Da Coluna de Fabio Gadotti (ND, 11/11/2020)
Uma carta aberta a governadora interina Daniela Reinehr está sendo divulgada pelo Conselho Estadual de Turismo. Pede um basta do governo estadual pelo tratamento que vem dispensando as empresas e instituições que atuam no turismo de Santa Catarina. Até agora não tiveram qualquer diálogo com o governo catarinense durante estes oito meses de pandemia.
O texto foi aprovado em reunião plenária com a participação de todos os órgãos ligados ao turismo no Estado.
A carta aponta insensibilidade e falta de critérios da Secretaria Estadual da Saúde na fixação de regras que impedem várias atividades econômicas.
E culpa autoridades que se ligam na campanha eleitoral e se esqueceram de priorizar o combate a pandemia, sem prejudicar drasticamente a atividade econômica.
A íntegra da Carta Aberta é a seguinte:
“O Conselho Estadual de Turismo, por meio de suas entidades e Instâncias de Governança (IGRs), quer um basta no tratamento dispensado ao turismo catarinense por algumas autoridades que comandam o Governo Estadual e prefeituras municipais. Nossas empresas estão massacradas e sendo dizimadas pelas medidas impostas durante a pandemia da Covid-19, principalmente pela dificuldade no diálogo e pela falta de conhecimento técnico das autoridades da área da saúde, que desconhecem tecnicamente o segmento.
Todas estão à margem do restante da economia catarinense, mesmo compondo um dos setores que mais contribuiu para o Governo Estadual na construção dos protocolos de segurança, embasadas tecnicamente nas melhores práticas internacionais de prevenção ao vírus e convivência com a pandemia. Mesmo assim, as mesmas têm aguardado, disciplinadamente, pela promulgação dos decretos estaduais e cumprido todas as exigências do poder público. Em que pese a disposição e o esforço da Santur, as ações não encontram eco no restante do Governo Estadual.
O setor de eventos, feiras, congressos e afins está completamente impedidos de atuar há oito meses, enquanto bares, restaurantes, hotéis e empresas de transporte turístico, entre outros, ainda amargam restrições sem qualquer fundamento técnico. Um exemplo, como comparativo de tais inconsistências: a aviação civil opera com aeronaves lotadas, bem como o transporte coletivo de passageiros, como se o coronavírus escolhesse a quem contaminar.
Os eventos ainda estão proibidos, mas, enquanto isso, uma formatura da Polícia Rodoviária Federal, realizada na última semana, reuniu mais de 1,6 mil pessoas no momento em que Florianópolis está classificada com risco gravíssimo para a doença (bandeira vermelha). E, no mesmo local, presentes todos os chefes dos poderes fiscalizatórios, descumprindo os próprios decretos estaduais e municipais.
Esta carta, aprovada por unanimidade em reunião plenária, reforça a necessidade imediata das liberações, pois não é mais possível aceitar novas imposições sem sentido. O agravamento da pandemia é decorrente da omissão em função do período eleitoral – os Executivos não fizeram seus ‘deveres de casa’ na área de saúde, preferindo a política às ações práticas. O setor ainda enfrenta a concorrência desleal por aqueles que não cumprem os protocolos, amparados pelo governo, já que as fiscalizações, quando existem, raramente miram aqueles que os ignoram.
Diante do exposto, o Conselho Estadual de Turismo necessita com urgência de uma audiência com a Governadora Daniela Reinehr, bem como e inclusão do setor no Conselho Econômico do Executivo de Santa Catarina, como atividade produtiva e geradora de tributos.
O turismo catarinense precisa ser respeitado pela sua importância econômica e pelos milhares de empregos gerados em sua cadeia produtiva. Às vésperas da temporada de verão, o setor está agonizando e abandonado.
Florianópolis, 11 de novembro, 2020.”
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