Da Coluna de Estela Benetti (NSC, 28/07/2020)
O mercado de trabalho catarinense começa mostrar leve melhora após mergulho com perda de 107.323 vagas formais nos três primeiros meses da pandemia. Em junho, o indicador voltou a ficar azul no Estado, com saldo positivo de 3.721 novos postos de trabalho, mostram os dados do Novo Caged, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério da Economia, divulgados nesta terça-feira. O Estado fechou o primeiro semestre com saldo negativo de 53.592 vagas formais.
Em Santa Catarina, no mês de junho, foram realizadas 59.980 admissões e 56.259 demissões. A indústria liderou o saldo com 1.760 novos postos de trabalho, seguida pelos serviços com 892, comércio 525, construção civil 462 e agropecuária 82. No semestre, o Estado fechou janeiro com 29.210 novas vagas, fevereiro teve mais 20.800, começou a sentir a crise em março com -7.553, o fundo do poço foi em abril com -76.263, em maio teve -23.507 e em junho voltou ao azul com 3.721. As cidades catarinenses que mais perderam emprego no semestre foram Florianópolis (-13.087), Joinville (-7.953), Balneário Camboriú (-5.431) e Blumenau (-3.440). Chapecó liderou, com mais 1.725 vagas.
O Caged revelou que o maior recuo no emprego em SC, no semestre, foi no comércio com (-24.892), seguido pelos serviços (-16.507), indústria (-12.859) e agronegócio (-242). O setor da construção fechou o período de janeiro a junho com 908 novos empregos em SC.
Movimento semelhante no semestre foi registrado no mercado de trabalho nacional. O país fechou junho com saldo negativo de -10.984 vagas e teve o pior resultado em abril, com -918.286. O saldo do semestre ficou em – 1.198.363 de empregos formais.
Considerada a terra do emprego por ter a menor taxa de desemprego do país, o desempenho catarinense em junho foi o quinto melhor do país. Mato Grosso liderou com saldo de novos 6.790 postos de trabalho, seguido pelo Pará, com 4.550. Rio de Janeiro teve o pior resultado (-16.801) e São Paulo (-13.299) o segundo pior.
O mapa nacional do emprego mostra ainda forte impacto da pandemia na economia e, como São Paulo e Rio apresentam cenário mais difícil, significa que os mercados desses dois Estados, que são os principais destinos de produtos industriais catarinenses, continuarão com desempenho fraco. Além da indústria, isso afeta também os serviços de transporte de SC.
Além disso, o Estado está no meio da pior fase da pandemia, com situação de risco gravíssimo em diversas regiões. Isso pode levar à adoção de isolamento social ainda maior, como está cobrando o Ministério Público do Estado (MPSC), o que causará nova retração econômica. O comércio do Estado já sente recuo de vendas em função do aumento de casos do novo coronavírus.
Para o governador Carlos Moisés, o resultado positivo de SC no emprego é mais um dado que mostra a efetividade das medidas adotadas pelo Estado desde o início da pandemia. Por meio de matéria da assessoria, Moisés afirmou também que o governo sempre teve a preservação da vida como prioridade e isso acaba por impactar positivamente também na economia. Apesar da situação crítica da doença no Estado, ele reafirmou que SC segue com a menor taxa de letalidade por Covid-19 do Brasil.
— Os dados do CAGED estão alinhados com outros indicadores, como o de confiança do empresário industrial. A indústria catarinense sempre demonstrou resiliência em momentos de dificuldade, com uma forte capacidade de ação de seus empreendedores, pelo seu perfil inovador e pela diversidade do parque fabril – afirmou o presidente da Fiesc, Mario Cezar de Aguiar.
Conforme o industrial, para acelerar a tendência de reversão, é necessário realizar investimentos em infraestrutura, políticas de estímulo à reindustrialização e ao fortalecimento da indústria local, além da atração de capital e desenvolvimento de um pacto social e institucional. Segundo ele, a Fiesc elaborou o programa Travessia, como proposta para a reinvenção da economia do Estado após a pandemia.
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