanógrafo, a região que antes tinha uma tendência de estabilidade no processo de erosão, e até pontos de aumento da faixa de areia, foi perdendo espaço para o mar.
– A partir da década de 1980, com a ocupação mais em massa da Planície do Campeche, com a melhoria da infraestrutura da (Avenida) Pequeno Príncipe, chegada de luz e etc, a gente começa a ter essa ocupação das dunas. E o que a gente percebe hoje, pelos resultados obtidos, é que a região está agora em déficit, agora a região é massivamente erosiva – explica o especialista.
Para a professora do Departamento de Geociências da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), as águas vão avançar com cada vez mais força sobre as praias. Segundo a oceanógrafa, isso ocorre por conta das alterações do clima em curso que deixam ainda mais vulneráveis as áreas costeiras. Consequentemente, as populações que moram nessas regiões também serão prejudicadas:
– A gente está tendo ventos mais intensos que aumentam a maré e as ondas ficam mais altas e energéticas. Então, elas têm um poder maior de erosão nas praias – afirma.
Segundo Gomes e a professora Regina, nas próximas semanas a tendência é de que o mar diminua a potência. Assim, parte dos sedimentos que foram retirados da praia durante o processo de ressaca voltarão para a praia. No entanto, a erosão da região tende a continuar.
Para a cientista da UFSC e integrante do Painel Intergovernamental de Mudanças Climática das Nações Unidas (IPCC), a solução para o problema é o investimento em estudos para entender a gravidade da erosão na região.
– A minha opinião é de que teria que ser investido um pouco mais em pesquisa, porque depende da praia. Tem região e cidade que talvez dê para fazer algumas medidas e deixar a população ali, mas tem lugares em que a melhor saída é tirar a população. Mas tem que investir. (…) A gente teria que fazer estudos bem detalhados, projeções boas de aumento do nível do mar, aumento desses eventos extremos para definir as medidas – aponta ela.
Conforme a Defesa Civil, por enquanto não há estudos específicos que envolvem o problema da erosão no bairro.
(NSC Total, 29/06/2021)
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