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Por que o setor produtivo não concorda com lockdown em todo o Estado

Da Coluna de Estela Benetti (NSC, 29/07/2020)

O avanço da pandemia em Santa Catarina é cada vez mais preocupante, já causou 1.002 mortes e tem gerado questionamentos constantes sobre a postura do governo do Estado e governos municipais sobre a lentidão na adoção de medidas para conter a propagação exponencial da doença. O procurador-geral do Ministério Público, Luiz Fernando Comin, alertou que assim não está dando certo.

O setor produtivo, por sua vez, mantém posição firme contra o lockdown geral. Defende medidas regionais, isolamento e tratamento dos doentes. A coluna questionou sobre o tema os líderes empresariais que participaram da divulgação da pesquisa do Sebrae-SC, Fiesc e Fecomércio nesta quarta-feira sobre os impactos da pandemia na economia do Estado. Confira as opiniões a seguir:

Mario Cezar Aguiar, presidente da Fiesc

– Eu acho que o Lockdown deve ser evitado ao máximo, deve ser adotado só nos casos extremos. A nossa filosofia é de que o mais importante é identificar os casos confirmados, fazer o isolamento dos mesmos e o tratamento. O simples lockdown não se mostrou uma medida inteligente e favorável. É importante manter a saúde das pessoas, mas também preservar a econômica. Para isso, é necessário que as empresas e a população sigam os protocolos, usem equipamentos de proteção individual e monitorem a saúde. Somos contrários ao lockdown da maneira como estava sendo proposto inicialmente.

José Eduardo Fiates, diretor de Inovação da Fiesc

– Fazendo uma analogia com o que diz o ministro Paulo Guedes, o crescimento econômico é como uma ave que tem duas asas. A economia não vai sobreviver forte se não controlar a pandemia, e a pandemia também mata a ave se não respeitar a economia. Esse processo precisa ser equilibrado. Mas é um fato, temos que tomar cuidado com o avanço da pandemia. Precisamos investir mais em protocolos de segurança, não necessariamente fazer lockdown. Muitas vezes a solução do lockdown parece simples, mas ela é simplista. A solução mais simples é entender cada caso e entender cada um, e atacar cada caso, com teste, procedimento, cuidados. Na maior parte dos casos, os mais humildes é que sofrem com o lockdown.

Carlos Henrique Ramos Fonseca, superintendente do Sebrae/SC

– O importante é que qualquer medida de lockdown seja regionalizada, para as áreas críticas do Estado. Para os grupos de risco pode-se adotar lockdown vertical. O pior problema para o empresário é a falta de previsibilidade. Como só vamos ter previsibilidade com a chegada da vacina, temos que controlar o aspecto da saúde para que essa retomada econômica seja sustentável. Se não tivermos um controle da pandemia, ela vai impactar na retomada.

Renato Barcellos, superintendente da Fecomércio-SC

– A gente entende que a preocupação com a saúde é primordial, mas fazendo um lockdown e colocando todas as atividades em risco, não sabemos qual será o efeito. Podemos ter um efeito rebote na economia muito maior do que aquele que a gente teve no início da pandemia. A gente entende que a fiscalização precisa ser intensificada, principalmente pensando em projeção do futuro. Temos uma temporada de verão se aproximando. Precisamos ter o máximo de segurança para passar isso ao turista para que ele possa vir visitar o Estado.

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