Da Coluna de Ânderson Silva (NSC, 16/11/2020)
A nova composição da Câmara de Vereadores de Florianópolis rende múltiplas análises. Desde a ausência de partidos importantes como o PP e MDB, passando pela saída de nomes com força na atual legislatura para a entrada de novos eleitos, até a forte presença feminina – uma das melhores notícias da eleição municipal na Capital. Das 23 cadeiras, 11 serão ocupadas por quem não faz parte da atual legislatura, uma renovação importante.
As cinco mulheres
No mandato de 2017-2020, a Câmara tem somente uma mulher: Maria da Graça (DEM). Com a forte nominata do partido para a disputa de 2020, ela não se reelegeu. Contudo, a proteção dos animais, que era a principal causa de Maria da Graça, agora terá como representante Pri Fernandes (Podemos). Ela concorreu no domingo como a palavra “Adote” ao lado do nome na urna. Em 2018, Pri tinha sido candidata a deputada estadual pelo PSB.
A mulher mais votada foi Manu Vieira, do NOVO. Ela será a única representante do partido na Câmara da Capital. Nos bastidores, Manu era apontada como a favorita a conseguir uma das 23 cadeiras. Pelo PL, Maryanne Mattos foi eleita. Agente da Guarda Municipal de Florianópolis, ela foi chefe da corporação no começo da gestão Gean Loureiro, mas aos poucos se afastou do prefeito agora reeleito.
Já a esquerda fez dois nomes de mulheres. Pelo PT, Carla Ayres levou a única vaga do partido na Câmara. Ela substitui Lino Peres, que concorreu a vice na chapa de Elson Pereira (PSOL). Carla é defensora das bandeiras LGBT e feminista. A outra vereadora da esquerda na Capital vai ser Cintia e o Coletiva Bem Viver. São cinco mulheres em uma proposta de mandato dividido, uma outra novidade para Florianópolis.
Independentemente das ideologias ou do que defende a bancada feminina, esta é a notícia mais representativa para a Capital pelos próximos quatro anos. A tendência é de que as cinco contribuam bastante para os debates sobre a cidade.
O mais votado
Marquito, do PSOL, ocupou o lugar de mais votado para vereador que em 2016 foi de Pedrão. Ambos, inclusive, têm uma linha de atuação semelhante, com olhar para o público jovem e o meio ambiente. Na eleição de quatro anos, Marquito fez 5.448 votos, enquanto na de 2020 ficou com 5.858. No segundo lugar ficou Josimar Mamá (DEM), ex-intendente da Tapera.
Quem ficou de fora
O DEM, partido de Gean Loureiro, tinha a nominata mais “pesada” para a disputa de uma vaga na Câmara. Nos bastidores trabalhava-se com a possibilidade de a sigla levar cinco cadeiras, mas foram quatro. Com isso, nomes da atual legislatura e considerados de peso ficaram de fora. Miltinho Barcelos (DEM), atual vereador, é o primeiro suplente. Roseli Pereira (DEM), ex-presidente da Fundação Franklin Cascaes, e Thiago Chaves (DEM), ex-superintendente de Desenvolvimento Econômico, vêm logo em seguida.
O atual presidente da Câmara, Fabio Braga (PSD), foi outra que ficou de fora. Ele entrou em 2016 pelo PTB, mas no PSD ficou atrás de Roberto Katumi (PSD) e Diácono Ricardo (PSD). Marcelo da Intendência (Republicanos), Erádio (Podemos), Rafael Daux (PP), Lela (PDT) e Edinho Lemos (PSDB) também não entraram.
Sem PP e MDB
De maior bancada a nenhum vereador. Este é o quadro do MDB em Florianópolis. O partido em 2016 fez quatro cadeiras. Celso Sandrini, o único vereador que continuava na Câmara entre os emedebistas, decidiu não concorrer. Os demais mudaram de partido.
O PP teve um cenário parecido. Outro partido tradicional em Santa Catarina, ficou sem vagas no Legislativo. Pedrão e Marcelo da Intendência migraram para outras siglas, enquanto Rafael Daux, que filiou-se recentemente, foi o mais votado no partido neste domingo porque a sigla não conseguiu atingir o quociente eleitoral mesmo com Angela Amin concorrendo na majoritária.
Os reeleitos
Ficaram na Câmara para 2021-2024 Gabrielzinho (Podemos), Ed Pereira (PSDB), Roberto Katumi (PSD), Claudinei Marques (Republicanos), Afrânio Boppré (PSOL), Dinho (DEM), Gui Pereira (PSC), Dalmo (DEM), Renato da Farmácia (PSDB), João Luiz da Bega (PSC) e Maikon Costa (PL). Destes, chama a atenção que Katumi, presidente da Casa em 2019, ficou imune às turbulências no comando do Legislativo.
Os demais novatos
Além dos demais citados acima, há cinco novos parlamentares eleitos. João Cobalchini (DEM), filho do deputado estadual Valdir Cobalchini (MDB), é um deles. João do Bericó (PSL) será o único vereador do partido do governador afastado Carlos Moisés da Silva. Ele é presidente da Associação de Moradores do Rio Vermelho (AMORV), no Norte da Ilha. Já Gilberto Pinheiro (Podemos), conhecido como Gemada, vem do outro lado da cidade, e é morador do Sul da Ilha. Por fim, Adrianinho, do Republicanos, foi intendente dos Ingleses.
De olho em 2021
Terminada a eleição, começa agora o desenho do mandato que começa em 2021. E, nos bastidores, um nome desponta como candidato à presidência. Gabrielzinho (Podemos), o terceiro mais votado neste domingo (15). Há ainda que se levar em conta eventuais nomeações de vereadores para cargos no Executivo. Gean tinha parlamentares no seu governo até a metade do ano. Ed Pereira (PSDB), um dos reeleitos, era secretário de Cultura e Esporte, por exemplo.
O cenário político
Dos 23 vereadores leitos, 12 são de partidos aliados a Gean Loureiro, o que já lhe dá maioria na Câmara. Mas não entram na conta, por enquanto, os parlamentares do PSDB, que foi vice de Angela Amin (Progressistas). A tendência é que Renato da Farmácia e Ed Pereira, ambos tucanos, façam parte pelo menos informalmente da base do governo na Câmara, como já ocorre.
Nos primeiros quatro anos, Gean teve o Legislativo nas mãos. Passou o que queria e barrou aquilo que o desfavorecia. Parlamentares da oposição o criticavam por interferir na Câmara com frequência. Contudo, se foi interferência ou não, o prefeito agora reeleito governou sem percalços políticos também pela segurança que tinha entre os vereadores.
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