Seu objetivo de “revitalizar e revisitar” o centro histórico de Florianópolis por meio da economia criativa tomou Bolonha como principal benchmarking. A cidade italiana abriga a primeira universidade do mundo e tem perfil semelhante à capital de Santa Catarina. Um quarto dos 390 mil bolonheses são estudantes, o que tem direcionado as vocações econômicas para a indústria da inovação. Gastronomia e cultura são outras marcas da cidade.
Depois de visitas de intercâmbio e diversas ações de inclusão social, o projeto se encerrou no final de 2019, mas o conhecimento acumulado está servindo de suporte ao Distrito 48. “O fortalecimento da cultura é um dos pontos centrais das mudanças”, assinala o coordenador do Logo, Luiz Salomão Ribas Gomez, professor do Departamento de Design da UFSC. “Precisamos profissionalizar isso e construir modelos que possam apoiar ideias a se tornarem produtos culturais rentáveis”.
Na América Latina há outros exemplos que servem de inspiração para Florianópolis. Medellín, na Colômbia, já foi um dos lugares mais violentos do mundo, mas alcançou o título mundial Cidade do Ano em um concurso de 2013, depois de passar por um processo de revitalização e inclusão social que durou duas décadas. A cidade mudou apostando em políticas públicas focadas em educação, empreendedorismo e inovação. No Brasil, uma área degradada de Recife que passou por uma metamorfose é o Porto Digital, parque urbano de inovação instalado no centro histórico.
O pesquisador ressalta a importância da adoção de políticas públicas que evitem a gentrificação – fenômeno de transformação urbana que “expulsa” moradores de baixa renda dos bairros que se valorizam. Um caminho é incentivar o aluguel criativo, por meio da redução de taxas e impostos e pela adoção do “coliving”, tendência urbana de compartilhamento de espaços de convivência das habitações por comunidades. “É o que Bolonha fez”, conta. Conectividade também tem um papel fundamental na atração de pessoas para o centro histórico, acrescenta, pois o acesso a redes de wi-fi gratuito cria condições para trabalhar ao ar livre.
“A economia criativa é uma das principais vocações de Florianópolis hoje”, diz Diego Ramos, diretor da Vertical de Negócios Smart Cities da Associação Catarinense de Tecnologia (Acate). Criada em junho, ela reúne 20 empresas motivadas a encontrar soluções inovadoras para os desafios dos municípios. Ele conta que a nova Vertical tem um ‘cardápio’ de soluções digitais para levar mais velocidade e agilidade à gestão das cidades inteligentes, além de mais transparência e escala. “Tecnologias como computação em nuvem, internet das coisas, inteligência artificial e tratamento de dados para a tomada de decisão estão cada vez mais baratas e podem ajudar a resolver os problemas das cidades”, diz.
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