Retomada do turismo é com visitante local e regional

Da Coluna de Estela Benetti (NSC, 16/06/2020)

Um dos setores mais importantes da economia catarinense, que antes da crise do novo coronavírus respondia por mais de 12% do Produto Interno Bruto (PIB) estadual, está retomando gradualmente atividades. Essa volta vai acontecer principalmente com os turistas locais e regionais, que vão se deslocar de carro. Para minimizar riscos aos visitantes, é importante que o setor adote medidas preventivas globais frente à Covid-19, recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e estejam abertos também ao turista de fora.

A retomada dessa forma, sem fechar portas aos turistas que vêm de longe e até do exterior, foi defendida pela presidente do Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC), Gloria Guevara, e pelo vice-presidente do Expedia Group, Jean-Phillippe de Foideville, durante o evento virtual São Paulo Pra Todos na tarde desta terça-feira. A iniciativa foi da Secretaria de Turismo do Estado de São Paulo, com mediação do secretário da pasta, Vinícius Lummertz, ex-ministro do Turismo, que aproveitou para informar que São Paulo está interessado em atrair investimentos estrangeiros em parques temáticos.

O setor turístico, antes da pandemia, representava mais de 10% do PIB global e viu suas receitas despencaram. Segundo Jean-Phillippe de Foideville, vice-presidente da americana Expedia, maior empresa virtual de turismo do mundo, dona da Trivago e outros negócios, a receita da companhia caiu de 85% a 90% com a chegada do isolamento motivado pelo coronavírus.

Agora, nessa retomada do setor, a Europa pode avançar de forma mais consistente do que as Américas porque é forte no turismo local e regional. Na Alemanha, por exemplo, 80% é turismo local, enquanto nas Américas é 67%. Isso significa que o brasileiro de alta renda gosta de ir para o exterior. A Espanha, por sua vez, é ponto fora da curva, com 50% de turistas estrangeiros.

Para o Brasil, os especialistas defenderam, além da ênfase ao turismo local, a abertura gradual ao visitante do exterior. Eles também aconselharam mais investimentos ao setor com foco em todo o país, especialmente em infraestrutura rodoviária. Segundo Gloria Guevara, o país tem potencial para ser um dos cinco maiores polos turísticos do mundo porque tem natureza, gastronomia, cultura e hospitalidade diferenciadas.

Considerando o melhor rumo que o setor tem a seguir enquanto a pandemia continua, em Santa Catarina a estratégia do trade turístico deve ser aproveitar essa fase para convidar as pessoas a viajarem localmente. Isso fortalece a economia e permite aos visitantes conhecer atrações muitas vezes mais encantadoras do que as do exterior.

O governo catarinense, por meio da Santur, informa que está finalizando projetos com o objetivo de fortalecer o turismo estadual. A propósito, um exemplo de que investir em divulgação de atrações turísticas dá resultado é São Paulo, que fez várias campanhas em 2019 e alcançou o maior crescimento do setor, no país, durante o período, uma alta de 5,1%, segundo dados do IBGE. SC não fez boa divulgação e fechou o ano com queda de 2,3% segundo a mesma pesquisa.